Mulheres de cinza, de Mia Couto
Por Aurélio Furdela Chamou-me a atenção para a leitura do mais recente livro do respeitável escritor Mia Couto, uma apreciação feita por um companheiro das lides literárias, dizendo que por razões profissionais, lera o Mulheres de cinza *, tendo concluído que estávamos diante de uma grande obra literária, talvez a melhor do autor em toda sua carreira. Fim-de-semana seguinte, outra coisa não me ocuparia, senão a leitura do romance, uma leitura ferida do grande defeito que marca um escritor, diante de uma obra de ficção, seja ela de poesia, prosa ou teatro, visto que, na verdade, um escritor não lê, reescreve com os olhos os livros que lhe chegam a mão. E, na leitura do Mulheres de cinza , também deixei-me embalar naturalmente por este defeito congénito, que arrisco-me a dizer que persegue a todos os escritores, lendo não passivamente a prosa que se propõe conduzir o leitor a Inharrime. Porque também bastante elogiada esta obra, e muito realçados os aspectos positivos d