Boletim Letras 360º #100

José Saramago: um escritor sempre no centro das atenções. Nas celebrações pelos 35 anos do romance Levantado do chão a Fundação que leva seu nome relembra pontos importantes sobre esse que é um dos principais romances do escritor português; no Brasil, os leitores recebem a primeira edição eletrônica da Revista de estudos saramaguianos.


100 publicações dessas; 100 semanas desde que decidimos preencher a vasta rede social com informação sobre um trabalho que dignifica o homem por sua criatividade: a literatura e as demais expressões artísticas. Que esses 100 boletins sirvam de impulso para fazer ainda muito sobre os temas aos quais se dedica o Letras.  

Segunda-feira, 02/02

>>> Brasil: A vida criativa de Philip Roth em português

A Companhia das Letras apresenta em fevereiro Roth libertado. Escrito por Claudia Roth Pierpont, a obra é um relato envolvente, capaz de mergulhar na complexidade do trabalho de um dos maiores nomes da literatura estadunidense contemporânea. Aos leitores, atenção! O livro não uma biografia, mas uma tentativa de entender um grande escritor por meio de sua arte.

>>> Japão: A conversa de Haruki Murakami na web com os leitores

Em nada surpreendeu a quantidade de perguntas que tem recebido até fins de janeiro Haruki Murakami em sua estreia na web em “O lugar do senhor Murkami”. Mas o que não deixa de ser surpreendente, dizem os leitores, é a rapidez com que o escritor japonês tem respondido a questões de todo tipo. Entre elas, referiu-se a arte de escrever confessando ser um tanto tímido como seus personagens masculinos; sobre ser sempre um dos apostados para o Prêmio Nobel: “é muito mal [...] nem sequer sou um dos finalistas oficiais, embora seja sempre o nome das apostas de alguém. Me sinto como se fosse um cavalo de corrida”; e, claro, sobre gatos – gatos desaparecidos: “os gatos têm tendência ao desaparecimento, assim tem que cuidá-los bem para que estejam por perto.” Em japonês, a página está aqui. Por quanto tempo isso irá durar? Não sabemos. 

>>> Brasil: João Ubaldo Ribeiro para crianças

A vingança de Charles Tiburone é o segundo do autor escrito para esse público e publicado pela Alfaguara Brasil. Escrito em 1990, o livro reúne peixes falantes, uma turma de amigos muito unida, uma pitada de fantasia e uma trama das mais inventivas. O livro também aborda temáticas importantes como a influência da cultura e da língua estrangeira em nosso comportamento. Questões como democracia, revolução e ditadura são o pano de fundo desta divertida incursão ao fundo do mar. Outro título do gênero é Dez bons conselhos de meu pai; o escritor era muito ligado ao pai, Manuel Ribeiro, um homem que ele admirava e se inspirava e a obra traduz em frases curtas e pensamentos essenciais seus principais aprendizados.



Terça-feira, 03/02

>>> Inglaterra: Estas (imagem) podem ser as duas únicas esculturas de Michelangelo 

A autoria tem sido mais uma daquelas polêmicas do mundo da arte. Mas uma nova pesquisa assegura que as duas imagens são, sim, do grande nome do Renascimento como se acreditava até finais do séc. XIX, quando foi rebatida a teoria ao atribuir que o autor das peças era de diferentes mestres, desde Ticiano a Cellini. A afirmação que assinala um retorno ao que se dizia antes é da Universidade de Cambridge que publica em julho a totalidade da pesquisa.

>>> França: Cartas de Clarice Lispector ao alcance do leitor francês

A coletânea de cartas Minhas queridas ganhará edição francesa. O livro reúne cartas escritas por Clarice Lispector às irmãs Tania Kaufmann e Elisa Lispector, entre 1940 e 1957. O título sai a tempo da celebração do Brasil como país homenageado do próximo Salão do Livro de Paris, em março deste ano. Simultaneamente ao lançamento do livro, as livrarias francesas recebem também um audiolivro gravado pela atriz Fanny Ardant, lendo trechos de Laços de família. Essa não é a primeira vez que atrizes estrangeiras gravam livros de Clarice Lipesctor para CD. Hélène Fillières, Annouk Aimée e Chiara Mastroiani já emprestaram suas vozes às obras da autora. "Minhas queridas", que no Brasil tem edição da Editora Rocco tem uma importância singular para entender a trajetória literária de Clarice e, mesmo, apontar novas leituras sobre a sua biografia. Organizado pela professora Teresa Montero, autora da biografia Eu sou uma pergunta, o livro traz 120 cartas inéditas escritas por Clarice Lispector.

>>> Inglaterra: 52 cartas da família da mãe de Jane Austen

Uma janela para a vida da família da mãe de Jane Austen. Mas, qual seria a relação do material ora adquirido pela Biblioteca de Huntington, na Califórnia, com a autora de Orgulho e preconceito? Bom, além do parentesco (mãe é mãe) os manuscritos revelariam materiais com os quais Jane Austen modelariam os cenários de "Mansfield Park". As cartas têm conteúdo "profundamente pessoal", diz Vanessa Wilkie, curadora dos manuscritos, e apesar de não mencionar o nome de Austen, "vai ajudar as pessoas a desenvolver uma compreensão mais viva do mundo imediato da escritor" . A maioria das próprias cartas de Austen foi queimada por sua irmã.

