Boletim Letras 360º #131
É sempre com
satisfação que regressamos a cada sábado, um pouco cada vez mais velhos, mas
satisfeitos com o trabalho que vimos desempenhando na divulgação sobre a
literatura, o universo do livro e adjacências. Isso em todos os canais que
podemos firmar para estar próximos dos leitores; no Facebook, onde o público é
maior, a presença tem sido mais intensa também. E essa presença que faz com que
retornemos sábado a sábado para organizar essas informações passadas aos nossos
leitores.
Gabriel García Márquez sempre foi amigo muito próximo de Fidel Castro. A relação entre os dois pode ter sido o motivo para a espionagem dos Estados Unidos sobre o autor de Cem anos de solidão. Saiba mais ao longo deste boletim. |
Segunda-feira,
07/09
>>> Brasil: Nos 70
anos de Chico Buarque falamos sobre a edição de um filme sobre a vida e a obra
do compositor e romancista brasileiro. Pois bem, a boa nova é que está quase
pronto e chega aos cinemas até o final do ano
Chico:
artista brasileiro é o título do longa dirigido por Miguel Faria Júnior e
versa sobre a trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira. O título
da peça é inspirado no último verso da canção "Paratodos". Faria Jr. tem no
currículo pérolas como o documentário 'Vinicius' sobre o poeta Vinicius de
Moraes, de 2005.
>>> Estados Unidos: O FBI seguiu
Gabriel García Márquez durante mais de duas décadas
A revelação
foi feita pelo jornal estadunidense The Washington Post e o monitoramento da
vida do escritor começou desde quando foi trabalhar em Nova York em 1961 e
mudou-se para os Estados Unidos com a companheira. A vigilância se manteria
durante 24 anos. O jornal teve contato com 137 páginas do dossiê só agora
revelado, enquanto outra igual quantidade ainda permanece sob sigilo.
Possivelmente nos arquivos não revelados esteja a resposta sobre por que esse
interesse em seguir secretamente os passos do autor de 'Cem anos de solidão'.
Apesar de revelar determinadas ordens, os papéis agora apresentados não
esclarecem os motivos dessa obsessão do FBI, mas foi nessa época que García
Márquez se tornou amigo próximo do líder cubano Fidel Castro.
>>> Brasil: Sombras
de reis barbudos é mais um título na reedição da obra de José J. Veiga
Publicado
pela primeira vez em 1972, o romance é lido pela crítica como uma alegoria
sobre a Ditadura Militar no Brasil, ao contar a história de uma cidade que
recebe a Companhia Melhoramentos de Taitara, símbolo da modernidade. Aos
poucos, porém, a empresa impõe uma rotina tirânica aos moradores. Editado pela Companhia das Letras,
este é o terceiro título, depois de Os cavalinhos de Platiplanto e A hora
dos ruminantes, duas obras já resenhadas pelo blog Letras in.verso e re.verso, aqui e aqui, respectivamente.
Terça-feira,
08/09
>>> Brasil: Novas
traduções da obra de James Joyce
Depois da
nova tradução de Ulysses publicada pela Penguin /Companhia das Letras, as
livrarias brasileiras receberão uma leva de novas traduções de James Joyce.
Todas pela Lumme Editor. Agora em outubro já sai um volume reunindo os infantis O gato e o Diabo e Os gatos de Copenhague. Do início de 2016 em diante
publica-se Rejoyce, que apresentará diversas versões para fragmentos de
Finnegans wake, Stephen herói, Dublinenses. Nesse grupo, há ainda o
interesse de uma nova versão para Finnegans, com o título Vigília/Incelença/Elegia para Finnegan. As traduções estão nas mãos Eclair
Antonio Almeida Filho, Josina Nunes Roncisvalle e Leonardo Souza.
>>> Brasil: Poema de
Ovídio ganha tradução
É o segundo
volume de uma coleção preparada pela Autêntica Editora com
clássicos da literatura; já uma vez dissemos aqui sobre a edição de Prometeu
desacorrentado e outros poemas, de Percy Shilley e agora noticiamos a edição
de Fastos, de Ovídio. Em edição bilíngue com tradução de Márcio Meirelles
Gouvêa Júnior a obra foi concebida pelo poeta inspirada no calendário romano instituído
pelo imperador Augusto. O resultado é um poema que se aproxima de temas que vão
do grandioso ao ínfimo extraído de um território aparentemente árido para a
poesia.
