Boletim Letras 360º #73


Ariano Suassuna por Edu Magalhães

Não vamos contabilizar perdas. Ao que parece a morte gosta delas. Além disso, já muito se tem contado. As Letras brasileiras, entretanto, atravessam ainda o luto pela morte Rubem Alves e de Ariano Suassuna. Fique o registro que novamente este Boletim abre-se negro.

A boa nova, bem a boa nova vem das notícias que estão a seguir, entre elas a chegada do romance deixado por José Saramago. Boas leituras!


ESTAMOS SEM RUBEM ALVES

“Um livro são pedaços de mim espalhados ao vento como sementes”

Pedagogo, poeta, filósofo, cronista, ensaísta, teólogo, acadêmico, palestrante, autor de livros para crianças, psicanalista - contador de histórias, como se definiu certa vez. Rubem Alves no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais. Tido como uma das principais referências no pensamento sobre educação, tem uma bibliografia que conta com mais de 160 títulos distribuídos em 12 países. O educador mantinha em Campinas, cidade do interior de São Paulo, onde morava, um instituto que leva o seu nome e tem como missão promover a inserção social por meio da educação e oferecer assistência e apoio a educadores. No Tumblr deixamos momentos sobre a vida do escritor


Segunda-feira, 21/07

>>> Brasil: Edição reunirá cerca de 200 crônicas políticas de Rachel de Queiroz 

O projeto é da editora José Olympio – anunciou a coluna Babel, do Estadão. São textos escritos entre 1927 e 2000. A seleção foi feita por Natália Guerellus, estudiosa da obra da escritora, no acervo do Instituto Moreira Salles. Previsto para abril de 2015, o livro terá, ainda, uma introdução situando a autora e seu tempo, glossário e biografia. Leia no nosso Tumblr a crônica “Regeneração”, uma das que deverão está na antologia.

>>> Brasil: Poema inédito de João Ubaldo Ribeiro

“De vez em quando, o João tinha surtos poéticos e escrevia poemas em inglês, língua que ele conhecia como raros nativos, mas tinha vergonha de mostrá-los e costumava destruí-los logo depois de escrevê-los. Certa vez, ainda no tempo do fax, ele me enviou um poema, que traduzi quase instantaneamente. Deste, felizmente, o João se afeiçoou e de vez em quando me pedia que o repetisse. E o repito aqui, porque parece um autorretrato desse que, além de um ser um dos mais complexos e deslumbrantes brasileiros de todas as eras, era também um amigo perfeito” – assim comenta Geraldo Carneiro em texto publicado hoje n'O Globo. Leia aqui.

>>> Brasil: Chega às livrarias mais um título do austríaco Stefan Zweig

O volume Três novelas femininas, reúne um tríptico de contos escritos entre as décadas de 1910 e 1920. Os três textos têm em comum o olhar libertário e avançado do autor sobre a condição feminina de sua época. A primeira novela do livro é “Medo”, publicada em 1919. Tornou- se um de seus escritos mais famosos, “marco inicial de um ciclo de novelas sobre os abismos do amor”, segundo Dines. O segundo texto é “Cartas de uma desconhecida”, trabalho que repercutiu muito na Europa na década de 1920 e ganhou várias traduções. Na trama, o amor é uma verdadeira maldição e o enredo é tão engenhoso que mereceu várias adaptações para o teatro e o cinema. E o terceiro texto, definido pela crítica como o melhor da obra é “24 horas na vida de uma mulher”, publicado pela primeira vez em 1922 e logo apontado como uma obra-prima da literatura em língua alemã. O título soma-se ao trabalho da Zahar que já publicou do autor, Maria Antonieta – retrato de uma mulher comum e O mundo insone – e outros ensaios.


Terça-feira, 22/07

>>> Brasil: Augusto dos Anjos em quadrinhos

Com roteiro de Jairo Cézar e ilustrações de Luyse Costa é este o título de uma obra que conta a história do poeta paraibano Augusto dos Anjos para o público infantil, crianças com entre seis e dez anos, por meio dos quadrinhos. O livro, com 30 páginas, conta a história dele desde a infância até a vida adulta. O lançamento marca o ano em que são lembrados os 130 anos do nascimento de Augusto dos Anjos e também o centenário da morte dele (1884-1914).

