Boletim Letras 360º #68
Uma semana extensa; é o que leitor assíduo do Letras terá
percebido entre postagens aqui e nas redes sociais do blog. Bom, o tempo está atípico
e isso se reflete por aqui. De CHICO7.0 é possível vir ainda mais – apesar das
homenagens de segunda até ontem com uma panorâmica por sobre a extensa obra do
multiartista, Chico é Chico. Para a próxima semana ainda continuaremos lendo
textos sobre o futebol de alguns dos nomes da literatura nacional e
estrangeira. Isso irá durar até o fim do Mundial. Até lá dura também as inscrições
para participação da promoção Gol de Letra. Mas, vamos, também ao que foi notícia no nosso Facebook.
Segunda-feira, 16/06
>>> Brasil: Mark Twain inédito entre nós
É a primeira vez que uma editora brasileira publica Diários de Adão e Eva – uma espécie de
diário íntimo do primeiro casal, dividido em duas partes: “Fragmentos do diário
de Adão” e “Diário de Eva”, e os contos “Solilóquio de Adão”, “Autobiografia de
Eva” e “Passagens do diário de Satã”. Os dois primeiros descrevem, do ponto de
vista pessoal dos personagens, as novíssimas condições de vida no Paraíso logo
após a Criação, incluindo as primeiras impressões de Adão sobre a obra divina e
sua nova companheira − e vice-versa. Os contos trazem as experiências da vida
depois do Éden e da maturidade − além das considerações de um observador
privilegiado, Satã (reinventado como alguém capaz de ajudar, a partir de sua enorme
experiência, o jovem e ingênuo casal). Obra póstuma de um dos maiores
escritores e satiristas norte-americanos, pela primeira vez em português.
>>> Brasil: Dois filmes sobre Chico Buarque
Miguel Faria Jr. prepara um documentário sobre o cantor, com
estreia prevista para o primeiro trimestre de 2015. Em seu filme, o diretor
pretende traçar um retrato de Chico hoje, abordando “passado, presente e
futuro, o artista e o tempo”, em suas próprias palavras: "Uso imagens de
arquivo, muita coisa genial que consegui da TV italiana, francesa... E também
filmei com ele muitas conversas, cenas pelo Rio. De filmagem, faltam só as
músicas, que farei como se fosse um recital, com um elenco formado em sua maioria
por jovens cantores (em estúdio, nos moldes do que o diretor fez em Vinicius)". Outro longa que
passa pela obra de Chico está no forno, com previsão de estar pronto em maio de
2015. Cacá Diegues começa a filmar em setembro O grande circo místico, sua adaptação para o cinema do poema de
Jorge de Lima. A trilha usada será a que Chico e Edu Lobo compuseram para o
Balé Teatro Guaíra em 1982, com clássicos como “Beatriz” e “Ciranda da
bailarina”. Cacá Diegues já cruzou sua trajetória com a de Chico em filmes como
Quando o carnaval chegar (o compositor
atua no longa), de 1972, e Bye bye Brasil
(ele é autor da canção-tema), de 1979.
Terça-feira, 17/06
>>> Brasil: A música de Chico Buarque
Por ocasião do aniversário, a Universal relança a caixa “De
todas as maneiras”, que reúne os 22 primeiros discos de Chico (de 1966 a 1986).
Outra ação da gravadora é disponibilizar no iTunes todo o catálogo que possui
do compositor — alguns álbuns remasterizados em alta qualidade. Os DVDs sobre o artista da série dirigida por Roberto de Oliveira em 2004
ganharão versão blu-ray, e, até o fim do ano, chega às lojas também um disco
especial da série “Samba Social Clube” com vários artistas interpretando
canções de Chico.
>>> Brasil: A poesia e o futebol
Uma rica antologia organizada por Sandra Santos reúne
seleções de poetas de vários países de língua hispânica e portuguesa. Do
Brasil, publicam-se em Álbum de poesia -
Copa Brasil 2014 nomes como Affonso Romano Santanna, Antonio Carlos
Secchin, José Inácio Vieira de Melo, José Salgado Maranhão, Lau Siqueira, entre
outros. Uma antologia que busca romper com o lugar comum das antologias do
gênero e como prova de que a poesia está em toda parte.