Quarta-feira, 04/02

>>> Rússia: Dom Quixote para a dança

Este ano é celebrado os 400 anos da publicação da segunda parte do romance de Cervantes. Adaptado para o balé pelo Teatro Bolshói de Moscou em 1869, a obra readquire a cor de seu tempo agora em 2015 a título de assinalar tão importante data. É bem verdade que o espetáculo tem muito mais a ver com a coreografia montada por Alexander Gorski em 1900 (que neste ano alcança os 115 anos) e a montada por Rostislav Zajárov em 1940, que ficou em cartaz por longas 75 temporadas.

>>> Portugal: Fundação José Saramago recorda os 35 anos da publicação de Levantado do chão com mostra on-line

No dia 22 de fevereiro de 1980 José Saramago apresentou na Casa do Alentejo o livro que começou a sedimentar a sua carreira literária. Embora já tivesse publicado dois romances, contos, teatro, poesias e crônicas, foi com esse retrato de três gerações de uma família do Alentejo que o escritor português inaugurava uma maneira própria de narrar que o acompanharia até ao final da vida. Esse é um dos títulos fundamentais na obra de José Saramago: “Penso que as duas obras que marcam a minha narrativa, que eu dividiria em dois períodos distintos, e que mostram os meus sinais de identidade são Levantado do chão' e o Ensaio sobre a cegueira”, disse o escritor em 2007, numa entrevista a Andrés Sorel. E, para marcar a data, neste mês de fevereiro, a seção Memória do sítio da Fundação recupera entrevistas, reportagens e outros documentos que nos ajudarão a recordar o nascimento desse livro.

Quinta-feira, 05/02

>>> Estados Unidos: Harper Lee, 50 anos depois

A autora vencedora do Prêmio Pulitzer, vai publicar seu segundo romance mais de 50 anos após o lançamento do clássico O sol é para todos. Go set a watchman foi na verdade escrito antes do primeiro romance, mas Harper Lee, achava que o manuscrito havia sido perdido até ser encontrado por sua advogada. A narrativa se passa nos anos 1950 e traz as mesmas personagens de O sol é para todos, só que 20 anos mais velhas. O lançamento foi marcado para julho. A obra publicada em 1960, pouco depois do despertar do movimento em prol dos direitos civis nos EUA, se tornou leitura obrigatória em muitas escolas naquele país e o livro vendeu um número estimado de 30 milhões de cópias.

>>> Brasil: Alice, uma menina de 150 anos

Em maio, a Cosac Naify lançará Alice através do espelho, em duas edições, comercial e para colecionadores, a exemplo do que fez em 2009 com Alice no País das Maravilhas. Se esta última recebeu tradução do historiador Nicolau Sevcenko e ilustrações do artista plástico Luiz Zebini, agora será o poeta Alexandre Barbosa de Sousa o responsável por traduzir para o português o texto carrolliano. As ilustrações serão assinadas pela artista plástica Rosangela Rennó. Em 2015, a personagem de Lewis Carroll chega aos 150 anos.

Sexta-feira, 06/02

>>> Brasil: Julio Cortázar e a fascinação das palavras

Em 2014 nós falamos sobre o livro A fascinação das palavras; pois bem, agora em fevereiro os leitores terão a oportunidade de ficar diante de Julio Cortázar e Omar Prego Gadea. Os dois se encontraram pela última vez em 20 de janeiro de 1984 e haviam se conhecido dez anos antes, em um vernissage, em Paris. Em 1982, depois da morte de Carol Dunlop, companheira do escritor argentino, nasceu a ideia desta obra – “um livro muito doido”, segundo Cortázar. Os dois amigos combinaram, então, de escrever um texto “a quatro mãos”, sem temas proibidos. A conversa foi interrompida somente com o falecimento do autor, em 12 de fevereiro de 1984. A edição da Editora Record - Civilização Brasileira.

>>> Brasil: As primeiras edições eletrônicas para a Revista de Estudos Saramaguianos

Em novembro de 2014, por ocasião do 92º aniversário de José Saramago, chegou-nos a notícia da organização de uma edição que promete alçar novas correntezas em torno da literatura saramaguiana: um periódico dedicado exclusivamente a tratar a obra do Prêmio Nobel de Literatura. Agora, mais uma parte da novidade: os dois volumes do que são as primeiras edições eletrônicas do 1º número da revista. Com textos de Ana Paula Arnaut, Carlos Reis, Conceição Flores, Teresa Cristina Cerdeira, Salma Ferraz, Fabiana Takahashi, Lilian Lopondo, Miguel Koleff e Pedro Fernandes, editor do Letras in.verso e re.verso, os dois volumes compilam parte do conteúdo editado em versão impressa com tiragem limitada exclusiva da Editora Patuá e Fundação José Saramago. Os dois volumes da edição eletrônica podem ser descarregados diretamente através do site.

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