Boletim Letras 360º #54
Ariano Suassuna e sua companheira no Carnaval. Foto: Patricia Satavis/ Folha Imagem. |
Bom, iniciamos este Boletim para dizer que, até a pouco já chegávamos
a pouco mais de 200 inscritos na nossa promoção pelo Dia Mundial da Poesia – números
que nos deixa muito animados. E na torcida para que a sorte sopre para aqueles
que tanto nos acompanham, de coração. E, em ritmo de Carnaval (por isso a imagem de Ariano Suassuna, assim, todo serelepe no desfile da escola de samba Camisa Verde em São Paulo) para deixar
registrado por aqui as novidades nas redes sociais do blog nesta semana que
hoje chega ao fim. Por falar nisso, em Carnaval e em poesia, viram a sequência de Poemas para ler no Carnaval que demos início a publicação ontem, 28/02/14, em nossa página no Facebook? Isso vai até a quarta-feira de cinzas à noite.
Segunda-feira, 24/02
>>> Espanha: Os cartões postais de Pablo Picasso
Ilustrados e enviados pelo pintor aos de seu círculo de
amizade; círculo que se amplia depois de sua ida para a França. Mais que o
traço livre e despreocupado dos desenhos compostos pelo artista, os arquivos
também remontam a imagem despojada da pessoa. Mais, no nosso Tumblr.
Quebramos a regra. Mais de uma imagem num BO 360º. Os dois novos retratos de Shakespeare. Vê matéria abaixo. |
>>> Alemanha: Dois novos retratos de Shakespeare
Shakespeare era um tipo magrinho e gostava de cães. Sabemos
disso graças aos novos retratos do autor de Romeu
e Julieta descobertos recentemente na Alemanha. Em coletiva de imprensa
realizada na Mainz Cathedral esta semana, estudiosos da Universidade de
Mainz confirmaram a autenticidade dos retratos. Um deles mostra um jovem
Shakespeare, com cerca de 30 anos de idade (estima-se que tenha sido pintado em
1564), com um sorriso discreto, porém orgulhoso, exalando auto-confiança. O
quadro ornava um dos quartos da “Gothic House” do jardim real de
Dessau-Wörlitz, na Alemanha, e teria sido presente de Thomas Hart, um parente
distante de Shakespeare, a um príncipe que habitava o aposento. O outro retrato
mostra o escritor com mais ou menos 50 anos (pouco antes de sua morte) sentado
em uma cadeira segurando um livro e acariciando um cachorro. É o único registro
que mostra Shakespeare de corpo inteiro.
>>> Inglaterra: Lewis Carroll odiava a fama
alcançada pelo seu Alice no país das
maravilhas
“Toda esta publicidade leva a que pessoas que não conheço
conheçam meu verdadeiro nome e o compare com os livros (...) Eu odeia tudo isso
com tanta intensidade que às vezes quase desejo não ter escrito nenhum
livro." Diz Lewis Carroll em 1891, quase 30 anos depois da publicação de Alice, numa carta dirigida a um amigo.
Nela, o autor se queixava do excesso de interpelações das pessoas na rua a lhe
pedir autógrafo e do assédio vivido quando seu texto tornou-se conhecido. A
correspondência irá a leilão no mês de março em Londres e o preço estimado é de
US$ 6.700 dólares. É uma carta até então desconhecida do público.
Terça-feira, 25/02
>>> Estados Unidos: O jazz de Jack Kerouac
Entre as influências literárias da Geração Beat, talvez mais
em Jack Kerouac, está o Jazz. O ritmo aparece em seus livros como um modelo
para sua escritura, como uma presença liberadora, como um elixir inebriante, como
porta de aceso a uma vida mais autêntica. Kerouac inclusive gravou discos (e
disso falamos no blog), às vezes com notáveis instrumentistas: Steve Allen, Al
Cohn, Zoot Sims. Desses LPs saíram quatro interpretações suas. Um programa
de uma hora de duração na coluna El Amplificador no El País dá contas deste gosto do escritor.
>>> Brasil: Companhia das Letras apresenta novo
romance de Ana Miranda
Com rara habilidade de trazer até o presente o sentimento
vivo do passado, Ana Miranda já recriou algumas passagens decisivas da literatura
brasileira. No premiado Boca do Inferno,
dedicou-se às aventuras do inquieto Gregório de Matos na Bahia do século XVII.