>>> Brasil: A aposta no clássico – uma nova Odisseia

A tradução mais recente para o clássico da literatura ocidental é a da Editora 34. Mas, agora, a Cosac Naify divulga que prepara já para outubro duas versões da epopeia com nova tradução e tudo já para o mês de Outubro. A proposta é de duas versões da obra, como tem sido praxe para os clássicos editados pela Cosac - uma edição comum e outra de luxo. A obra trará as ousadas colagens de Odires Mlászho abrindo cada canto e um texto de apresentação de Richard Martin, especialista em Homero, e o posfácio é de Luiz Alfredo Garcia-Roza. A tradução em verso de Christian Werner, professor de língua e literatura grega na USP.


Quarta-feira, 23/07

ESTAMOS SEM ARIANO SUASSUNA

>>> Portugal: José Saramago mais perto dos leitores

A Fundação José Saramago deu partida a uma nova seção na sua página na web: “Memória”. Nela, serão publicados, semanalmente, documentos diversos e em vários idiomas que ajudarão a recordar momentos importantes da vida e da obra de José Saramago. Alguns dos escritos que virão a lume nos próximos meses pertencem ao espólio do escritor e serão, pela primeira vez, mostrados publicamente. Nesta primeira semana recupera-se um discurso proferido no dia em que lhe foi atribuído o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora, um fax enviado em 1993 ao amigo Jorge Amado e um artigo publicado no jornal espanhol ABC Sevilla logo após a atribuição do Prêmio Nobel. Para visualizar estes e outros documentos, vale ficar atento aqui.

>>> Brasil: Quatro discos de Clarice Lispector

“Vejo que nunca te disse como escuto música – apoio de leve a mão na eletrola e a mão vibra espraiando ondas pelo corpo todo: assim ouço a eletricidade da vibração, substrato último no domínio da realidade, e o mundo treme nas minhas mãos” (Clarice Lispector, Água Viva). O blog dedicado à publicação de materiais sobre a escritora dentro de um site produzido pelo Instituto Moreira Salles (acontecimento sobre o qual divulgamos aqui tão logo vai lançado) chama atenção para o gosto musical de Clarice: Bach, Beethoven, entre outros. A observação é de Lyza Brasil. Mais detalhes por aqui.

>>> Brasil: O guarani, de José de Alencar em cordel

A adaptação fica por conta de Klévisson Viana e o título chega às livrarias no fim deste mês. O poeta já verteu para o gênero obras como Dom Quixote, de Cervantes. A obra terá xilogravuras como esta de Luís Matuto. (via Painel das Letras).


Quinta-feira, 24/07

>>> Brasil: Livro de ensaios de Thomas Mann editado por aqui

Travessia Marítima com Dom Quixote — Ensaios sobre Homens e Artistas, do escritor alemão Thomas Mann foi publicado recentemente pela Zahar, com tradução de Kristina Michahelles e Samuel Tristan. Além de romancista genial, Mann foi, como atesta este livro, também, um complexo pensador. "O ensaio sobre a travessia do Atlântico, que se inicia com um elogio da lentidão, ou do ritmo “andante”, e depois se embrenha pelo livro de Miguel de Cervantes, é comovente. “O que é bom pede tempo”, escreve Mann. “O mesmo vale para o que é grande ou, para dizê-lo com outras palavras: o espaço pede tempo”. Ele vê alguma coisa de sacrílego “na tentativa de roubar ao espaço uma de suas dimensões, de privá-lo do tempo naturalmente vinculado a ele”. Para Thomas Mann, a lentidão é matéria fundamental da criação” – define José Castello. O livro vem somar-se a outros títulos do gênero já editados pela Zahar como O escritor e sua missão e Discursos contra Hitler.

>>> Brasil: Entrevista exclusiva com Ariano Suassuna

O blog do Instituto Moreira Salles disponibiliza na íntegra entrevista a Ariano Suassuna. O dramaturgo foi o tema do número 10 dos Cadernos de Literatura Brasileira, série do IMS. A conversa data de 2000 e nela o Suassuna esmiúça sua obra e aborda aspectos de sua biografia.

