O estado do bosque, de José Tolentino Mendonça (Parte III)
Por Pedro Belo Clara. Chegando à penúltima cena da peça que nos ocupou o discurso durante as últimas semanas, e recordando que a mesma tem por número o VI e por nome "Diálogo do sonho", testemunhamos a entrada da última personagem ainda não introduzida: O Destino. Que, a bem da verdade, é uma presença feminina, concepção essa muito provavelmente influenciada pelas lendas das Parcas (ou Moiras, segunda a mitologia grega), as três deusas tecedoras do destino humano. Não estaremos diante de um novo solilóquio, pois a cena desenrola-se a par com John Wolf, regressado após a epifania existencial a que assistimos cenas atrás. No entanto, o episódio, acontecendo como num sonho, constitui uma espécie de “descida aos infernos” protagonizada por Wolf, o que poderá ser evidência que se estranhe tendo em conta a anterior cena onde entrou e tudo aquilo que aí aconteceu. É, portanto, natural conceber-se uma descida tal, vertiginosa e transformadora, antes de um momento de re