No igualmente elogiado A última quimera,
debruçou-se sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos. Em Semíramis, é a vez de José de Alencar, ícone do Romantismo
brasileiro e protótipo do “homem de letras” do século XIX. Ana Miranda fez-se
íntima da obra e do tempo de Alencar. Sua prosa é marcada por uma levíssima
tensão poética, na frase essencial, cortante e delicada, como se cada gesto e
palavra estivesse prestes a se evaporar ou dissolver.
>>> Polônia: As colagens da poeta Wislawa Symborska
Cracóvia, designada recentemente como Cidade literária pela
Unesco, celebra a obra de sua filha mais ilustre, a ganhadora do Prêmio Nobel
Wislawa Symborska (dois anos após sua morte), com diversas atividades. Dentre
elas, Collages, no Museu de Arte Contemporânea da cidade. São centenas de
poesias visuais em cartões postais como esta da imagem. No Tumblr do Letras há mais delas.
Quarta-feira, 26/02
>>> Brasil: Hora de conhecer Arthur Conan Doyle sem
Sherlock Holmes
Após lançar a coleção completa de livros em que Sherlock
Holmes é peça principal da narrativa, isto em nove volumes, a Editora Zahar
publica em agosto Terra das brumas,
livro de 1926, e um dos seis títulos que Conan Doyle dedicou a outra personagem
um tanto desconhecida: o professor Challenger.
>>> Inglaterra: Imprimir a Wikipédia, mas para quê?
Apenas para "transmitir o tamanho da Wikipédia". É
esta a defesa dos responsáveis pela ideia - os do site indiegogo.com, que estão
angariando 50 mil dólares para pôr o projeto em prática. Os livros serão depois
expostos numa estante que terá mais de 10m comprimento por 2,5m de altura na
conferência Wikimania 2014, que se realiza em agosto em Londres. A data limite
da angariação de fundos é 11 de abril. Toda Wikipédia inglesa dará mil livros
de 1200 páginas cada e serão numerados de forma contínua. Terão capa dura e
imagens em preto e branco. Mas a editora PediaPress (que nos últimos cinco anos
criou milhares de livros a partir do conteúdo da Wikipédia) não afasta a
hipótese de poder imprimir a cores. Assim que forem impressos, os livros
ficarão automaticamente desatualizados, já que a Wikipédia possibilita uma
atualização constante das suas entradas, graças ao trabalho de 20 milhões de
voluntários.
Quinta-feira, 27/02
>>> Brasil: Novos russos por vir
Se temos acesso hoje a clássicos da literatura russa é
graças ao esforço de editoras como a 34, com projetos como a "Coleção
Leste" que já contou com os lançamentos de obras de Tolstói, Dostoiévski,
Gogól, e outros. Recentemente duas antologias assinalam a passagem de um novo
momento nesta coleção – Antologia do
pensamento crítico russo e Antologia
do conto russo. A Editora 34, pretende apresentar além de outros
romances e contos dos clássicos russos dos séculos 19 e 20, três obras inéditas
no Brasil de diversos escritores russos menos conhecidos no país, como Varlam
Chalámov, Andrei Platônov e Isaac Bábel. Para o futuro a ideia é traduzir
outros autores importantes que marcam o chamado pós-modernismo russo, entre
eles Vladímir Sorókin, Viktor Pelievin, Liudimila Petruchévskaia e Tatiana
Tolstaia.
>>> Brasil: Albert Camus inédito
Chega ao Brasil pela Editora Hedra três livros dos
cadernos de juventude de Albert Camus: Esperança
do mundo (1935-37), A desmedida na
medida (1937-39) e A guerra começou,
onde está a guerra? (1939-42). Os livros foram traduzidos a quatro
mãos, por Raphael Araújo e Samara Geske e são organizados por Claudia Pino. O
autor de O estrangeiro manteve por
toda vida o hábito de escrever em pequenos cadernos. Reflexões, anotações
dispersas e, sobretudo, o prazer pela escrita livre compõem um mosaico que nos
revela os bastidores da obra desse autor agraciado com o Prêmio Nobel de
Literatura. Os cadernos já contêm trechos inteiros que viriam a integrar seus
primeiros livros. Dos 22 aos 29 anos,
esses primeiros cadernos cobrem o período de juventude de um Camus que está
conhecendo a si mesmo e as próprias ideias e posições. As viagens pelo
Mediterrâneo e pela Europa, a admiração pela riqueza natural das paisagens do
norte da África, o absurdo da existência humana e, finalmente, a perplexidade
que toma conta de Camus com o início da segunda Guerra Mundial: esses temas tão
caros ao autor aqui ainda guardam o frescor da descoberta. Assim, logo depois
do centenário de Albert Camus, essa leitura nos permite descobri-lo mais uma
vez, e por um novo ângulo.
