O 22 da Marajó
Por Monteiro Lobato Esse delírio que por aí vai pelo futebol tem seus fundamentos na própria natureza humana. O espetáculo da luta sempre foi o maior encanto do homem; e o prazer da vitoria, pessoal ou do partido, foi, é e será a ambrosia dos deuses manipulada na terra. Admiramos hoje os grandes filósofos gregos, Platão, Sócrates, Aristóteles, seus coevos, porém, admiravam muito mais aos atletas que venciam no estado. Milon de Crotona, campeão na de torcer pescoços a touros, só para nós tem menos importância que seu mestre Pitágoras. Para os gregos, para a massa popular grega, seria inconcebível a ideia de que o filosofo pudesse no futuro ofuscar a gloria do lutador. Em França o homem hoje mais popular é George Carpentier, mestre em socos de primeira classe; e se derem nas massas um balanço sincero, verão que ele sobrepuja em prestigio aos próprios chefes supremos vencedores da guerra. Nos Estados Unidos ha sempre um campeão de boxe tão entranhado na idolatria do