Boletim Letras 360º #56
Para relembrar Rimbaud. Rimbaud na África. |
Um dia depois da maratona poética pelo Dia Nacional da
Poesia, ainda há muita poeira de palavras esperando a leitura de nossos
leitores. Há uma série de 18 poemas que está em votação para dar um título à
escolha dos participantes aos três primeiros lugares. No domingo divulgaremos
os nomes dos ganhadores. Fiquemos com as notícias que circularam durante a
semana em nossa página no Facebook e outros adendos. Votem aqui.
Segunda-feira, 10/03
>>> Brasil: Novo romance de Milan Kundera chega em
agosto
Desde 2002 que não é publicado do escritor nenhum título do
gênero. O longo jejum terá seu fim. A Companhia das Letras publica em
agosto A festa da insignificância. No
novo romance do autor de A insustentável
leveza do ser, Alain vagueia por Paris num dia de verão, se depara com a
última moda (calça de cintura baixa e barriga à mostra) e reflete sobre como a
sociedade contemporânea colocou o umbigo no centro do erotismo. A obra alterna
as reflexões do protagonista e de seus amigos, que levam uma vida esvaziada na
capital francesa, com seus encontros e memórias que remontam ora ao stalinismo
ora à contemporaneidade, sempre remetendo à insignificância da existência
humana.
>>> Alemanha: Notas e desenhos de Alexander von
Humboldt restaurados
A Biblioteca Nacional de Berlim acaba de apresentar ao
público a edição restaurada dos diários que recolhem as notas e desenhos de
Alexander von Humboldt em sua viagem de exploração conhecida como "o
segundo descobrimento da América". O cientista alemão partiu do Porto La
Coruña em 1799 para empreender uma aventura que o levou a Cuba, Venezuela,
Colômbia, Equador, Peru, México e Estados Unidos. Suas observações –
imprescindíveis para o conhecimento da América – podem agora serem apreciadas
em mais de 4.000 páginas, escritas entre 1799 e 1804. A coleção, que foi
adquirida recentemente pela Fundação do Patrimônio Prussiano, como arquivo
raro, teve sua odisseia: foi confiscada pelo Exército Soviético ao fim da II
Guerra Mundial, que a guardou na Biblioteca de Moscou. Em 1959, os papeis de
Humboldt regressaram a Berlim; e em 1990 foram restituídos ao herdeiro legítimo
do explorador que diz ter dado 12 milhões pelos papeis.
Terça-feira, 11/03
>>> Brasil: Frida Kahlo em Curitiba
A relação da artista mexicana com a fotografia é o mote da
exposição que o Museu Oscar Niemeyer vai inaugurar no dia 17 de julho:
"Frida Kahlo – suas fotografias", com curadoria do fotógrafo e
historiador Pablo Ortiz Monasterio. O Facebook do MON publicou uma parte
do texto de Monasterio, que enfatiza a relação especial de Frida com a
fotografia, principalmente pela influência de seu pai, Guillermo, e de seu avô
materno, que eram fotógrafos. Segundo o MON, a mostra trará somente registros
fotográficos da mexicana, e não de suas obras. O museu será o único no Brasil a
abrigar uma mostra ampla com momentos essenciais do cotidiano da pintora.
>>> Brasil: Sade inédito
Em dezembro deste ano inteira 200 anos da morte do Marquês
de Sade. Até lá, a Editora Iluminuras publica Justine ou os infortúnios da virtude, texto de 1791 e ainda inédito
no Brasil. Esta uma das três versões escritas pelo francês para seu romance
mais famoso. Já em 2009, a mesma editora havia editado a primeira versão – Os infortúnios da virtude.
>>> Estados Unidos: Aplicativo promete multiplicar
nossa capacidade de leitura
Já está em fase de testes; trata-se de um software
desenvolvido pela Spritz, empresa com sede em Boston. E promete desenvolver
nossa capacidade de leitura para processar até 1.000 palavras por minuto.
Embora tenha havido um punhado de aplicativos projetados para nos ajudar a
aumentar a velocidade de leitura no passado, a tecnologia prometida pela Spritz
tem seu diferencial: transformado num aplicativo que pode ser baixado em
quaisquer dispositivos móveis, a invenção se baseia na noção de que o
posicionamento de uma palavra é uma variável crucial ao longo de um texto. Ao
invés de apenas executar as palavras em rápida sucessão, Spritz fixa-se no
elemento central de cada palavra e a desenvolve em torno dele. Isso permite o
leitor a identificar a palavra antes de sua totalidade – coisa que já fazemos,
mas faremos com mais rapidez usando o aplicativo. O programa usado por leitores
em teste já alcançou 250 palavras por minuto, mas insiste que, quando tudo
estiver de fato em ação, 1.000 palavras por minuto será balela para nossos
olhos e cérebro. Isso significa dizer que poderemos ler Harry Potter e a Pedra Filosofal, por exemplo, em 77 minutos
aproximadamente.
Quarta-feira, 12/03
>>> Portugal: Florbela Espanca para os selos dos
Correios
A poeta é tema de uma série lançada pela agência portuguesa;
esta série será publicada já a partir do dia 24 de março. O selo para correio
nacional reproduz a imagem de Florbela tendo como plano de fundo o manuscrito
do poema “Ser poeta” a partir do arquivo original disponível na Biblioteca
Pública de Évora – instituição que detém parte do seu espólio.
