Boletim Letras 360º #158
A guerra vista por quem estava no front: diários de George Orwell de quando esteve na Guerra Civil em Espanha estão online. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Chamaríamos a semana que agora finda de semana das raridades; quem visitou as postagens diárias aqui no blog cruzou com um texto que aponta para isso e quem nos acompanhou em nosso Facebook cruzou com uma diversidade de novidades do tipo. Os leitores têm a chance de rever uma a uma agora - é por isso que existe este boletim.
Segunda-feira,
14/03
>>> Brasil: Até então inédita por aqui, obra de Kent Haruf ganhará sua primeira tradução
Pela Editora
Rádio Londres, editora cujo interesse tem sido o de revelar aos brasileiros
grandes autores internacionais. Kent Haruf é estadunidense e morreu em 2014;
foi indicado aos prêmios National Book Award e Folio Prize, mas nunca foi
traduzido no Brasil. A editora comprou os direitos de Plainsong (1999), o título que o levou aos finalistas do National Book e
Eventide (2004). Ainda não há previsão de quando serão publicadas
as obras.
>>> Estados Unidos: Dormir no quarto
de Van Gogh
São pelo
menos três versões pintadas - fora os rascunhos e desenhos - de "O quarto
em Arles", lugar onde Van Gogh residiu no sul da França. Agora, é
apresentada uma nova versão: a recriação do lugar tal e qual ele
pintou com uma única mudança - ao invés de uma cama de solteiro, uma cama de
casal. A ideia faz parte exposição “Os Quartos de Van Gogh”, do Instituto de
Arte de Chicago; o quarto foi montado em um apartamento em North River, e pode
ser alugado através do site Airbnb - se conseguir vaga. A procura tem sido
massiva. questão é que entramos lá para ver quando há vaga e só encontramos
disponibilidade para fevereiro de 2019. Mas isso foi há algumas horas atrás.
Terça-feira,
15/03
>>> Brasil: O diário de
Dostoiévski
Diário
de um escritor, com tradução de Moissei e Daniela Mountian sai pela
editora Hedra. A coletânea, que sairá em quatro tomos (o primeiro agora em
março), reúne mais de mil páginas de ensaios, crônicas e contos produzidos pelo
autor entre 1873 e 1881, ano de sua morte. Originalmente, Diário foi
o título de uma coluna assinada por Dostoiévski na revista de política e
literatura O cidadão, e que, a partir de 1876, passou a ser
publicada como uma nova revista. Nas páginas da nova coletânea, é possível
entender como, com a atividade de jornalista e polemista, e não como escritor,
Dostoiévski conquistou notoriedade.
Quarta-feira,
16/03
>>> Estados Unidos: Encontrada
carta escrita por Walt Whitman de quando esteve na guerra
A carta está
assinada por Robert N. Jabo, soldado do 8.º de Infantaria de New Hampshire, e é
dirigida à sua “querida mulher”. Mas quem a escreve em seu nome é Walt Whitman.
Jabo está internado no Hospital de Harewood, em Washington, em 1866, com
tuberculose. A guerra já acabou há meses e quando Whitman redige esta carta
resta menos de um ano de vida ao soldado que, através dela, se despede da família
– a mulher, Adeline, e os seis filhos. A missa encerra com duas linhas que
deram o pontapé para um estudo mais aprofundado do material: “Escrita por Walt
Whitman, um amigo.”; a bibliotecária Catherine Wilson, responsável pela
descoberta, faz parte de um grupo de mais de 60 voluntários que trabalham para
o Arquivo Nacional dos Estados Unidos na digitalização dos registos de pedidos
de pensões feitos por familiares de militares que morreram na Guerra da
Secessão. O autor de “Folhas de relva” viajara para a frente em 1862 para
cuidar do irmão que, tendo-se juntado ao exército da União para combater os
estados escravagistas do Sul, fora ferido; Whitman menciona várias vezes nos
seus diários e notas que escreve cartas aos soldados feridos e moribundos. Até
agora apenas três dessas correspondências foram identificadas até hoje. Veja o
manuscrito no Tumblr do Letras
>>> Estados Unidos: Agora, você
pode ler todos os diários de Guerra de George Orwell online
Jornalista,
ensaísta e romancista, autor de dois dos romances mais conhecidos da
literatura: 1984 e A revolução dos bichos. Orwell
participou diretamente na Guerra Civil Espanhola, lutando ao lado de um grupo
de resistência marxista (Partido Obrero de Unificación Marxista) pela derrubada
do regime ditatorial de Franco, estadia que terminou em 1937 depois de ser
gravemente ferido na garganta. Foi no front que começou a escrever um diário e
o manteve até 1942. No blog estão postadas
todas essas entradas com registros de natureza diversa.
