“Minha salvação é a literatura”. As cartas do jovem Roberto Bolaño
O jovem Roberto Bolaño em Espanha, no final dos anos 1970. O leitor de Roberto Bolaño conhece Noturno do Chile , um denso monólogo construído de apenas dois parágrafos em que o narrador, o padre Sebastián Urrutia Lacroix, repassa de modo febril sua vida de poeta e crítico literário, procurando uma resposta às inquietações que o assaltam já próximo da morte. Qualquer semelhança, sobretudo estética e atmosférica, entre este romance e a carta que o ainda adolescente Bolaño escreve à sua mãe na década de 1970, quando realiza uma de suas primeiras viagens sozinho, pelo interior do Chile, não será mera coincidência. Sim, saem da mesma cabeça, mas não só isso, a carta em questão foi escrita num dos momentos mais férteis de formação do imaginário literário de um escritor. Também o leitor encontrará essa necessidade de dizer tudo a um só fôlego na missiva em que descreve, abismado com tudo, sua trajetória fora de casa ou do círculo marsupial. A carta é apenas uma da série de