Boletim Letras 360º #144
Liev Tolstói. O escritor e sua obra serão novamente lembrado numa iniciativa em torno de Guerra e paz. |
Por aqui, começamos a arrumar a nossa lista de final de ano. E, claro, ainda trabalhamos no exercício de revisão de conteúdo do blog. Este parece que não terá fim; quanto a lista, sim, esta tem seu fim e deve vir a lume no último dia do ano, como tem sido costume. É, não somos nada apressadinhos; enquanto outros espaços já divulgaram as suas (vimos que algumas saíram desde novembro! Menos, não é gente, os dias se passam tão rápidos e ainda há quem queira matar o tempo antes do fim...), mas nós não temos essa necessidade. A única, por enquanto, é a de organizar as notícias da semana em nossa página no Facebook.
Segunda-feira, 07/11
>>> Brasil: O centenário de Roald Dahl
O autor de dezenas de obras que fazem sucesso entre as crianças,
como Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate será
lembrado no Brasil em 2016 por seu centenário de nascimento com o título Por dentro da Fantástica Fábrica de Chocolates. O livro de Lucy
Mangan sairá pela Martins Fontes durante a Bienal de São Paulo; o título
explora a influência que a história de Charlie Bucket e Willy Wonka exerceu em
filmes, peças de teatro, musicais e outros produtos nos últimos 50 anos. Sophie
Dahl, neta do autor, assina o prefácio.
>>> França: Uma megaexposição sobre o poeta Tristan Tzara
Até 17 de janeiro de 2016 o Museu de Arte Contemporânea de
Estrasburgo é o guardião do legado de um poeta, crítico de arte e colecionador
que decidiu mudar de nome e escrevê-lo na história das Letras. De Samuel
Rosentock a Tristan Tzara. Tristan, por se designar um triste e Tzara, pela
pátria. "Tzara se nutriu de muitos artistas e movimentos. Desde o dadaísmo
ao surrealismo. De personalidade discreta e agitada", assim compreende a
responsável pela exposição, Estelle Pietrzyk. Em dois andares de 700m² o visitante
tem contato com mais de 450 peças entre revistas, livros, cartas, desenhos,
quadros, fotografias, documentos audiovisuais e, inclusive parte da coleção
privada do autor, onde predominam as obras de arte africana. A exposição
"Tristan Tzara: o homem aproximado" está em ordem cronológica em sete
salas: Bucareste (1896-1915), Zurique (1915-1919), Paris (1920-1924), A virada
(1924-1929), o Surrealismo (1929-1935), o Período de entre-guerras (1936-1945)
e o Pós-guerra (1946-1963).
Terça-feira, 08/11
>>> França: Máquinas automáticas que distribuem aos
leitores gratuitamente contos
Grenoble, capital de Isère. São oito aparelhos que lembram um caixa
eletrônico e que o usuário pode escolher textos de um, três ou cinco minutos de
leitura. Ao clicar na opção desejada, a máquina imprime um conto. A invenção é
da Short Édition e em duas semanas de operação já distribuiu mais de 10 mil
contos. A ideia deu tão certo que, segundo os criadores, Austrália, Estados
Unidos, Canadá, Rússia, Grécia e Itália estão interessados no invento.
>>> França: Quem é a outra que se esconde na Monalisa, de Leonardo
da Vinci?
O estudioso francês Pascal Cotte afirma haver descoberto a imagem de
outro retrato sob a superfície da Monalisa. A afirmação vem a lume
num especial da BBC dedicado à tela do pintor florentino. Cotte diz ter levado
dez anos para chegar a essa conclusão só agora revelada pelo uso de uma
tecnologia com reflexos de luz. A reconstrução mostra outra imagem de uma
modelo olhando para um lado. O Museu do Louvre, onde está exposta a
Monalisa original se negou comentar essas declarações, mas o autor
da descoberta teve acesso à pintura de Da Vinci; Cotte foi pioneiro no uso de
uma técnica chamada "Método de Ampliação de Camadas" (LAM, sigla do
inglês). O processo consiste na projeção de uma série de luzes intensas sobre a
pintura enquanto uma câmera faz as medições dos graus de reflexos e a partir
dos quais pode reconstruir o que há entre as camadas sobrepostas.
Quarta-feira, 09/11
>>> Brasil: No Prêmio Oceanos, Silviano Santiago e Elvira Vigna são os grandes premiados
Misto de biografia, autobiografia e ficção, Mil rosas
roubadas, de Silviano Santiago, foi escolhido pelo júri como o melhor livro escrito por um autor de língua portuguesa publicado no
Brasil em 2014. Elvira Vigna, com Por escrito, ficou em 2º lugar;
Alberto Mussa, autor de A primeira história do mundo, ficou em terceiro e
o poeta Glauco Mattoso foi o quarto com Sacola de feira. Depois da primeira edição, os organizadores do prêmio sonham poder transformá-lo num Booker Prize da língua portuguesa.