Quarta-feira, 18/06
>>> Iraque: Trinta anos para traduzir “Ulisses”, de
James Joyce para o árabe
Desde 1984 que o poeta Salah Niazi começou a traduzir a
obra-prima Joyce; a guerra Irã-Iraque já completava quatro anos e horrorizado
com o que acontecia no seu país — que havia deixado na década de 1960, após a
chegada do partido Baath, de Saddam Hussein, ao poder —, o poeta decidiu
encarar a empreitada como uma forma de distraí-lo do sofrimento. Contou para o
canal inglês “Channel 4 News”. A obra é um desafio hercúleo para qualquer
tradutor, pelas dificuldades de transpor do para qualquer idioma o estilo de
Joyce, suas referências e alusões. No caso do árabe, pesam as raízes
geográficas, culturais e religiosas completamente diferentes do inglês.
Passagens consideradas obscenas são outro obstáculo. Por causa delas, Ulysses, lançado em 1922 na França, foi
banido nos Estados Unidos até 1933 e, no Reino Unido, até 1937. O poeta
iraquiano, entretanto, não pensa que a “obscenidade” seja um problema para
leitores de países árabes mais conservadores. A edição em árabe do livro foi dividida em três volumes. O primeiro foi lançado
em 2001, em Damasco, na Síria, e está na terceira edição. O segundo foi
publicado em 2010, também em Damasco, e ganhou uma nova edição no ano passado.
O terceiro, que inclui o famoso solilóquio de Molly Bloom, chegou às livrarias
no mês passado. Contudo, devido à guerra civil na Síria, a obra foi editada em
Beirute, no Líbano. Nos 30 anos em que se dedicou à tradução de Ulysses, o que começou como uma fuga da
tragédia da guerra terminou como uma experiência verdadeiramente
transformadora.
>>> Chile: Mais de 20 poemas inéditos de Pablo
Neruda
Segundo divulgou o jornal espanhol El País cerca de mil versos estavam em caixas com manuscritos do
poeta. O achado foi se deu no Chile durante uma revisão dos arquivos dele feita
pela Fundação Pablo Neruda. Até o fim do ano os inéditos serão publicados
no Chile no começo de 2015 na Espanha. Esta já é tratada como a descoberta mais
importante nos arquivos do escritor. Escritos entre nos anos 1950 e 1960 o
material revela já a maturidade do poeta autor de Vinte poemas de amor e uma canção desesperada e Canto geral, dois dos principais livros
do autor.
>>> Brasil: Uma nova casa para Agatha Christie
A Globo Livros passará a publicar a obra da rainha
do crime. Já a partir do final de junho/começo de julho sai de uma vez oito
volumes: três são reedições (E não sobrou
nenhum, O assassinato de Roger Ackroyd
e Os cinco porquinhos), e os novos no
catálogo, O misterioso caso em Styles",
Os relógios, O adversário secreto, Três
ratos cegos e Assassinato num campo de
golfe". Com novas traduções e um novo projeto gráfico totalmente novo
como revela esta imagem divulgada há alguns dias na página da editora no Facebook.
Quinta-feira, 19/06
>>> França: Carta inédita revela complicada relação
de Charles Baudelaire com Victor Hugo
Charles Baudelaire adulava em público o autor de Os miseráveis; numa resenha que fez
deste romance para Le Boulevard em
1862 se desfaz em elogios, mas no privado a coisa era bem diferente. Numa carta
escrita em janeiro de 1860 para um desconhecido Baudelaire se queixa de Hugo.
"Não para de enviar-me cartas estúpidas”, diz; pensa em “escrever um
ensaio para demonstrar que, por uma lei fatal, um gênio é sempre um idiota”. Noutra
carta que Baudelaire remeteu a sua mãe, descrevia Hugo como “um imundo e
inepto” e ironizava sobre sua própria capacidade em julgar o colega: “Tenho
demonstrado que possuo a arte da mentira”. Quando Baudelaire publicou em
1857 a primeira edição de As flores do
mal enfrentou a censura da época: teve que cortar seis poemas da antologia.
