Juiz
Por João Antonio Cachorro! A multidão ferve e grita. E xinga de vagabundo a homossexual, ladrão e negro. Passando por bunda-mole, imbecil, safado, arrombado, tratante, comprado e vendido. Debaixo de um mormaço sem brisa, sem árvores e sem refresco, o herói entra em campo. Antes de qualquer gesto seu, é vaiado por todas as bocas, por todos os olhos, em saraivada, os punhos da galera socando o ar. O menor dos palavrões, um xingo grosso mandado, com raiva, para cima de: – Sua mãe está fazendo a vida na casa de Zulmira, vagabundo! Lazarento! Metido no uniforme preto, certinho, brilhante, mangas compridas, o poeta do momento sua no pescoço, nuca, carapinha, sovaco, nas partes, nos nove buracos do corpo e nos quatro cantos do corpo. Procura que procura, sem coçar a carapinha, manter as coisas, sustentar uma categoria e uma limpeza de caráter que não são suas e lhe estão longe. Jacarandá sopra o apito, os jogadores se colocam e o jogo começa.