Boletim Letras 360º #161
Estas foram as notícias sobre o universo de interesse do blog que circularam durante esta semana na página do Letras in.verso e re.verso no Facebook (você já nos segue?)
Viva, mais um First Folio foi encontrado! Mais detalhes sobre essa descoberta o longo deste boletim. |
Segunda-feira,
04/04
>>> Suécia: Morreu Lars
Gustafsson
Escritor,
poeta, editor,filósofo, professor, tradutor e um grande dramaturgo; o sueco
Lars Gustafsson, que chegou a ser um dos favoritos ao prêmio Nobel de
Literatura, nasceu em Västerås em 1936. Publicou seu primeiro romance aos vinte
e um anos. Foi durante a década de 1970 um dos mais ferozes críticos ao
pensamento socialista de seu país. Viveu e trabalhou em Alemanha e Estados
Unidos, durante o período em que se dedicou à carreira acadêmica, isso logo
quando defendeu seu doutorado em 1978. Reconhecido internacionalmente recebeu
prêmios como o John Simon Guggenheim Memorial Foundation Fellowship de poesia
(1994), a Medalha Goethe (2009), o prêmio Thomas Mann (2015), e o Nonino
(2016). No Brasil, publicou livros como A morte de um apicultor, A amante colombiana e Sigismundo das memórias de um Príncipe
Barroco.
>>> Itália: Umberto Eco, nenhuma
homenagem por pelo menos dez anos
Esse foi o
pedido do escritor, semiólogo e filósofo italiano antes da sua morte. O
comunicado feito pela companheira Renate à diretora da Escola Superior de
Estudos Humanísticos da Universidade de Bolonha, Maria Patricia Violi, pegou
todos de surpresa. A instituição criada pelo escritor italiano com o objetivo
de difundir a cultura entre os pesquisadores com alto nível de conhecimentos
trabalhava já num convênio internacional sobre a obra de Eco que seria
realizado no ano que vem e o reitor da universidade, Francesco Ubertini, tinha
anunciado após a morte de Eco que abriria o novo ano letivo com dedicação à
memória do escritor. Todos já não têm dúvida que o melhor é respeitar a vontade
do mestre. Eco quis evitar uma sequência de ações no momento e convidar a uma
reflexão de longo prazo, ponderada.
Terça-feira,
05/04
>>> Brasil: Livro de
contos de Margaret Atwood ganha edição por aqui
O ovo
do Barba-azul é o décimo sétimo livro que a Editora Rocco publica no Brasil;
editada no Canadá em 1987, a obra reúne contos que fazem uma crítica mordaz aos
relacionamentos entre as pessoas, de como eles estão cheios de sentimentos de
angústia e alienação. O humor neles é quase triste e leva, algumas vezes, a um
sorriso de canto de boca, enquanto se pensa que Sally, a personagem do
conto-título do livro, pode estar certa: relacionamentos e pessoas são
parecidos com ovos. Pequenos e frágeis, eles não dão trabalho enquanto não são
rompidos. Uma vez rachados, porém, são capazes de causar toda sorte de
sentimentos. A tradução é de Carlos Ramires.
>>> Portugal: Novo livro
de Lídia Jorge
O amor
em Lobito Bay trata-se de uma antologia com nove contos; todos têm,
dentre os vários elementos em comum, o fato de a ação decorrer num espaço
longínquo, a narrativa desenvolver-se em torno de uma revelação demolidora, a
memória funcionar como uma catarse que o tempo se encarrega de prolongar de
modo a não poder ser esquecida. São contos de persistência, memória de
momentos, breves momentos de relâmpago, durante os quais a luz ilumina demais,
e algo se esclarece para sempre, ainda que a sombra nunca se esgote. É sob essa
luz transfiguradora que as crianças expõem os limites da sua inocência, jovens
lutam contra a desordem do mundo para além do improvável, mulheres e homens
perto da velhice recriam sonhos audazes, poetas descobrem, a meio da noite, os
limites frágeis da humanidade. São contos sobre a marcha humana que não pára de
reiniciar continuamente os seus primeiros passos.
Quarta-feira,
06/04
>>> Portugal: A exposição
"Obrigatório Não Ver", combinada com Ana Hatherly antes da poeta
morrer revela obras inéditas
Em 2015, o
Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) tinha planos de realizar uma exposição
pensada desde o ano anterior quando se passaram os 40 anos do 25 de Abril. O
tema central, portanto, seria a Revolução dos Cravos e o período
pós-revolucionário português; mas, só agora pode ser realizada e o tema
tornou-se um dos núcleos centrais de uma exposição que é já uma homenagem
para Ana. São 43 obras do seu trabalho poético e visual desde o início da
carreira, nos anos 1960, até ao século XXI; entre elas, peças inéditas, como
alguns desenhos em grafite e pinturas em cartão do Arquivo de Poesia
Experimental de Fernando Aguiar (APEFA) e das coleções da Fundação Calouste
Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Aberto
na próxima sexta-feira, 7 de abril, pelas 18h, a exposição estará no CAPC até o
dia 30. A iniciativa conta ainda com cinco debates em torno da obra da artista
que faleceu em Lisboa no dia 5 de agosto de 2015.
