Florbela, de Vicente Alves do Ó
Três casamentos, abortos, amantes, um amor incestuoso pelo irmão que morre tragicamente num acidente de avião, rejeição da crítica pela sua escrita, uma personagem perdidamente entre os fluxos da vida, dada ao arrebatamento em tudo que faz, uma suicida. Um perfil assim, tão simples, mas sublinhado por situações tão complexas, é já matéria suficiente ao exercício criativo em produzir qualquer texto sobre a vida da poeta portuguesa Florbela Espanca. Diante dessas situações, há muitas possibilidades de produção. Fiquemos, no entanto, com duas delas: transformar isso num melodrama típico ou trabalhar o drama até aproximá-lo do trágico. Nem precisa dizer que os dois extremos são um tanto perigosos. E não ter o domínio da objetividade, corre o risco de quem por aí se aventurar dar com os burros n’água. Isto é, transformar uma biografia que muito tem a dizer em qualquer coisa para agradar emoções ou exacerbá-las. A questão se complica ainda mais quando lembramos está diante de