Boletim Letras 360º #147
2016 é o ano de Juan Rulfo. 30 anos da morte do escritor mexicano e um rol de atividades no mundo da literatura de língua espanhola marcam as celebrações em torno do nome e da obra, uma das mais breves e mais quistas de sempre. |
Um pé em 2015 e outro em 2016. Assim é esta edição do Boletim Letras 360º: um demonstrativo de que mudam as datas, mas tudo são continuidades.
Segunda-feira,
28/12
>>> Brasil: Mário de
Andrade livre
A obra do
escritor entra em domínio público a partir do dia 1º de janeiro e já há muitos projetos
na agulha para os leitores. Um deles é a antologia Briga das pastoras e
outras histórias – Mário de Andrade e a busca do popular. Organizada por
Ivan Marques, professor de literatura brasileira da USP, o livro reúne os
textos menos óbvios do escritor: são 13 contos escritos nas décadas de 1920 e
1930, organizados com a ideia de mostrar como, a partir do Modernismo, e
especialmente da obra de Mário de Andrade, o povo se tornou uma personagem
importante da literatura brasileira. O livro chega às livrarias em fevereiro
pelas Edições SM e traz apresentação e ensaio do organizador, além de
ilustrações de Mauricio Negro.
Terça-feira,
29/12
>>> Espanha: O instituto
que leva o nome do autor do Dom Quixote em Madri recebe uma exposição que
marca os 400 anos da sua morte
Miguel de
Cervantes ou o desejo de viver é organizada com a colaboração da Ação Cultural
Espanhola (AC/E); José Manuel Navia fotografou em 66 cenários o mundo de
Cervantes. Os caminhos que o escritor percorreu em vida: Valladolid, Madri,
Nápoles, Sicília, Lepanto, Túnez, Argel, Orán, Lisboa, Esquivias, Toledo, La
Mancha, Andaluzia ou Barcelona com os olhos de hoje. Cervantes foi cirurgião e
viajou muito com sua família por toda Espanha até chegar à capital onde
instalou consultório. Parte da empreitada de Navia, a fim de cobrir as andanças
do espanhol já foi publicada em livro em 2005 (Territorios del Quijote),
resultado de outra mostra apresentada na Biblioteca Nacional de Espanha pelo
centenário da publicação da primeira parte do Dom Quixote (1605). A mostra
ficará em cartaz até 1º de maio.
Quarta-feira,
30/12
>>> Holanda: Agora, os
textos originais que deram forma ao único livro da menina reconhecida no mundo
inteiro poderão ser copiados por pesquisadores interessados no seu estudo
A decisão
inédita de um tribunal de Amsterdã vai contra uma série de empecilhos criados
pelos mantenedores da obra de Anne Frank. Para a justiça é preciso considerar que a
liberdade da ciência prevalece sobre a proteção dos direitos do autor. A lei
vigente na Holanda estabelece, como na maior parte do mundo, que os
direitos do autor de una obra expiram 70 anos depois da morte do autor, e Anne
morreu em março de 1945 no campo de concentração alemão de Bergen-Belsen. Mesmo
assim, há vários impasses na justiça em torno do uso da obra daqui para frente
– este foi só a primeira perda para os responsáveis pelo Diário. O livro já
foi traduzido para mais de 70 línguas, vendido em 100 países diferentes e
inspirado 8 produções cinematográficas.
Quinta-feira,
31/12
>>> Brasil: Edição
apresenta poemas sobre o Natal e o Ano-Novo de Carlos Drummond de Andrade
São escolhas de Luis Mauricio Graña Drummond e Pedro Augusto Graña Drummond,
netos do poeta, que organizaram os poemas sob o título do famoso texto Receita de ano novo. O título integra a coleção da Companhia das Letras com
projeto gráfico exclusivo e ilustrações de Andrés Sandoval.
>>> Portugal: Edição traz
textos inéditos de Álvaro de Campos
O heterônimo de Fernando Pessoa reaparece em Prosa escolhida e os
inéditos são uma entrevista e um artigo escrito em francês. A edição da
portuguesa Assírio & Alvim pertence à coleção "Pessoa breve", organizada
por Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, que consideram "Álvaro de Campos
o heterônimo central da cena heteronímica de Fernando Pessoa". Os dois
pesquisadores preparam outro volume do gênero onde incluirão textos que se
prendem com questões teóricas de arte literária.
Sexta-feira,
01/01/16
>>> Espanha: É a edição
dos desejos para os milhares de leitores e amantes da obra-chave do escritor;
editora espanhola publica os três volumes de O senhor dos anéis e revela
material inédito sobre a trilogia
Em 1955 J.R.R. Tolkien colocou um ponto final à obra com publicação de O
retorno do rei. A obra editada pela Editorial Minotauro assinala a passagem
dos 60 anos de publicação da trilogia. O estojo com quatro livros em capa dura
e sobrecapa com os desenhos originais das capas projetadas pelo próprio Tolkien
para os três livros e que na época não foram utilizadas devido ao alto custo é
numerado, com tiragem limitada e com preço salgado: 140 euros. Entre as
novidades da edição, fac-similar dois mapas desenhados pelo escritor, as
páginas de “Livro de Mazarbul”, além de vários estudos sobre a obra, as árvores
genealógicas dos Boffin e dos Bolger (aparecidas no volume “Os povos da Terra
Média”), a reprodução das páginas do “Esquema Cronológico”, escritos por Tolkien,
e um lista de erros e repetições corrigidos nesta edição e fac-similar do guia
de nomes, símbolos e significados que o escritor criou para os tradutores de
sua época.
>>> México: Logo no
início de 2016, no dia 7 de janeiro, cumprem-se 30 anos da morte do escritor
Uma série de homenagens são esperadas ao redor do mundo, sobretudo entre os
leitores da literatura de língua espanhola; além da edição de seus três únicos
textos (que adiantamos num desses boletins) preparada pela Universidade Autônoma
do México e Fundação que leva o nome do escritor, as duas instituições se unem
para realização de um colóquio internacional sobre a obra de Rulfo. No mês de
janeiro a conceituada revista La Palabra y el Hombre editada pela
Universidade Veracruzana publicará um especial sobre Rulfo em que se poderá ler
pela primeira vez em espanhol um texto de Sergio Pitol sobre Pedro
Páramo que saiu em 1966 na primeira edição em russo do livro.
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