>>> Rússia: Depois de Anna Kariênina, gente de todos os lugares do país começam a leitura pública do maior romance de Liev Tolstói
Ao todo são mais de mil pessoas, anônimas ou celebridades que se
debruçam numa leitura que será transmitida ao vivo por rádio, TV e internet e
irá durar 60 horas. A leitura, organizada no âmbito do Ano da Literatura na
Rússia, é realizada em teatros, museus ou locais evocados por Tolstói em seu
romance de trinta cidades em toda a Rússia. Escrito entre 1863 e 1869,
Guerra e paz é o primeiro grande romance de Tolstói, no qual evoca
a guerra patriótica de 1812 contra a invasão napoleônica através da vida de várias
famílias da nobreza russa.
>>> Portugal: Claraboia, de José Saramago ganha
adaptação para o teatro
É a segunda obra do gênero na bibliografia do escritor português;
escrito nos anos 1950, o livro ficou desaparecido, por desinteresse dos
editores em publicá-lo, até muito tarde, quando o romancista, já famoso,
recebeu o convite para trazê-lo a lume. Saramago, que não esperava mais contar
com a existência do romance, resolveu que o livro só seria publicado depois de
sua morte. Depois de retornar para suas mãos, o datiloscrito ficou inédito até
2011, quando foi finalmente editado. Agora, a história de seis famílias
portuguesas, habitantes de um prédio numa Lisboa tomada pela Ditadura e pela
miséria imposta ao seu povo, ganha forma para o teatro pelo grupo A Barraca. O
trabalho de adaptação é de Maria do Céu Guerra e João Paulo Guerra e conta com
17 atores.
Quinta-feira, 10/11
>>> Noruega: Uma visita ao país pelo olhar de dois dos escritores mais
populares da sua literatura
Quatro dias, quatro cidades, quatro cenários. A ideia do jornal The
New York Times de colocar Karl Ove Knausgård na estrada deve ter servido de
inspiração para um programa da TV norueguesa VG. Começando por Trondheim e
findando em Oslo, com paradas em Bergen e Stavanger, não só o autor da série Minha luta, mas Jo Nesbø fazem um giro pelo seu país. Nesbø é
traduzido em mais de 50 idiomas e ficou reconhecido pela série protagonizada
pelo policial Harry Hole; e Knausgård, publicado em 30 países, é reconhecido
pela monumental série já citada. Até agora Nesbø e Knausgård não se conheciam
pessoalmente. Já leram um ao outro. O itinerário vai para TV com chamadas em
que Nesbø chama o companheiro de cativante e Knausgård espantado e encantado
com a obscuridade da obra Nesbø.
>>> Brasil: O formigueiro, de Ferreira Gullar volta às livrarias
O poeta explica que concebeu este livro-poema em 1955. Como
decorrência de seu embate com as palavras, depois de A luta
corporal (1954). Quem acompanha a produção de Gullar sabe que ele parte
de uma linguagem convencional para a dissolução do discurso, que o levou a um
beco sem saída em sua obra poética. Gullar explica: “A luta contra a sintaxe
tinha sido o problema central de A luta corporal e O formigueiro era apenas uma
maneira de enfrentá-lo”. O livro-poema, composto artesanalmente em letra set,
só aparece em 1991 e, desde então, está fora de catálogo, tornando-se obra de
colecionador. Esta edição vem colocar luz sobre este período importante em sua
trajetória e permitirá ao leitor conhecer e refletir, quase 25 anos depois, os
caminhos traçados por Gullar. A edição é da Editora Autêntica.
Sexta-feira, 11/11
>>> Brasil: A editora Companhia
das Letras irá publicar em 2016 Sorgo vermelho, de Mo Yan
Foi adiado. Esperava-se que saísse neste ano ao lado de As
rãs. Mas não deu. O romance a ser publicado é um dos mais conhecidos do
escritor chinês no Ocidente. E tem um histórico com o cinema depois de haver
sido filmado pelo cineasta chinês Zhang Yimou (que em 2000 adaptaria outra obra
de Yan). O romance é um retorno ao norte rural da China nos anos 1920 para
narrar uma fábula de sobrevivência que reconstitui a violência dos hábitos
culturais impostos à mulher.
>>> Brasil: Já ouviram falar em Jeronymo Barbosa Monteiro?
Ele nasceu em 11 de dezembro de 1908, no bairro do Brás, em São Paulo.
Pouco conhecido do público (e até mesmo da crítica), ele é um marco fundamental
da Literatura infantil e Juvenil do Brasil. Foi um dos precursores do rádio
teatro, criador do primeiro detetive brasileiro e da primeira série policial.
Mas, acima de tudo, é sempre lembrado como "Pai da Ficção Científica
Brasileira". Na data de hoje, Jeronymo ganhou um site para servir de
expansão do seu nome e da sua obra.
>>> Suécia: Sejamos todos feministas, de
Chimamanda Ngozi Adichie será distribuído gratuitamente a todos os jovens
O país se prepara para incorporar um plano de consciência
de gênero em massa. O ensaio é uma adaptação de uma palestra de Chimamanda que
foi vista mais de 2 milhões de vezes e foi celebrada por diversas celebridades,
incluindo Beyoncé (cf. notificamos outra vez por aqui). No Brasil, o texto foi
publicado pela Companhia das Letras.
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