Postagens

Mostrando postagens de março 19, 2014

Os muitos materiais misturados com precisão em “Nosso grão mais fino”

Imagem
Por Alfredo Monte “Não consultes dicionário”, nos diz Bentinho a respeito do significado do seu apelido, D. Casmurro. Hoje em dia sabemos: o relato do protagonista do clássico de Machado de Assis tornou-se tão suspeito que devemos fazer justamente o contrário do aconselhado.   A consulta de dicionários acaba sendo também uma consequência da leitura de José Luiz Passos (vou utilizar um chavão — perdoe-me, leitor, mas se trata da mais pura verdade: ele é uma das maiores revelações literárias dos últimos anos), não que ele tenha nada de preciosista do idioma: em  Nosso grão mais fino , o protagonista é um químico, cuja família acabou perdendo as terras de que era proprietária, e nas quais se produzia açúcar. Entre outras “esquisitices”, por assim dizer, ele nos impinge um irmão imaginário (Zelino), com quem manteve intensa relação, para além da infância. Suas reminiscências são pontuadas, alternando-se com estranhos diálogos com Ana Corama, a amada, que amiúde parecem mais  recitativos, o