>>> Brasil: Livro
inédito de Nikos Kazantzákis chega às livrarias
O Capitão
Mihális (liberdade ou morte) foi publicado originalmente em 1953, e se passa
na cidade de Megalo Kastro, em Creta; tem como pano de fundo uma revolta dos
cretenses que durou oito meses e foi sufocada pelo então dominador turco. A
primeira edição brasileira, traduzido diretamente do grego por Silvia
Ricardino, é uma ação da Grua Livros que
reeditou outros dois títulos do escritor grego, A última tentação [resenhado
no Letras in.verso e
re.verso aqui] e Vida e proezas de Aléxis Zorbás.
De forte tom histórico, O Capitão... recobra vários episódios da história
grega através de fatos e indivíduos conhecidos do autor que, para descrevê-los,
ressuscitou dentro de si a aldeia de sua infância.
Quarta-feira,
09/09
>>> Estados Unidos: Encontrada
partitura da melodia de "Parabéns a você"
Em
português, espanhol, francês, italiano... a canção cantada por todos para
desejar feliz aniversário tem uma melodia quase universal, mas, até hoje,
ninguém tinha pistas sobre o paradeiro de um registro que averbasse seu
nascimento. Há alguns dias, o bibliotecário da Universidade de Lousville, James
Procell, descobriu nos arquivos dessa biblioteca as pautas originais que deram
forma à canção popular que data de 1893. Procell trabalhava num arquivo de
documentos musicais da década de 1950 quando encontrou uma pasta com três
dezenas de composições de mais um século de existência. A canção, que no
original tem o título de 'Happy birthday to you' foi escrita a mão por Mildred
Hill, quem a compôs em parceria com sua irmã em 1893 a partir da melodia de
'Good morning to all' ['Bom dia a todos'], uma cantiga usada para ensinar
saudação às crianças. A descoberta poderá ter um impacto nos benefícios pelos
direitos do autor, atualmente em mãos da Warner Music, quem, graças à canção,
arrecada ao ano 2 milhões de dólares. No Brasil, 'Parabéns a você' chegou
cantada ainda em inglês; Almirante, da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, organizou
em 1942 um concurso para escolher uma letra que casasse com a melodia da
cantiga estadunidense. Das 5 mil participantes, a vencedora escolhida pelo júri
composto por imortais da Academia
Brasileira de Letras foi a da paulista Bertha Celeste Homem de Mello.
>>> Brasil: Nova
tradução de O duelo, de Anton Tchekhov
Na semana
anterior, o Letras publicou uma matéria sobre o chamado Século de Ouro da Literatura Russa. Na ocasião ressaltamos a forte
presença dessa literatura nas últimas décadas no Brasil. Pois bem, tem só um ano que a Editora 34,
uma das principais responsáveis pelo boom russo por aqui, trouxe-nos uma
tradução (feita por Marina Tenório) para O duelo. Agora, o texto de Tchekhov
ganha uma edição, pode-se dizer, de luxo da Amarilys Editora. A nova
edição em capa dura, com tradução inédita e direta do russo, de Klara
Gourianóva, prefácio assinado por Elena Vássina, pesquisadora de literatura
russa e professora da Universidade de São Paulo, e ilustrações do artista
gráfico Hélio de Almeida faz parte de uma coleção que já publicou A morte de
Ivan Ilitch e outras histórias (tradução revista de Tatiana Belinky), de Liev
Tolstói.
>>> Portugal: Novo livro
de Valter Hugo Mãe chega às livrarias até o fim de novembro
"Já
repararam que escrevo contos eróticos na nova Playboy portuguesa?" -
escreveu há três anos VHM em sua página no Facebook. Além desses texto, o
leitor sabe que o escritor português tem se dedicado à narrativa curta desde
sempre com a participação em antologias diversas. Recentemente, a Cosac Naify, responsável por sua
obra no Brasil, publicou O paraíso são os outros (resenhando pelo Letras aqui). Mas, só
agora, finalmente, o leitor terá uma antologia com textos dessa natureza. Ainda
com o título provisório de Contos o livro sairá pela Porto Editora, nova casa
editorial do autor em Portugal, e terá nove contos inéditos com ilustrações de
artistas como Paula Rego, Graça Morais, Joana Vasconcelos, José Reis e Ana
Aragão. O livro terá prefácio de Mia Couto.
A presença mais recente de publicações no Brasil foi alguns poemas editados no Caderno-revista 7faces.
Por enquanto, sabe-se que Mãe trabalha já no seu próximo romance.
Quinta-feira,
10/09
>>> Inglaterra: Os 125 anos
de Agatha Christie celebrados com a pompa que merece
Em Torquay,
terra natal da Rainha do Crime começa um evento que é o ponto alto das
celebrações pelos seus 125 anos: o 'Festival Internacional Agatha Christie'.
