Boletim Letras 360º #120
Sem muito saber o que escrever por aqui; só vamos deixar abaixo as notícias que circularam em nossa página no Facebook durante a semana e o motivo deste BO. Bem, esta post foi criada para organizar todas as notícias que publicamos na semana em nossa página no Facebook J Assim, a vida não se reduz ao virtual e pela celeridade com que postamos às vezes há coisas que muita gente deixa de ver/ler. Enfim, já estamos na semana 120 desde que criamos a ideia.
Segunda-feira,
22/06
>>> Brasil: As últimas
correspondências de Machado de Assis
Depois de
publicados 4 tomos, um trabalho que se iniciou no ano do centenário de morte do
escritor (2008) chega ao fim com a publicação de seu último volume. O quinto
tomo de Correspondência de Machado de Assis (Edição Academia Brasileira de Letras)
vem a lume em julho e reúne cartas dos derradeiros anos de vida do escritor, de
1905 a 1908. Nesse período, Machado lançou duas obras: Relíquias da casa
velha (1906) e Memorial de Aires (1908). Este último, o escritor pensou que
não viveria para ver publicado. Os exemplares, impressos na Europa, tiveram
problemas alfandegários e ficaram retidos e as cartas registram sua preocupação
com aquele que chamou de último livro. Depois desse exercício hercúleo, os
pesquisadores Sergio Paulo Rouanet, Silvia Eleuterio e Irene Moutinho não
descarta a possibilidade da existência de outras missivas: “Em alguns casos,
sobraram as cartas que Machado recebeu, mas desapareceram aquelas que ele
enviou. Nada impede que elas sejam encontradas”.
>>> Brasil: Uma coleção
com o suprassumo da literatura brasileira e universal
É o catálogo
50 anos da Editora
Nova Fronteira que desde o início de 2015 tem dedicado a repaginar
algumas das estrelas no seu catálogo. A casa foi criada por Carlos Lacerda em
1965 e hospeda obras de Guimarães Rosa, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues,
Ariano Suassuna, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Virginia Woolf e T.S.
Eliot, entre outros. A Coleção 50 Anos reunirá 20 livros divididos em quatro
lotes. Na primeira leva, já disponível nas livrarias, estão títulos como Sagarana, de Guimarães Rosa, Mrs. Dalloway, de Virginia
Woolf (o livro tem agora três edições diferentes no Brasil), O albatroz
azul, de João Ubaldo Ribeiro, Contos
novos, de Mário de Andrade e Poemas escolhidos, de Ferreira
Gullar.
>>> Brasil: Tem início
nesta segunda-feira, 22 de junho de 2015, às 19h, a abertura da exposição
"Poesia Agora"
É fato que
na literatura brasileira contemporânea nunca se escreveu tanto. Poesia,
sobretudo. Sobram poetas e faltam leitores, eis uma verdade. A prova da
quantidade de nomes está na exposição criada entre o jornal Plástico Bolha e o
Museu da Língua Portuguesa: nada menos que 500 nomes se apresentam nesta edição
que tem o interesse de tirar a poesia da gaveta e dos livros para testá-la em
suportes diversos. A curadoria é de Lucas Viriato e coordenação artística de
Domingos Guimaraens e Yassu Noguchi; a exposição estará em cartaz até o dia 27
de setembro, com uma programação especial e gratuita prevista para 8 sábados.
Programa imperdível aos amigos de São Paulo!
Terça-feira,
23/06
>>> Brasil: Livrarias receberão inéditos de John Updike
Já
noticiamos por aqui que o Selo Biblioteca Azul da Globo Livros anunciou a reedição
da obra do escritor estadunidense. Os leitores já têm acesso a dois títulos
lançados desde abril: os romances Quer casar comigo? (1976) e Busca minha face (2002). Dentre outros títulos, como a tetralogia
'Coelho',está a publicação de dois volumes inéditos com todos os contos do
autor.
