Fôlego e classe*
Por José Lins do Rêgo José Lins do Rêgo e a paixão pelo Flamengo. Não só é um dos maiores cronistas sobre o futebol, como um dos que primeiro introduz o esporte como elemento do romance. Muita gente me pergunta: mas o que vai você fazer no futebol? Divertir-me, digo a uns. Viver, digo a outros. E sofrer, diriam os meus correligionários flamengos. Na verdade uma partida de futebol é mais alguma coisa que um bater de bola, que uma disputa de pontapés. Os espanhóis fizeram de suas touradas espécie de retrato psicológico de um povo. Ligaram-se com tanta alma, com tanto corpo aos espetáculos selvagem que com eles explicam mais a Espanha que com livros e livros de sociólogos. Os que falam de barbarismo em relação às matanças de touros são os mesmos que falam de estupidez em relação a uma partida de futebol. E então generalizam: é o momento da falta de espírito admirar-se o que homens fazem com os pés. Ironizam os que vão passar duas horas vendo as bicicletas de um Leônidas, a