Coisas transparentes, de Vladimir Nabokov
Por Rodrigo Fresán Sabemos que F. Scott Fitzgerald é aquele mártir autodestrutivo que – muito além das luzes verdes em sua obra – ensina aos escritores, com sua vida atormentada por bandeiras vermelhas, a como não ser tão bons na hora em que as coisas saem inexoravelmente mal, muito pior, crack-up ... Vladimir Nabokov – ao contrário – é o melhor e mais invejável (bom) exemplo possível: a saga de um começo incerto e final MUITO feliz de um autor excêntrico que volta ao centro com um livro com nome de menina e que, sucesso desde então, lhe permite ser mais excêntrico até sua morte. Sim. Poucos escritores mais felizes consigo que o russo de nascimento mas estrangeiro universal que domou como ninguém o idioma inglês para logo trabalhá-lo como ninguém. É regozijador a leitura que chamo indispensável para o volume Cartas para Vera (tradução livre para Letters to Véra , título ainda inédito do Brasil, editado em 2014 nos Estados Unidos pela Penguin Classics). Porque nesse