Victor Hugo, entretanto, se solidarizou com ele e em agosto de 1857 comentou:
“Tuas flores brilham como estrelas”; mais tarde “Nos provocas uma nova ordem de
estremecimento.” E, publicamente, Baudelaire continuou fazendo as honras de
amigo: dedicou-lhe três poemas.
>>> Brasil: Toni Morrison para crianças
A Globinho, selo para publicações infanto-juvenis da Globo
Livros publica em outubro O que me
diz, Louise? A obra escrita em parceria com o filho Slade,que morreu em
2010, é uma dos vários trabalhos compartilhados entre os dois. Na edição
brasileira, o texto será ilustrado por Shadra Strickland (imagem); O que me diz, Louise? conta a história
de uma garota que, num dia chuvoso, se refugia numa biblioteca.
Sexta-feira, 20/06
>>> Brasil: As livrarias recebem mais uma tradução
de A besta humana
O romance de Émile Zola, marco do naturalismo francês, vem
publicado pela Disal Editora. Assina a tradução Dilson Ferreira da Cruz, Doutor
em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo. A obra de Zola
foi publicado pela primeira vez em 1890, na França; o livro transformou-se num
marco do naturalismo, escola da qual ele foi criador, teórico e maior expoente.
Inspirado nas ideias do médico Claude-Bernard (1813-1978) e do historiador e
filósofo francês Hippolyte Taine (1828-1893), Zola utiliza o romance como um
laboratório de observação atenta da natureza humana e das relações estabelecidas
pelo meio, raça e o grau de desenvolvimento de uma sociedade sobre os
acontecimentos históricos para, assim, compreender melhor seu objeto de
interesse: o homem.
>>> Brasil: Livro reúne ensaios de Virginia
Woolf – a maioria inéditos
O trabalho é do crítico e poeta Leonardo Fróes que
selecionou e traduziu 28 ensaios de Virginia Woolf: são textos produzidos entre
1905 e 1940 e publicados originalmente como artigos para jornais e revistas com
os quais Virginia colaborava. Neles, é possível verificar o mesmo talento da
ficcionista, agora aplicado a outro gênero; vemos uma Virginia mais mundana,
voltada para os movimentos exteriores: uma observadora afiada, resenhista
destemida, além de crítica perspicaz e militante. No volume estão textos como
“Mulheres e ficção”, em que a autora avalia a evolução da escrita feminina em
paralelo à própria libertação da mulher; “Batendo pernas nas ruas: uma aventura
em Londres”, a compra de um simples lápis se transforma numa forte experiência
de abertura ao mundo; há também ensaios que traçam perfis de mulheres
fascinantes, das mais conhecidas – como Jane Austen, Sara Bernhardt e Dorothy
Wordsworth – até as esquecidas Lady Elizabeth Holland e Louise de La Valière; e
em outros textos, Virginia trata – e muitas vezes põe em xeque – dos ofícios
das letras; é o caso de “Como se deve ler um livro?”, “O leitor comum”, “A arte
da biografia” e os corajosos “Resenhando” e “Ficção moderna”. A publicação é da Cosac
Naify.
>>> Brasil: Inéditos de Bartolomeu Campos de
Queirós
São 30 textos e aparecem publicados na coletânea Contos e poemas para ler na escola —
Bartolomeu Campos de Queirós pela Objetiva. A obra retoma vários temas
caros ao autor, como as memórias, a infância em Minas Gerais e o trabalho com a
metáfora, utilizada na forma de um convite ao leitor para que não só entre na
história, mas também a reinvente. Desde 2010, Ninfa trabalhava na
organização do livro. Ela conta que Queirós ia lhe enviando os textos aos
poucos. Após sua morte, a pesquisadora teve a ajuda de familiares para
encontrar o material reunido na obra, pois o escritor não costumava guardar
muita coisa. No entanto, entre e-mails, arquivos salvos no computador e
anotações, o volume se mostrou significativo. E há ainda mais por vir.
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