A cruzada moral em Os miseráveis
Por Lee Pontes Eugène Delacroix. La Liberté guidant le peuple Se a literatura é sempre um oceano de possibilidades, Os Miseráveis é um mar em si. Expõe não alguns anos, mas um século. Cem anos saltam de suas páginas que, na nossa leitura, inicia-se pela capa. A editora Martin Claret escolheu da produção artística da revolução francesa o quadro La Liberté guidant le peuple , mais conhecido, de Eugène Delacroix, que eterniza um momento, a revolução de julho de 1830 que levou a queda de Carlos X. Uma mulher surge em primeiro plano com a roupa rasgada e o peito nu. Madame Liberté se ergue sobre aqueles que morreram para defender a revolução. Com uma baioneta em punho e a bandeira da França para o alto, chama os homens à luta contra os inimigos da revolução. O peito nu representa a pureza de seus ideais, que aspiram a um Estado em que homens, mulheres e crianças sejam tratados como iguais. Assim, despe-se de sua condição feminina e luta por um novo futuro. Os sans culottes