Julio Cortázar: “As coisas me chegam como um pássaro que pode passar pela janela”
Por Emma Rodríguez Há muitas fotografias de Julio Cortázar que nos ajudam a situá-lo em seus lugares de trabalho, ante a máquina de escrever, armando as peças diversas de suas histórias, sempre jogando. Mas ao ler suas Aulas de literatura , livro que compila as aulas ministradas na Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1980, a imagem emergente e viva em toda obra é a do professor. Andava a longos passos pelo espaço fechado da sala de aula, anotava palavras, frases, na lousa, convidava e se sentia à vontade conversando com seus privilegiados alunos? Sondemos, mas, sem dúvida, os alunos deviam sentir-se tocados com uma varinha mágica a pensarem na sorte que tiveram de escutar um professor nada comum, o professor “menos pedante do mundo”, como escreve no prólogo do livro Carles Álvarez Garriga. As aulas de Cortázar gravadas e depois transcritas, nos seduzem porque manifestam a capacidade do escritor na transmissão de conhecimentos e experiências, mas, sobretudo, porque