>>> Brasil: Título de Ernest Hemingway há anos fora
de catálogo será publicado
A proposta integra o trabalho de reedição da obra do escritor estadunidense
pela Bertrand Brasil. O jardim do
Éden é um romance inacabado e ganha além de nova edição nova tradução. Além
do título a editora se prepara para publicar Tempo de viver e Tempo de
morrer; tudo é uma questão de tempo.
Quinta-feira, 13/03
>>> Brasil: A lista de reedição da obra de Octavio
Paz segue
Depois de O arco e a
lira e Os filhos do barro, a Cosac
Naify apresenta O labirinto da solidão.
Vasto painel histórico e psicológico do México, a obra, lançada em 1950, é
definitivamente um poderoso ensaio de antropologia cultural. A edição inclui
ainda uma entrevista de 1975 com o autor. Aproveitando a ocasião, divulgamos
ainda o link para acesso ao site especial desenvolvido para dar conta do
centenário do escritor mexicano. A imagem que ilustra este post é de lá.
>>> Estados Unidos: Exercícios de autorrevisão: Philip
Roth relê seus 31 livros depois de anunciar que não mais escreverá (comentamos
sobre essa ausência do escritor para as letras dia desses por aqui)
“Todo mundo tem um trabalho duro. Todo trabalho real é duro.
Aconteceu de meu trabalho ser também impossível de fazer. Por 50 anos, toda
manhã eu encarava a próxima página indefeso e despreparado. Escrever era para
mim um feito de autopreservação. Se eu não o fizesse, morreria. Então eu fazia.
Obstinação, e não talento, foi o que salvou minha vida. Também tive a sorte de
não me importar em atingir a felicidade e de não ter nenhuma compaixão por mim
mesmo. Agora, por que tal tarefa caiu sobre mim, não faço a menor ideia. Talvez
escrever me protegesse de um destino pior." Veja a entrevista completa aqui.
Sexta-feira, 14/03
>>> China: Saramago para chinês ler
Chegou à China a tradução do romance Ensaio sobre a lucidez; o livro integra uma coleção dedicada aos Novos Clássicos, que inclui obras de
Gabriel García Márquez, Haruki Murakami e outros autores. Além do título em
questão, publica-se também Ensaio sobre a
cegueira. Os títulos ora publicados fazem parte do catálogo da
Thinkingdom Media Group, considerada uma das maiores editoras privadas daquele
país, estabelecida em Taiwan, Hong Kong e no continente chinês. O primeiro
romance de José Saramago traduzido para o chinês foi Memorial do Convento, em 1997, lançado na ocasião com a presença do
escritor português. Depois de tornar Fernando Pessoa Best-Seller, os chineses
dão largada para mais um nome entre os seus preferidos.
>>> México: Viento
entero, de Octavio Paz ganhará edição fac-símile
"O poema é uma situação de paisagens, situações e
momentos..." assim inicia uma das passagens em que Octavio Paz se dirige
ao seu editor Eliot Weinberger antes da publicação da edição de Viento entero. Por aqui o título ainda é
inédito, e nos catálogos de venda, é produto raríssimo. Era 1965. E o
livro teve uma tiragem limitadíssima na Índia, quando o autor era o embaixador
para aquele país. Três anos depois, Paz demitiu-se do serviço diplomático em
protesto contra a sangrenta repressão do governo às manifestações estudantis
durante os Jogos Olímpicos no México. Foram 197 exemplares assinados pelo
autor. Agora, a obra ganhará uma edição fac-símile.
>>> Paris: Foto de Rimbaud do início dos anos 1880
recém-descoberta (imagem)
Tem algum tempo que demos com uma fotografia em que se
mostra o poeta sentado numa varanda do Hotel de l’Univers, em Aden, na
Abissínia. O arquivo foi encontrado por acaso por dois livreiros numa feira de
rua de antiguidades. A imagem, a única que existe de boa qualidade mostrando
Rimbaud, apresenta-o entre um grupo de seis homens e uma mulher e fazia parte
de um conjunto de imagens de Aden; o que chamou a atenção de Desse e Caussé (os
livreiros) é o escrito na parte de trás: Hotel de l’Univers – um dos dois
estabelecimentos hoteleiros administrados por franceses na colônia africana, e
precisamente aquele em que Rimbaud esteve instalado, onde viveu os últimos anos
da sua vida, antes de morrer em França, aos 37 anos. São muito raras as imagens
de Rimbaud durante o período em que viveu em África, e em nenhuma é possível
distinguir claramente os traços do seu rosto. Na que agora os dois livreiros
divulgaram o rosto vê-se nitidamente, os olhos tristes, um pequeno bigode. Para
confirmarem as suspeitas de que poderia tratar-se do poeta, os dois homens
pediram a ajuda de Jean-Jacques Lefrère, um dos biógrafos de Rimbaud, que, ao
fim de uma investigação, e de comparações com as imagens de adolescência do
poeta, confirmou que se trata efetivamente dele.
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