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Mostrando postagens de outubro, 2015

Boletim Letras 360º #138

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Salvador Dalí (1960-1?) A fundação responsável pelo arquivo do pintor divulga a descoberta de 11 fotografias inéditas. A aprovação, em junho deste ano, da lei que institui o 31 de outubro como o Dia Nacional da Poesia, levou-nos a um feito inédito: celebrar a data duas vezes em 2015. No antigo dia 14 de março e hoje. Quem nos acompanha no Facebook viverá um dia de celebração ao livro A rosa do povo . Justa escolha: 31 de outubro é também dia do aniversário de Carlos Drummond de Andrade, o autor do livro em questão, publicado em 1945. Por falar no poeta, ainda sorteamos dois exemplares de Nova reunião de poesia . Saiba tudo o que fazer para concorrer, aqui . Segunda-feira, 26/10 >>> Brasil: Todos querem saber da vida de Mário de Andrade. Outra biografia do poeta pode vir a público em breve Painel das Letras informa que com a mudança do acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP) para o novo prédio concluída, documentos in

O erótico que está em nós

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Por Pedro Fernandes Eliane Robert Moraes, organizadora da edição Antologia da poesia erótica brasileira Quando se fala em poesia erótica brasileira, o leitor deverá logo se lembrar de peças da poeta Hilda Hilst e da obra de Carlos Drummond de Andrade que casou certo reboliço na cena literária nacional quando publicada, O amor natural , livro que veio a lume em 1992, cinco anos depois da morte do poeta. Mas, o fato é que, de maneira diversa, toda obra poética terá, em alguma ocasião flertado com esse mistério que está numa dimensão mais acentuada da relação amorosa. O que tanto espanta é um enrubescimento do leitor, ou a censura desbragada praticada sobre textos dessa natureza, sobretudo, numa sociedade que se diz tão aberta para os desígnios do corpo ou mesmo uma sociedade que canta a plenos pulmões as letras malfeitas da música chula que reafirmam o poder do homem sobre a mulher ou rebaixa esta ao limite de objeto de disputa, coisa a ser usada ou movida à rédea cu

O Miguel do “Reino Maravilhoso”

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Por Maria Vaz Hoje escrevo-vos de Adolfo Correia da Rocha, mais conhecido pelo pseudónimo que lhe conferiu notoriedade: Miguel Torga. Nasceu a 12 de agosto de 1907, numa pequena aldeia portuguesa em que o número de habitantes não atinge a casa dos milhares, de nome ‘São Martinho de Anta’. Assim, podemos dizer que viveu toda a sua infância rodeado por uma natureza ímpar, em que os montes verdes contrastam com o tom do horizonte, quer pela sombra dos dias de sol ou pelo jogo de penumbras observáveis à luz do luar, na irregularidade em que se camuflam os vales e os declives que terminam nas margens generosas do rio Douro: um rio presenteado com as vinhas (plantadas como que se tratassem de adorno paisagístico das serras), numa região em que se produz um dos melhores vinhos do mundo (o conhecido ´vinho do Porto´), numa unicidade paisagística natural que lhe conferiu o devido reconhecimento pela UNESCO na qualidade de Património da Humanidade. Foi nessa infância de mãos dadas

Um bando de selvagens desajustados

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Por Carlos Reviriego Arthur Miller e Marilyn Monroe. No auge da inserção do dramaturgo no cinema. A relação de Arthur Miller com a indústria e a arte do cinema foi esquiva, tangencial, anedótica, frustrada e, em termos pessoais, catastrófica. São muitas as traduções para a tela de seus textos teatrais, embora poucas memoráveis, enquanto seu vínculo direto com o cinema está obviamente marcado pelo seu curto casamento com a estrela mais deslumbrante da sétima arte, Marilyn Monroe. Na verdade, foi na tela onde ambos deixaram a consequência de sua devastadora ruptura. No selvagem e crepuscular Os desajustados (The Misfits, 1960) filmado por John Huston está a autópsia de um amor que já era cadáver, o amargo fim de uma relação e o último filme de dois ícones do século XX: Clarck Gable e a própria Marilyn. De fato é praticamente a única produção do gênero, hoje de ressonâncias míticas, que contou com a participação direta e a supervisão constante de Miller – escreveu o roteiro a

Por que Svetlana Aleksiévitch?

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As reações ao Prêmio Nobel de Literatura 2015 foram muito frias. Em parte porque é um nome se não desconhecido dos grandes centros culturais, é um dos que sempre são olhados de forma atravessada; mesmo do seu país de origem, onde parte da obra foi proibida durante um tempo não veio nenhum grito de comemoração. E a comunidade de leitores ao redor mundo ignorou a escolha porque viu nela mais um apelo político que literário; a Academia, de novo, preferiu ignorar uma quantidade significativa de grandes nomes da literatura para entregar um prêmio dessa natureza a uma escrita considerada menor: Svetlana Aleksiévitch por ser uma mera escritora de relatos jornalísticos. Para outros, finalmente o Nobel rendeu-se ao mass midia . Mas, o silêncio frio ou a recepção negativa leva a compreender que o Prêmio Nobel de Literatura dado a Svetlana Aleksiévitch é um feito peculiar em muitos sentidos: mesmo para os que acusam a Academia de se render ao mass midia . Por um lado, é a primeira ocas

O universo extremo e delirante de William S. Burroughs

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Por Neiva Dutra William S. Burroughs é uma das figuras mais transgressoras e inclassificáveis da literatura universal, a tal ponto que sua condição de narrador, compreendido como contador de histórias, chega a ser duvidosa: é um escritor, pois seu meio de expressão é a linguagem escrita, mas também é muito mais do que isso. O escritor e a obra William Seward Burroughs nasceu em 5 de fevereiro de 1914 e desde muito jovem recebeu uma esmerada educação burguesa e conservadora, que teve sobre ele o efeito de fazer com que rejeitasse categoricamente as convenções sociais e a moral imperante. Foi criado no  american way of life  próprio dos Estados Unidos entre guerras, pertencendo a uma estirpe de burgueses automarginalizados e transgressores. Estudou em diversas universidades, licenciou-se em literatura inglesa em Harvard e cursou vários anos de antropologia, medicina, psicologia, em diversos países. Casou-se com uma judia alemã para livrá-la dos nazistas, viajou por t