Memorial de Maria Moura, de Rachel de Queiroz
Por Rafael Kafka Memorial de Maria Moura é minha primeira experiência de leitor em contato com a obra de Rachel de Queiroz. Devo dizer que mesmo em andamento, a obra tem me impressionado por uma série de fatores interessantes e por isso mesmo penso ser válido escrever algumas notas preliminares acerca da minha leitura deste grande romance. Grande tanto em volume, cerca de quinhentas páginas, quanto em qualidade estética e estrutural. O romance gira em torno da história de Maria Moura, uma moça que após perder pai e mãe se vê sozinha no mundo ao lado de um padrasto de quem sofria abusos sexuais intermitentes. Tal realidade é representada de forma muito sutil logo no começo do romance e passa-nos a impressão de não causar tanto incômodo em Maria Moura. Ao longo do enredo, veremos que por mais que a protagonista se preocupe em romper os limites dos papeis de seu gênero, ela ainda cede diante da cultura patriarcal sertaneja do século XIX. Por isso, os abusos de Liberato, o