Será necessário todo o mês de setembro com leituras dramatizadas, festival de
cinema, festival gastronômico, debates com herdeiros de Agatha, itinerários
turísticos pela terra da escritora e encontros com leitores e estudiosos de sua
obra para alcançar uma visita à obra de Agatha. Mas, o grande destaque é a exposição
'The Agatha Christie: Unfinished Portrait' ['Agatha Christie: retrato
inacabado'] que abre o álbum de fotos pessoais da famosa escritora britânica e
revela imagens nunca antes vistas. O responsável pela mostra é o único neto da
escritora, Mathew Prichard. No nosso Tumblr publicamos dois conjuntos de fotografias raras da escritora.
>>> Brasil: A poesia de
Pier Palo Pasolini
A produção
literária do gênero feita por Pasolini é quase desconhecida no Brasil, tanto
pela inexistência de traduções, como por ter ficado conhecido aqui, sobretudo
como cineasta. Agora não mais. A Cosac Naify traz uma edição
inédita, em formato bilíngue, da poesia do italiano. O livro traz introdução,
posfácio e notas especiais. Os poemas de Pasolini são construídos por estilo
poético “experimentalista” (parte deles em dialeto friulano) que denotam uma
sensibilidade extrema, ora confessionais e ora voltados para a temática
social.Neles convivem ainda a temática homossexual e a sensualidade e temática
política num diálogo estabelecido com o pensamento filosófico e político de
Gramsci.
>>> Estados Unidos: Projeto
disponibiliza gravações raras com nomes como John Updike, Philip Roth
e outros
As gravações
foram feitas primeiro em LPs (as mais antigas), depois em fitas K7. E agora
foram disponibilizadas em CDs e para download. Calliope Author Readings é um
projeto que data da década de 1960 cujo interesse é o do registro fonográfico
de grandes nomes da literatura estadunidense na leitura de suas obras. Em 1963
foram lançados sete discos com duração entre 14 e 24 minutos. A tecnologia
avança, mas os registros não se perderam; estão mais próximos dos leitores de
todo o mundo. São agora nove gravações coletadas em dois CDs. Para todas as
informações e aquisição do material vá aqui.
Sexta-feira,
11/09
>>> Brasil: "A
hora e a vez de Augusto Matraga" ganha nova adaptação para o cinema
A primeira
vez que o conto de Sagarana, do escritor Guimarães Rosa ganhou forma pelo
cinema foi em 1966 pelas mãos de Roberto Santos. Agora, Vinicius Coimbra
reconta a história do cangaceiro 'que se converte em gente comum'. Pelo que
reza a sinopse do filme que estreia no próximo dia 24, A hora e a vez de
Augusto Matraga segue de perto o enredo original: Augusto Matraga é um fazendeiro
orgulhoso, valente e mulherengo, que está à beira da falência. Sua esposa
Dionóra resolve abandoná-lo com a filha do casal, ao receber uma proposta feita
por Ouvídio Moura. A situação faz com que Augusto fique enfurecido e parta para
a casa de Ouvídio, em busca de vingança. Lá ele é espancado pelos capangas de
Consilva, que o marcam com ferro e o atiram em um precipício para morrer. À
beira da morte, Augusto é encontrado por um casal, que cuida de sua
recuperação. Cinco anos depois ele deixa o local, completamente mudado e agora
temente a Deus. João Miguel (imagem) é quem vive agora o jagunço Matraga.
Aproveitem e revejam nossa lista de filmes de 2015 que são adaptações de obras literárias.
>>> Brasil: Nova
tradução do clássico Poética, de Aristóteles
Não podemos
reclamar que o texto esteja distante de nosso alcance, mas há muito
necessitávamos de um retorno à sua plena forma. Poética é um tratado sobre as
formas literárias indispensável a qualquer leitor. Paulo Pinheiro recupera a
tradição de vinte e três séculos da obra numa tradução rigorosamente amparada
em notas e atenta às pesquisas mais recentes. A edição bilíngue é da Editora 34.
>>> Brasil: Uma tradução
para A peregrinação de Child Harold, de Lord Byron
O poema é um
dos clássicos da obra do poeta inglês e foi fruto de uma extensa viagem entre
1809 e 1811 por Portugal, Espanha, França e Grécia. A nova edição brasileira é
traduzida por Francisco J. P. Guimarães. Precedido de apresentação, o poema é
acompanhado por diversas notas e imagens de edições antigas. Este é o primeiro
lançamento da jovem Editora
Anticítera que aposta na edição luxo, com tiragem limitada e numerada.
O trabalho da editora combina o rico trabalho das edições antigas com a
tecnologia do livro contemporânea. Na lista dos próximos títulos está uma nova
edição para As flores do mal, de Charles Baudelaire, reunindo as traduções de
vários poetas – de 1890 a 1910 e das Odes, de Horácio.
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