Boletim Letras 360º #153

Novas cartas de T. S. Eliot dão outro tom sobre seu casamento com Vivien e sobre seus cuidados com ela quando da aparição de sua loucura.  Mais detalhes ao longo deste boletim.


Olá, amigos do Letras in.verso e re.verso. Deixamos por aqui todas as notícias que publicamos durante mais uma semana de atividades informativas do blog em sua página do Facebook. Boa leitura!

Segunda-feira, 08/02

>>> Brasil: Nova edição reúne toda poesia de Augusto dos Anjos

Não é difícil encontrar nas livrarias a obra poética do paraibano e várias são as editoras que dedicam a reinventar a estética para o simples volume de 1912 cuja capa fora marcada em vermelho berrante com o título singular EU. Agora, a José Olympio volta a obra de AA e faz uma renovação de um livro do seu catálogo: o Toda poesia que traz não apenas os poemas do referido título mas alguns outros que só aparecem em edições póstumas. São cerca de 140 poemas acompanhados pelo conhecido estudo crítico de Ferreira Gullar.

Terça-feira, 09/02

>>> Brasil: Edição reconta, em texto e imagem, a parte final de Memórias do cárcere como foi os últimos meses de Graciliano Ramos na prisão

O escritor na capela, de Nelson Cruz é publicado este mês pelas Edições SM. O livro fala sobre os últimos meses de Graciliano Ramos como preso político, quando ele foi transferido da Colônia Correcional, na Ilha Grande, para o presídio da Frei Caneca, no Rio, em 1936. O livro fecha a trilogia em que Nelson reflete sobre o processo criativo de escritores. Os outros dois são: No longe dos Gerais, sobre Guimarães Rosa, e A máquina do poeta, sobre Drummond.

Quarta-feira, 10/02

>>> Portugal: Fernando Pessoa, uma biografia em HQ

É talvez o mais diferente livro do gênero sobre o poeta. Intitulado As aventuras de Fernando Pessoa, escritor universal..., também tem muitas palavras, mas a maior parte da página - por vezes toda - está ocupada por desenhos. Foram dez anos de trabalho segundo o quadrinista autor da façanha Miguel Moreira; a HQ percorre desde o nascimento de Pessoa até sua morte. O trabalho não foi produto de duas mãos; Moreira contou com a colaboração de Catarina Verdier.

>>> Itália: A chamada tetralogia napolitana da escritora Elena Ferrante vai ganhar adaptação para TV

O anúncio foi feito pelo estúdio italiano Wildside que diz trabalhar com o produtor Fandango numa adaptação dos quatro romances de Ferrante. A obra - cujo primeiro volume foi publicado no Brasil em 2015 e agora chega o segundo pela Biblioteca Azul - é sobre a intensa amizade ao longo da vida de duas mulheres, Lila e Elena, por mais de 50 anos numa Itália em transformação. O último título da tetralogia foi publicado em Itália no ano passado e se manteve em destaque nas principais listas de leitura do país; enquanto isso, o mistério em torno de quem, de fato, é a escritora se mantém. Cada um dos quatro romances será adaptado numa temporada de oito episódios, com 32 episódios no total. Não há ainda nenhuma notícia sobre quando e onde a série vai ao ar e Wildside ainda está à procura de parceiros para co-produção internacional.

>>> Arábia Saudita: Um juiz da muda a sentença dada ao poeta Asharf Fayadh

A pena de morte foi substituída por oito anos de prisão e oitocentas chibatadas que serão aplicadas em 16 séries. A nova sentença chega depois de uma extensa campanha internacional com participação de gente do mundo inteiro pedindo o fim da pena de pena de morte para Fayadh. A acusação contra o poeta é de ser um difusor de ideias perigosas para a sociedade saudita. O mesmo tribunal que revê a pena, pede a Fayadh a retratação pública e a renúncia sobre a autoria de um vídeo em que a polícia religiosa mata um homem e sobre publicação do livro Instruções no interior

Quinta-feira, 11/02

>>> Estados Unidos: Cartas inéditas de T. S. Eliot revelam seu desespero em tentar escapar da “farsa repugnante” que é seu casamento com Vivien Haig-Wood e sua compaixão pela degeneração mental da companheira

Trata-se um material inédito e que dará outra compreensão sobre a aparente frieza com a qual tratou Vivien quando da sua doença; são missivas dos anos 1932 e 1933, um período crucial na vida do escritor quando decidiu separar-se de Vivien depois de 18 anos de casados e retornar aos Estados Unidos para trabalhar como professor. É numa carta a amiga Alida Monro que revela a história de amor com Vivien como uma “farsa repugnante”: “Os Estados Unidos não fazem nenhuma diferença, salvo fazer-me mais forte porque sou mais feliz estando longe de V... Não posso enfrentar-me ao fato de voltar a ter a mesma vida inútil que levava em Londres [...] Será melhor um fim repentino ao invés de prolongá-lo durante meses até que ela se dê conta de que não vou mais voltar”. Para a amiga Lady Ottoline Morrell revela ansiedade em comprovar que Vivien não perderá nenhum amigo pela sua decisão. As cartas farão parte do livro As cartas de T. S. Eliot: volume 6, parte de uma série projetada para ser vinte volumes.

>>> Estados Unidos: Pela primeira vez na Broadway, O sol é para todos, obra de Harper Lee

O roteirista Aaron Sorkin é o autor da ideia que deve estrear entre o final de 2017 e início de 2018. Ao lado de Sorkin trabalha o produtor Scott Rudin que já fez parcerias com Sorkin em projetos como o recente "Steve Jobs". A história sobre a injusta acusação a um negro num pequeno povoado do Alabama em plena Grande Depressão já foi levada ao cinema com a incontornável interpretação de Gregory Peck (imagem); na época, o filme arrecadou quatro Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator. A primeira adaptação para a Broadway coincide com a publicação do que as editoras têm chamado de continuação do único romance da escritora.

Sexta-feira, 12/02

>>> Espanha: Nova biografia desconstrói a “imagem oficial” de Cervantes

La juventude de Cervantes: una vida en construcción propõe compreender o autor de Dom Quixote despido de toda verve heroica e quase mítica com que vestiu outros estudiosos sobre sua vida. Cervantes não foi um homem de excelsa formação, nem um valente militar, tampouco um herói perdido na Argélia. A obra de José Manuel Lucía Megías é um desnudamento do mito e uma fuga do modelo adotado desde a primeira biografia de Cervantes, publicada em 1738, até a mais recente de que a maneira de explicar sua genialidade estava condicionada a fatores de grandiosidade.

>>> Brasil: Chama-se “Os pescadores”, o livro do nigeriano Chigozie Obioma que acaba de ganhar tradução por aqui

Em 2015 falamos aqui sobre a possível publicação da obra do jovem Obioma no Brasil; o momento chegou. O escritor é mais um da chamada nova geração de escritores africanos cujo destaque internacional tem sido notável – ao lado de outros como Teju Cole e Chimamanda Ngozi Adichie, dois outros conhecidos do público leitor brasileiro. Os pescadores é a obra com a qual Obioma tornou-se finalista do prestigiado Man Booker Prize de 2015 e é o seu primeiro romance. A edição é Globo Livros e trata-se de uma obra que acompanha uma década na vida da família Agwu, na cidade nigeriana de Akure. A rotina harmoniosa dos quatro filhos de James Agwu começa a se esfacelar quando, durante uma pescaria em um rio com fama de amaldiçoado, um profeta local prevê que o primogênito será assassinado por um de seus irmãos.

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