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José Saramago e a necessidade de termos olhos quando outros já os perderam

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Por Pedro Fernandes Toda a obra de José Saramago é um apelo à visão. Somos um sistema construído pela combinação de cinco sentidos, mas desses que nos definem, ver talvez seja o mais importante de todos. Da leitura que fiz de um texto de Alfredo Bosi, espicaçada no meio de Retratos para a construção do feminino na prosa de José Saramago (Appris, 2012), disse enquanto comentava sob o enigma do olhar numa das personagens mais enigmáticas, certamente, da literatura saramaguiana, Blimunda (de Memorial do convento ), que o olhar tem a vantagem da mobilidade. É fronteira aberta entre o sujeito e o mundo, pode perscrutar todos os ambientes e movimentações que estiver ao seu alcance. Pelo olhar é que se distingue, conhece, reconhece, é que se estabelece a explicação do mundo objetivamente. Enquanto expressão cognitiva é definidor dos tons da subjetividade: ri ou chora, cala ou denuncia, admira ou reprova, ama ou detesta. Base de uma plenitude da existência, sem a visão, d