>>> Brasil: Primeira
biografia de Philip K. Dick chega com o interesse em revelar a
complexa vida e desvendar os universos do escritor
Foi toda uma
vida dedicada à ficção científica, enquanto seu país, os Estados Unidos,
passava por amplas mudanças. Fatos que, aliados a uma vida pessoal e familiar
atribulada, afetaram a visão de mundo e a obra do autor. Sem deixar de lado sua
produção literária, A vida de Philip K. Dick (editado pela Seoman),
de Anthony Peake, é a mais recente biografia de Dick e a primeira publicada no
Brasil.
>>> Brasil: Decisão da
Academia Brasileira de Letras em não conceder o prêmio à categoria poesia é
problemática: não temos poetas ou não temos leitores?
Ontem (22)
divulgamos sobre a abertura da exposição no Museu da Língua Portuguesa em São
Paulo com a participação de 500 poetas. Tocamos na questão de que falta
leitores de poesia. E hoje somos surpreendidos com a decisão da ABL com a
afirmativa de que os livros de poesia publicados em 2014 não são, nenhum,
dignos do Prêmio Machado de Assis. Na quinta-feira (25) são divulgadas o
restante dos prêmios. Para romance, já sabemos, vazou o ganhador desde alguns
meses, Rubem Fonseca. Em 2014, o prêmio de poesia foi para o desconhecido
Gabriel Nascente, pelo livro A biografia da cinza.
>>> Chile: Enquanto a
Academia Brasileira de Letras diz que não livros de poesia premiáveis, o poeta
brasileiro Augusto de Campos acaba de provar o contrário. Foi-lhe outorgado
pelo Conselho Nacional de Cultura e Artes do Chile o Prêmio Iberoamericano de
Poesia Pablo Neruda
Escritor,
ensaísta e tradutor, Augusto de Campos ficou conhecido junto com o irmão,
Haroldo de Campos, como um dos fundadores do movimento da poesia concreta:
"Pertenço a uma família de escritores e poetas que não têm expectativas de
reconhecimento. Décio Pignatari, por exemplo, nunca ganhou um prêmio sequer, no
Brasil ou no exterior. Espero que a escolha repercuta na valorização da poesia,
que hoje está tão marginalizada. Se o prêmio servir a esse propósito, ficarei
feliz. A valorização ao meu nome é o que menos me interessa", disse o
poeta.
Quarta-feira,
24/06
>>> Brasil: Uma coleção
de cartas indispensável
Publicado
entre 2001 e 2013 pela EDUSP, o projeto que reúne a correspondência de Mário de
Andrade é de extrema valia para redescobrir o escritor que foi. Ao todo são
cinco volumes, assim distribuídos: (1) com Manuel Bandeira - é o maior espólio
do gênero produzido pelo escritor em mais de três décadas de confidências, o
volume organizado por Marcos A. de Moraes tem mais mais de 700 páginas e foi
vencedor do Prêmio Jabuti em 2001; (2) organizado por Aracy Amaral, o
segundo volume reúne correspondências de Mário com Tarsila do Amaral, uma das
figuras mais importantes da cena modernista; (3) aqui as cartas organizadas por
Eneida M. de Souza são as que escritor trocou com Henriqueta Lisboa entre 1930
e 1945; o volume (4) dedica-se às missivas entre Mário e escritores argentinos
e foi organizado por Patricia Maria Artundo; e o (5) a correspondência de Mário
de Andrade trocada com Luiz Camillo de Oliveira Netto no período que vai de
1932 a 1944 - a organização é de Maria L. Penna. Vale citar, além desses
volumes, as edições de cartas entre Mário e Câmara Cascudo (Global Editora) e entre o
escritor e Carlos Drummond de Andrade reeditada agora em 2015 pela Companhia das Letras (cf.
divulgamos aqui).
>>> Brasil: É possível
outra 'Geração de Vagalumes'?
A suspeita
foi levantada pela coluna da Raquel Cozer no jornal Folha de São Paulo. É
sabido que a Ática vai reeditar alguns dos já clássicos títulos da série juvenil
da década de 1970 (cf. já noticiamos varias vezes por aqui). Por ora, está
previsto 10 relançamentos em 2015. Mas, a editora planeja fazer um retorno à
série e publicar títulos inéditos escritos por novos autores. Especulando:
possivelmente tudo deverá depender de como os leitores reagirão às reedições.
