Confesso minha afinidade com Alice Munro
Por Emma Rodriguez “A mesma palavra prazer, havia mudado para mim; costumava pensar nela como uma palavra suave que descrevia uma autoindulgência mais discreta; de repente parecia explosiva, com as três letras da primeira sílaba soltando pressão como fogos de artifícios e terminando na delicadeza da última sílaba, seu ronronar sonhador”. Assim escreve Alice Munro em Lives of girls and women (em tradução livre A vida das mulheres ) e leio, releio, sublinho a frase, penso e confesso que, se alguma vez decidisse escrever, gostaria de me parecer com a escritora canadense. Gosto de seu estilo reflexivo, a conjunção entre a descrição do que se passa por fora e o que está acontecendo dentro das personagens, o paralelismo entre os vales e abismos das geografias descritas e os sobe e desce das emoções, dos estados da alma. Confesso que minha atenção sobre a literatura de Alice Munro começou muito recentemente, também só a conheci há pouco tempo, mas há dois verões que nas v