Um romance fascinante de Lídia Jorge: "Combateremos a sombra"
Por Alfredo Monte Enfim, temos uma edição brasileira (pela Leya) de Combateremos a sombra , de Lídia Jorge 1 , cujo final (e peço de saída desculpas por revelá-lo) me lembrou a atmosfera dos romances de Leonardo Sciascia (1921-1989): Osvaldo Campos, após descobrir duas frentes conspiratórias e mafiosas no curso de alguns poucos meses que se seguem à virada do milênio, e ingenuamente arvorar-se em denunciador (mandando cartas a agências internacionais, à órgãos de imprensa e até à presidência e preparando um dossiê com nomes e dados), é assassinado — tentam, de forma canhestra, encenar um pretenso suicídio para encobrir o crime, o que não dá muito certo. O assassinato, já aguardado pelo leitor como aqueles finais inexoráveis das tragédias, de um protagonista que sucumbe a um labirinto conspiratório, foi exercitado com maestria por Sciascia em A Trama (1971), porém Osvaldo Campos me lembra mais o incauto professor Laurana de A Cada Um o Seu (1966). Não que ele seja engan