Birdman ou as dinâmicas da aceitação
Por Cesar Kiraly Não é fácil aceitar uma piada. Uma piada, para ter que ser aceita, precisa fazer doer. Se não dói é porque não convocou, então a sua presença é indiferente. Há o piadista inofensivo, cujas graças não costumam passar pela aceitação de ninguém. Este opera por intervenções, aclara um sentido, força um trocadilho, e, como todos, tudo o que ele quer é ser aceito. Mas qual a diferença entre este e aquele, cuja piada é difícil de aceitar? Ora, este que quer apenas ser aceito, pouco se importa com a piada, tudo o que ele quer, bem, é ser aceito; se fosse uma negociação, mediante o recebimento da aceitação que deseja, ele prontamente largaria a piada. O outro não, e este é que é o problema, posto querer ser aceito com a piada. Ele quer ser aceito, a piada é parte de quem ele é, e, numa negociação, não sairá vivo, se tiver que largá-la. Pode-se dizer mais sobre o inofensivo, mas o deixemos de lado. Não é fácil aceitar uma piada. No caso por nós escolhido para de