Bom, os relançamentos são para A aldeia sagrada, de Francisco
Marins; Os barcos de papel, de José Maviel Monteiro, Tonico, de José Rezende Filho, O feijão e o sonho, de
Orígenes Lessa, Spharion, de Lúcia Machado de Almeida, A ilha
perdida, de Maria José Dupré, O escaravelho do diabo, de Lucia
Machado de Almeida (o ouro da coleção - há um filme em produção cf. já falamos
também), A turma da Rua Quinze, de Marçal Aquino, Deu a louca
no tempo, de Marcelo Duarte e Açúcar amargo, de Luiz Puntel.
>>> Acredita que
leitura e banho não combinam? Então leia esta breve postagem
Independente
de ir à banheira e não conseguir levar o livro, acontece entre os mais
desatentos de encharcar um romance recém-adquirido em café, chá, vinho, enfim,
essas coisas que combinam perfeitamente com uma leitura de relaxamento. Pois,
esse problema pode estar com os dias contados. O casal de Amsterdã Jasper
Jansen e Wing Weng começou a trabalhar para fundar o Bibliobath, uma
empresa em estágio inicial cujo interesse é publicar livros impermeáveis. E
como, exatamente, esses livros à prova d'água funcionam? Bem, eles não são
brinquedos desajeitados como livros de banho para crianças, mas livros cujas
páginas são de um papel sintético feito de polipropileno, o mesmo material
popular usado para outros artigos impressos, tais como cartões de crédito. A
livraria dos dois já tem alguns títulos como Macbeth (Shakespeare), contos de
Twain e poesia de Yeats limitados que são oferecidos a quem contribuir com o
projeto (o casal angaria fundos para a ideia vingar). Agora, estes não são os
primeiros livros de papel impermeável já publicados. Em 2002 foi organizada uma
antologia de poesia erótica e agora a tecnologia quer ser trazida para o leitor
comum.
Quinta-feira,
25/06
>>> Portugal: Uma edição
fac-similar dos dois primeiros números da Revista Orpheu
Já havíamos
noticiado da iniciativa. Agora, viemos falar sobre o assunto, porque, é
simplesmente indispensável falar: as Edições
tinta-da-china divulgaram a chegada às livrarias do projeto que assinala com
letra de ouro os 100 anos da primeira edição de Orpheu. O projeto inclui os
números 1 e 2 da revista, as provas tipográficas do número 3, que nunca chegou
a ser publicado, 4 ilustrações inéditas de Amadeo de Souza-Cardoso, que se
julga destinarem‑se ao 3.º número da revista e a brochura editorial da autoria
de Steffen Dix, contextualizando o Orpheu no modernismo. O material vem reunido
numa caixa de coleção forrada a tecido, serigrafada e numerada. A edição é
limitada e está em pré-venda aqui.
>>> Brasil: Instituto
Moreira Salles revela a lista de nomes que ajudaram Manuel Bandeira a publicar
o hoje clássico Estrela manhã. O livro só saiu na época porque foi
financiado por 50 companheiros poetas e não poetas - gente como Mário de
Andrade, Carlos Drummond, Candido Portinari, Pedro Nava, Vinicius de Moraes,
José Lins do Rêgo e outros
A primeira
edição do livro que não passa das 70 páginas foi publicada em 1936, quando o poeta
de Pasárgada completava 50 anos. "Ao contrário do que se poderia esperar,
nem a data de aniversário, redonda e notável, nem a consagração que o poeta já
gozava desde o lançamento de 'Libertinagem' (1930), facilitaram a publicação
desse seu quinto livro. Não fosse o papel presenteado pelo amigo Luís Camillo
de Oliveira Netto, mineiro de Itabira como Drummond, e o apoio financeiro de
outros cinquenta companheiros que fizeram uma subscrição para financiar a obra,
talvez os 28 poemas não tivessem sido coletados em 'Estrela da manhã', que tem
ilustração de Santa Rosa na capa e na folha de rosto, além de reprodução fotográfica
de um desenho de Bandeira a fusain, feito por Portinari (imagem)." Leia
mais aqui.