Quinta-feira,
17/03
>>> Brasil: Uma
nova tradução para A herdeira, de Henry James
Em fevereiro,
completaram-se 100 anos que morreu Henry James, escritor estadunidense
naturalizado britânico e autor de clássicos como A volta do
parafuso e Os embaixadores. Para lembrar a data, a editora
7Letras encomendou à escritora, professora e tradutora Margarida Patriota uma
nova tradução do folhetim Washington Square, conhecido no Brasil
como A herdeira; a obra foi publicada originalmente em capítulos,
de junho a novembro de 1880, no suplemento londrino The Cornhill Magazine.
Trata-se de um dos romances mais difundidos de Henry James. A nova edição traz
ainda um posfácio de Margarida Patriota contextualizando o romance sob o ponto
de vista histórico-literário, tanto no cenário do realismo americano quando no
da literatura voltada para a condição feminina.
>>> Brasil: Sobre a rica
edição de Diário de Bordo, de Cecília Meireles
A Global Editora caprichou
no novo Diário de Bordo, livro com crônicas da poeta brasileira a
partir de sua viagem a Portugal. Vinte e dois dias a bordo de um navio e as
reflexões sobre a beleza e o silêncio do mar, os mistérios da vida e o lado
obscuro da morte pontuam essa viagem. Fernando Correia Dias, artista plástico
português e companheiro da poeta, quem viajou com ela nesse itinerário compôs
um conjunto de imagens para a obra. A edição recolhe esse trabalho
plástico e a relação com a sublime escrita de Cecília. Completa o volume o
texto de apresentação do renomado historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva
e dois textos de Jussara Pimenta, professora da Universidade Federal de
Rondônia, que dedicou sua tese de doutorado em estudar especificamente a viagem
que Cecília Meireles fez à Portugal em setembro de 1934 a convite do governo
português para uma série de conferências sobre literatura brasileira.
>>> Brasil: Celebrar a
vida de um escritor é ler sua obra. Editora reedita o primeiro romance de
Carlos Heitor Cony
O escritor
que fez 90 anos agora em 2016, preferiu o silêncio às comemorações agitadas e
trabalha na escrita de dois novos romances. Enquanto isso a Editora Nova Fronteira,
no projeto de repaginada de toda a obra de Carlos Heitor Cony reapresenta a
edição da obra que marca sua estreia como romancista, O ventre, há
muito fora de catálogo. Na trama, José Severo é um jovem que aprendeu
desde cedo e a duras penas que não se pode esperar muito da vida. Frente ao
sentimento de desajuste total, ao desprezo do pai, retribuído por ele na mesma
moeda, à relação difícil com o irmão mais novo e à rejeição da amiga de
infância por quem se apaixonou, o reencontro de Severo com o passado que não
foi esquecido se mostra surpreendente. O livro promove questionamentos sobre a
condição de abandono.
Sexta-feira,
18/03
>>> Traduções
inéditas de poemas de Allen Ginsberg online
Com o
simples título Allen Ginsberg: poemas, o Caderno-revista 7faces disponibilizou
a íntegra de um projeto de tradução da poesia do poeta estadunidense comandado
por Cesar Kiraly. A antologia que reúne poemas desde o mais famoso livro de
Ginsberg, Howl, a outros títulos, como Kaddish,
Reality Sandwiches, The Fall of America e Mind
Breaths é uma mostra significativa sobre o trabalho poético de um dos
mais importantes nomes da chamada Geração Beat. Já em agosto de 2014, o
periódico havia dedicado uma das tradicionais edições semestrais ao poeta. Allen Ginsberg: poemas tem apresentação de Guilherme Gontijo Flores
e imagens de Helton Solto e está disponível online.
>>> Estados Unidos: Um
manuscrito do escritor estadunidense H.P. Lovecraft sobre a história da
superstição, encomendado pelo ilusionista Harry Houdini, foi recentemente
encontrado no meio de uma coleção de objetos de uma antiga loja de magia
A notícia é
do jornal The Guardian. Até então, conhecia-se apenas o esboço inicial do
texto, The Cancer of Superstition (em português, O câncer da
superstição), que incluía apenas um capítulo. São 31 páginas datilografadas por
Lovecraft que estavam em meio a objetos ligados à magia que pertenciam à viúva
de Harry Houdini, Wilhelmina Beatrice Rahner, e ao empresário do ilusionista,
Edward Saint. O texto, um tratado sobre a história da superstição, foi
encomendado por Houdini em 1926, porém, a morte do ilusionista no mesmo ano, na
sequência de uma peritonite obrigou Lovecraft a abandonar o projeto pouco tempo
depois.
>>> Brasil: Mais de
seiscentas páginas do poeta Guilherme de Almeida sobre cinema
Cinematographos:
antologia da crítica cinematográfica sai pela Editora Unesp; o livro
reúne uma seleção de 218 textos sobre cinema feitos por Guilherme de Almeida e publicados em jornais entre 1926 e 1942. A edição tem tiragem limitada.
Entre crônicas e críticas, Almeida disseca a força sedutora da arte
cinematográfica, que pode se manifestar tanto no humor satírico de Tempos
Modernos quanto no movimento silencioso de O Encouraçado
Potemkin.
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