>>> Espanha: A melhor
coleção sobre Miguel de Cervantes está online
A Biblioteca
Nacional de Espanha (BNE), motivada pelo quarto centenário da morte do
escritor, tem elaborado a página «Cervantes en la BNE». A coleção apresenta a
digitalização da produção literária completa do autor de Dom
Quixote e uma visita à sua biografia desde quando se instalou em Alcalá
de Henares, em 1953, até sua morte em Madri, em 1616. «Cervantes en la BNE»
também inclui em seu catálogo virtual uma variedade de arquivos audiovisuais,
como imagens, jornais, registros sonoros e o único autógrafo de Cervantes. Esta
coleção é considerada a melhor do mundo e ganha agora espaço online. Basta
acessar aqui.
Quinta-feira,
07/04
>>> Escócia: Encontrado
um novo exemplar do First Folio de William Shakespeare
A descoberta
surpreendeu todos os especialistas e estudiosos da obra do autor. O livro
estava na biblioteca que Isaac Reed tinha em Mount Stuart House, na ilha
escocesa de Bute, onde viveu no último século. Emma Smith, professora de
Estudos Shakesperianos e uma das mais importantes pesquisadoras na obra do
bardo inglês, confirmou a autenticidade da descoberta. Reed foi um importante
editor da época em que trabalhou em Londres no século XVIII. Numa carta que ele
mesmo escreveu, explica que adquiriu o volume em 1786 e tudo parece indicar que
seus herdeiros repassaram em 1807, depois de sua morte, a um tal de 'JW'.
Publicado em 1623, o First Folio recolhe 36 das 38 obras de teatro mais
importantes do escritor. Sem ele, nunca haveria chegado até nós textos como
"Macbeth" o "A tempestade". Sua primeira edição saiu sete
anos depois da morte de William Shakespeare, que neste 2016 cumpre 400 anos, e
foram dois atores daquela época, John Heminge y Henry Condell, quem o
publicaram. Desde então, o número de cópias se multiplicou e estima que haja
mais de 700 espalhas pelo mundo. Até agora só haviam encontrado 234 deles; só
há dois anos, por exemplo, se descobriu o que era até agora o último First
Folio - esteva no norte da França,na biblioteca de Saint-Omer durante cem de
anos.
>>> Brasil: Primeiro
livro de Orígenes Lessa, O escritor proibido, ganha reedição
Sai pela Global
Editora. A antologia de contos que rendem histórias surpreendentes,
irônicas e bem-humoradas data de 1929. O ponto de partida para as histórias é o
de um autor imoral, de livros indecentes, que se revela um tímido ao ser
abordado por uma garota mais atirada, ou um aprendiz de repórter, num jornal
suburbano, humilhado por colegas, que fez carreira brilhante longe da redação
que o desprezou. A edição reúne dois importantes textos da fortuna crítica
do autor, ambos inéditos em livro até o momento: o primeiro deles é a resenha
profética de recepção de O escritor proibido, assinada por Medeiros
e Albuquerque no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, em 1929, e
o segundo, a íntegra da nota crítica publicada no mesmo ano pelo Jornal
do Brasil, de João Ribeiro.
Sexta-feira,
08/04
>>> Espanha: Escritores
latino-americanos criaram "Zenda", um espaço na internet que pretende
ser um ponto de encontro, com artigos, resenhas, notícias e entrevistas
Conta com a
participação dos espanhóis Javier Marías , Arturo Pérez-Reverte, Luis
Mateo Díez, José María Merino e Almudena Grandes, dos mexicanos Élmer Mendoza e
Xavier Velasco, do argentino Jorge Fernández Díaz e da porto-riquenha Mayra
Santos-Febres, entre outros. Trata-se, afirma Pérez-Reverte, de "um
lugar livre onde eles podem se encontrar, um espaço feito por escritores em que
se fará tudo - resenhas, entrevistas, críticas literárias, notícias e
debates". O espaço é dirigido pelo jornalista Leandro Pérez Miguel e e
surgiu "há uns seis meses" em conversas de Pérez-Reverte com Marías,
Merino, Mateo Díez, Almudena Grandes e Lucas, entre outros, conscientes de que
os suplementos literários estão perdendo seus leitores: "O futuro está na internet
e nas redes sociais". O nome do site é inspirado no romance O
Prisioneiro de Zenda, do britânico Anthony Hoppe Hawkins. Tudo pode lido
gratuitamente aqui.
>>> Brasil: Um novo selo
para clássicos da literatura brasileira e estrangeira
A iniciativa
é da Editora Vozes. "Vozes de Bolso – Literatura" dedica-se aos
clássicos da literatura brasileira e estrangeira e trata-se de uma coleção
pensada pelo professor Leandro Garcia Rodrigues, que fez o trabalho de retomar
as primeiras edições de cada obra, cotejá-las com outras edições e, assim,
eliminar eventuais erros que acabaram se repetindo nas mais diversas edições
modernas. No final de cada livro, há um breve texto falando de como foi feito o
estabelecimento daquela edição. Além disso, em algumas obras foram incluídos
textos que enriquecerão a leitura crítica do livro, como a crônica que Machado
de Assis escreveu sobre Iracema, por exemplo. O livro de José de
Alencar e Dom Casmurro e O alienista, de Machado, mais Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeira, Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto formam os títulos
de estreia do selo.
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