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Mostrando postagens de junho 25, 2014

Narciso às avessas, que cospe na própria imagem*

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Por Nelson Rodrigues Nelson Rodrigues a postos para mais uma partida com o time pelo qual era capaz de tudo: o Fluminense. Hoje, o meu personagem da semana é uma das potências do futebol brasileiro. Refiro-me ao torcedor. Parece um pobre-diabo, indefeso e desarmado. Ilusão. Na verdade, a torcida pode salvar ou liquidar um time. É o craque que lida com a bola e a chuta. Mas acreditem: — o torcedor está por trás, dispondo. Escrevi acima que o torcedor não é um desarmado e provo. De fato, ele possui uma arma irresistível: — o palpite errado. Empunhando o palpite, dá cutiladas medonhas. Vejam o primeiro jogo com os paraguaios. Vencemos de cinco e podia ter sido de dez. Fizemos do adversário gato e sapato. Ora, para uma primeira apresentação foi magnífico ou, mesmo, sublime. Mas quando saí do Maracanã, após o jogo, vejo, por toda parte, brasileiros amargos e deprimidos. Mais adiante, esbarro num amigo lúgubre. Faço espanto: — “Mas que cara de enterro é essa?” O amigo rosna:

Os 150 anos de “Diário do subsolo” e um período decisivo na obra de Dostoiévski

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por Alfredo Monte Pouco depois de completar 40 anos, Dostoiévski (nascido em 1821) viajou pela primeira vez pelo continente europeu. A esse período correspondem certos títulos que terão decisivo impacto sobre sua obra madura: um romance curto, Diário do subsolo ( Zapiski iz podpolya , 1864 1 ); um fragmento, O crocodilo ( Krokodil , 1865); além do relato diretamente ligado à viagem, Notas de inverno sobre impressões de verão ( Ziminie Zamietki o lietnikh vpyetchatleniiakh  , 1863). Ressalvadas as diferenças, é um “salto” análogo ao que representa na trajetória de Machado de Assis a aparição das Memórias póstumas de Brás Cubas e de Papéis avulsos . I Diário do subsolo representou uma virada definitiva 2 na produção dostoievskiana e na prosa literária em geral (pois sua influência tornou-se universal). Com muitas traduções (e soluções diferentes para o título) 3 aqui no Brasil, comento-o, neste meu texto, utilizando a versão do poeta Oleg Almeida, dentro da polí