>>> Apresentamos
Roland Barthes, o pintor
Uma vez
apresentamos no nosso Tumblr (o link está no fim desta post) o trabalho em
artes plásticas de uma das figuras mais importantes do pensamento
contemporâneo. Pois bem, agora, ao menos os que estiverem em São Paulo podem
conhecer de perto este outro exercício de Roland Barthes. Claro, a exposição é
sobre a vida do pensador, mas há, entre as salas que contam sua trajetória essa
dedicação sua às artes plásticas. Com curadoria adjunta de Gisela Bergonzoni e
Juliana Bratfisch, "Roland Barthes plural" fica em cartaz na Casa das
Rosas até o dia 20 de setembro. Tem mais informações aqui. E As
reproduções da telas de Barthes no nosso Tumblr estão em aqui.
>>> Japão: Uma livraria que só vende um livro
Morioka
Shoten não é um lugar para ir e ficar horas a fio vendo livros, saltando
leituras até se decidir por comprar alguma coisa ou nenhuma. É uma livraria de
um livro só. O estoque é mudado a cada semana e, além da obra, o leitor pode
visitar uma série de outros elementos inspirados no livro disponível para
venda: fotografias, pinturas, música etc. Ou seja, mais que uma livraria,
trata-se de uma loja-conceito cujo interesse parece ser o de mostrar quantas
formas pode assumir uma mesma obra literária.
Sexta-feira,
26/06
>>> Brasil: No ano em
que assinala a passagem dos 70 anos da morte do poeta, uma box reúne toda sua
poesia
O primeiro
esboço para uma obra completa de Mário de Andrade foi elaborado por ele 1941.
Dois anos mais tarde, quando refaz o mesmo planto para a Livraria Martins Editora, Poesias completas deveria ampliar o seu conteúdo e, além dos
títulos publicados no modernismo da década de 1920 (Pauliceia
desvairada/1922, Losango cáqui/1926, Clã do
jabuti/1927) os livros da década seguinte (Remate de males com os inéditos A costela do Grã Cão e Livro azul). Mas, ficam de fora os
inéditos divulgados a partir de 1941 como "O carro da Miséria".
Apenas em 1955, dez anos após a morte do autor, a obra completa se concretiza
de fato. Agora a Editora Nova Fronteira reúne numa caixa dois volumes que busca
restituir, nos textos apurados mediante o confronto com edições em vida e
manuscritos, o projeto original de Mário de Andrade para esse livro.
>>> Brasil: Inéditos de
John Fante publicados no Brasil
Quando, em
um dia de verão de 1994, o escritor Stephen Cooper decidiu visitar o rancho de
Joyce Fante, em Malibu, ele não podia imaginar a surpresa que o esperava. Era o
seu terceiro encontro com a viúva de John Fante. A anfitriã o levou até um
quarto empoeirado, apontando-lhe algumas gavetas cheias de arquivos. Ali, entre
fotografias, contratos, declarações de renda, fichas médicas, cadernetas de
endereços e muitos outros documentos, Cooper se deparou com vários textos de
Fante, um dos maiores autores estadunidenses do século 20. Do material
encontrado, ele selecionou 17 contos para integrar o livro A grande
fome que sai agora pela Editora José Olympio que também reedita Pergunte ao pó, seu romance mais famoso.
>>> O que
podemos chamar de plágio? Escritor argentino é condenado por um crime que diz
não ter cometido. Alguma opinião?
Pablo
Katchadjian acrescentou 5.600 palavras suas ao conto O Aleph, de
Jorge Luis Borges e chamou de Aleph Engordado. Por isso foi acusado
de plágio e corre o risco de ir parar na prisão. O texto foi publicado em 2009
por pequena editora. No posfácio, ele descreveu a ideia do que havia criado.
"O trabalho de engorda teve uma só regra: não tirar nem alterar nada do
texto original, palavras, vírgulas, pontuação ou ordem. Isso significa que o
texto de Borges está intacto, mas totalmente cruzado pelo meu, de modo que, se
alguém quiser, poderia voltar ao texto de Borges". A viúva de Borges
entendeu o contrário. Acusa-o de adulterar a obra e o caso foi para a justiça.
O processo começou em 2011 e terá novo julgamento no próximo mês de julho.
Escritores e editores farão um movimento em nome de Katchadjian.
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