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Mostrando postagens de outubro 19, 2015

Um teatro às escuras, de Pedro Tamen (Parte 2)

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Por Pedro Belo Clara Entre os avanços e os recuos das figuras centrais à obra, Ele e Ela, as suas súbitas certezas que logo se transformam em dúvidas dobradas e ansiedades frementes, desaguamos numa espécie de clímax que só o é graças a um maior descortinar do mistério instalado. As questões sucedem-se naturalmente, é claro, assim como os poemas, mesmo que a sua aparição só contribua para o adensar da perdição instalada devido ao seu efeito repetitivo: «Como te posso amar se não te vejo»?; «Este escuro é morte?». Uma voz do público, até aqui emudecida, traz um prenúncio de luz: Mas onde está ela, onde está ele, onde está esta gente (…) nisto que não existe (…) ? E então desembocamos no admitir do teatro como um palco de indagações por excelência: «E porque é que todos aqui nos perguntamos? / Porquê tantas perguntas?». Assim como o momento mais escuro da noite é aquele que antecede a aurora, também aqui o instante de maior desnorteio abrirá caminho para o