Ao lado de Clarice
Por Cesar Kiraly Ilustração: Catarina Sobral § olhava para os braços brancos e percebia perfeitamente a forma dos dedos um pouco mais brutos, mas bem recebidos. se Freud havia se encantado com o bloco mágico; a sensibilidade de todos os seus capilares - um por um sob invocação dos nomes próprios - era mais do que qualquer tábula rasa, mais do que qualquer placa de gesso. na coxa, pontas bem roxas de quinas, sobrepostas a rodelas já amarelas. era isso a vida, uma topada. distraída soubera a dor como um preço baixo pela vida mais intensa. era isso a sorte, poder ver cada um dos lances sem dados no corpo. doce evidência constante de saber da vida um - traço. § se um camarada se joga de um penhasco, sabendo que terá vontade de se segurar, e quando cai, tem vontade de se segurar, a coisa não parece grande coisa. a mesma coisa, não é surpresa ter vontade de respirar quando se coloca a cabeça debaixo d'água. qualquer cético poderia ter dito a Descartes que ele teria von