A ilha da infância, de Karl Ove Knausgård
Por Pedro Fernandes A infância vista pelos olhos de um adulto. Talvez com esta frase o leitor consiga resumir as mais de quatro centenas de páginas do terceiro volume de Minha luta , título que, aos poucos revela a razão de enfeixar esse grupo de livros: trata-se de uma luta constante do autor com suas memórias, e, por mais limpas que elas pareçam aos nossos olhos não deixam de terem sido forjadas por uma potente força imaginativa. É evidente que essa nuance da criação a partir da matéria memorialística já se revelara para o leitor desde os primeiros títulos, A morte do pai e Um outro amor . Mas, nestes dois volumes estávamos ante um narrador envolvido com acontecimentos muito recentes ou de períodos da vida sobre os quais todos carregamos conosco mais ou menos nitidamente situações e impressões. Neste A ilha da infância , não. E, Knausgård é muito sincero, ou se utiliza dessa premissa, assim como do forte detalhismo, para nos colocar diante da verdade do narrado, sem