Dia do mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen
Por Pedro Belo Clara Sobre Sophia já tudo terá sido dito. Se não tudo, pelo menos quase. Mesmo que as múltiplas considerações de notáveis amigos, familiares ou meros admiradores da célebre autora não sejam suficientes, a obra falará por si – como seria de esperar. Nas palavras de José Agostinho Baptista, a própria definição de tudo, sonho e real, ou a simples manifestação léxica erigida em verso só aos poetas cabe em direito: «eles que digam tudo, quase tudo, eles que nos cerquem, que nos toquem». E Sophia sem dúvida que pertence a essa ínclita estirpe de poetas que ainda nos cercam e nos tocam com a mais suave subtileza de uma palavra depurada ou de um poema amanhecido. Encerramos o mês que, como se sabe, marcou uma década desde o desaparecimento físico de Sophia com a sugestão de mais um livro de índole poética. No caso, Dia do Mar , um dos seus primeiros trabalhos, editado em 1947. A bem da verdade, a sugestão é meramente simbólica, já que em alguém tão versado em div