>>> Portugal: "Não à guerra!" O livro inacabado de José Saramago será publicado em outubro

O escritor português trabalhava no título Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas. Pouco mais 50 páginas ficaram, mas dão uma visão mais ou menos acabada do que seria o romance. A informação aparece no editorial escritor por Pilar del Río, companheira do escritor e Presidenta da Fundação José Saramago, da 26ª edição da Revista Blimunda publicada esta semana . "O título extraído de Gil Vicente que anuncia  de forma explícita o argumento do livro já que alabardas e espingardas são armas que se fabricam para coagir e matar. José Saramago, que tanto ocupara de situações bélicas e das suas consequências em diferentes romances e intervenções públicas, precisava de partilhar uma última reflexão com os leitores, e assim, partindo de um singular ponto de vista, iniciou um relato sobre as armas que nutrem o grande fracasso ético do ser humano que são as guerras". Leia o editorial completo e a edição aqui.


Sexta-feira, 25/07

>>> Brasil: Nova tradução para O misantropo, de Molière

É de Barbara Heliodora que há algum tempo deixou a crítica de teatro, mas continua se dedicando de alguma forma ao gênero. A peça é uma raridade, visto que, no Brasil, há muito que havia deixado as estantes. A edição é da Editora Zahar.

>>> Inglaterra: As irmãs Brontë e o péssimo desempenho escolar

Em 1900, o periódico britânico Journal of Education republicou relatórios de um ano infeliz das quatro irmãs Brontë na Clergy Daughters’ School em Cowan Bridge. Patrick Brontë, então ministro, enviou as suas quatro filhas mais velhas a esta escola três anos após a morte de sua esposa. O relatório descreve as que as meninas sabem pouco; não têm capacidade de trabalho, como fazer um bordado, escrevem pessimamente, pouco sabem de gramática, geografia ou história. Imaginem, então, o talento para a literatura, ei?

>>> Brasil: O destino do romance inédito de Ariano Suassuna

Havia três décadas que ele trabalhava no que tinha por seu melhor romance. Em várias entrevistas recentes Ariano Suassuna mencionava o exercício criterioso de sua escrita e o título do livro que ficou por publicar (cf. publicamos por aqui em início deste ano): O jumento sedutor, referência ao romance O asno de ouro, do escritor romano Apuleio no século II. Agora, o lançamento da obra, de acordo com Maria Amélia, editora da José Olympio, casa que publica a obra de Ariano Suassuna, depende do desejo da família do escritor. Ela confirma que já tinha recebido uma versão que seria a final, mas, em maio, ele lhe pediu para fazer algumas modificações prometendo entregar logo no início do segundo semestre para fosse lançado até o fim do ano.

>>> Brasil: Inédito de João Ubaldo Ribeiro pode vir a lume ainda este ano.

Trata-se do livro de contos Noites Lebloninas. O escritor trabalhava há pelo menos três anos na obra. A decisão ainda precisa ser acatada pela companheira, Berenice Batella que já afirmou ter interesse em publicar os últimos escritos do marido. Ele deixou dois contos finalizados e estava escrevendo um terceiro. Segundo o poeta Geraldo Carneiro, amigo que tinha acesso aos escritos de João Ubaldo, o livro remete a Livro de histórias, lançado em 1981 pelo Círculo do Livro e depois reeditado pela Nova Fronteira em 1991 com dois novos contos e com outro título – Já podeis da pátria os filhos e outras histórias. Um narrador popular conta causos divertidos, com a diferença que o cenário deixa de ser a ilha de Itaparica e passa a ser o Leblon, bairro onde viveu últimos 20 anos.

>>> Brasil: Documentário reúne Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli em recitação de Fernando Pessoa

Vai virar filme a leitura de poemas de Fernando Pessoa pela dupla Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli — como a que elas fizeram na mesa mais concorrida da Flip ano passado, batizada de “Pessoa à beira-mar”. Por dois dias, o diretor Marcio Debellian filmou as duas em estúdio, falando a obra do escritor. Um deles, com direito a uma pequena plateia. O material será transformado em documentário, que será lançado em setembro.

>>> Estados Unidos: Fotografias históricas em cores

Já havíamos apresentado aqui, outra vez, uma fotografia de Mark Twain colorida. O trabalho é de Dana Keller e é primoroso! Deixamos uma galeria no Tumblr com imagens de nomes como Walt Whitman, Virginia Woolf, Mark Twain, Edgar Allan Poe, entre outros.   


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