Consciência
Por Jeferson Luis de Carvalho Era um sábado como qualquer outro. O pai saiu para massagear e admirar o carro com a desculpa de ter que lavá-lo. A mãe, trabalhadora de dupla jornada durante a semana, tomou posse de seu domínio pleno e irrestrito sobre o reino residencial, distribuindo tarefas a seus fiéis súditos que usufruíam dos proveitos de uma cama aconchegante e o alimento na mesa. Enquanto a ordem natural da casa seguia, em seu mundo, esquecido por um instante, saía o cachorro da casa. Um desses que tem seu pedigree identificado pelo não desenho do focinho e a não uniformidade do corpo, mas era feliz em sua vida e posição naquele lar. Deitou, como sempre, com seu pato de borracha na boca defronte a porta, tudo como devia ser. Até ele ouvir o baque. O que causara aquele baque ele não sabia, apenas tinha consciência de que tinha consciência. Sim, tinha consciência de tudo e de todos. Seus ouvidos habituaram-se com os sons, seu cérebro passou a processar e dar sen