Arthur Miller, contra vento e maré (e algumas obras fundamentais)
Por Marcos Ordóñez Quando Arthur Miller estreou “A morte de um caixeiro-viajante” (1949), uma de suas obras mais populares, pulverizou, de um só golpe, os lugares comuns do teatro estadunidense: que a tragédia estava reservada aos heróis e que o realismo crítico havia morte no final dos anos 1930 (e, de passagem, que qualquer peça com a palavra morte no título era veneno para a bilheteria). Se “Todos eram meus filhos” (1947), sua primeira peça, havia nascido à sombra de Ibsen, com a segunda, Miller entrou de cheio na tradição nacional de Eugene O’Neill, Thornton Wilder, Clifford Odets e o teatro iídiche. “A morte de um caixeiro-viajante”, dirigida por Elia Kazan e protagonizada por Lee J. Cobb e Mildred Dunnock, obteve êxito sem precedentes: ganhou o Pulitzer, o Tony para Melhor Autor e o troféu do Círculo de Críticos de Nova York. Ao acabar sua primeira temporada havia arrecadado 1,250 milhões de dólares e permaneceu dois anos seguidos em cartaz com 742 encenações. O