>>> Suécia: O ancestral de O jogo da amarelinha
A Biblioteca Nacional da Suécia divulgou a descoberta de uma
espécie de ancestral de O jogo da
amarelinha, de Julio Cortazar, uma obra com vários livros em um. É uma
edição religiosa do século XVI, com vários conjuntos de ganchos que permitem a
abertura de seis maneiras diferentes. Embora a tecnologia não seja a mais
confortável, reflete a preocupação com a inovação da indústria editorial. Imagens aqui.
Sexta-feira, 28/02
>>> Brasil: Novo romance de Cristovão Tezza e
outros títulos do escritor
O professor,
romance que vem escrevendo há dois anos está previsto para sair no próximo mês
de março pela editora Record. Nesse intervalo de tempo, mais precisamente desde
agosto de 2012, o escritor tem disponibilizado na loja virtual da Amazon textos
seus fora de catálogo, como anunciamos aqui, títulos a serem reeditados e
antologias de escritos. Estão neste balaio virtual a tese de doutorado Entre a prosa e a poesia, os livros A suavidade do vento e Ensaio da paixão. A novidade recente foi
a compilação de 94 textos publicados em vários meios impressos Leituras: resenhas e ensaios.
>>> Brasil: Mais um título de Rodolfo Walsh chega
às livrarias
E pela Editora 34. A
máquina do bem e do mal e outros contos prefaciado por Ricardo Piglia,
organizado de Sérgio Molina e traduzido por Sérgio Molina e Rubia Prates
Goldoni. Rodolfo Walsh (1927-1977) é um dos mais importantes nomes da literatura
argentina, célebre pelo modo como articulou compromisso político e
experimentação formal em sua obra. O presente volume, juntamente com Essa mulher e outros contos e Variações em vermelho, já lançados pela
Editora 34, vem completar a publicação no Brasil dos contos completos do autor.
Das primeiras narrativas publicadas no início dos anos 1950 até o conto-título
"A máquina do bem e do mal", o livro traça um amplo panorama da obra
de Walsh, um escritor que, como afirma Ricardo Piglia, foi "capaz de
escrever em todos os registros da língua". O autor começou sua
carreira literária sob clara influência de Jorge Luis Borges. São desse período
os contos que abrem o presente volume e dão prova do fôlego do então jovem
escritor; entre eles há joias como "Os caçadores de lontras" e "Contos
para jogadores". A segunda parte do livro reúne todos os casos do delegado
Laurenzi, publicados entre 1956 e 1964. Narrados no célebre Café Rivadavia –
onde o escritor ouviu a frase que detonou a investigação de seu livro Operação
Massacre –, os relatos memorialísticos do delegado percorrem a geografia e a
história do país, retomando a tradição do gênero policial argentino e ampliando
seus limites.
>>> Brasil: Globo Livros reedita O perfeito cozinheiro das almas deste mundo,
de Oswald de Andrade
Sai pelo selo Biblioteca Azul. Reunindo reflexões, recados, poemas, desabafos,
ideias, caricaturas, recortes, piadas, provocações, reportagens e diversas
colagens registradas por seus importantes frequentadores, o grande livro negro
que ficava localizado na entrada do apartamento da rua Líbero Badaró, constitui
uma obra que hoje poderia ser definida como “interativa”, social, coletiva e
aberta. Como um blog. Ou uma rede social. Estamos, entretanto, em 1918, e
convém analisar a transcrição desse grande caderno por vários de seus meandros:
um romance caótico e desencontrado; um objeto de arte; uma invenção gráfica
para além do livro – a forma e o conteúdo, em suma, são testemunhas de uma
geração que ensaia os primeiros passos do movimento modernista e da Semana de
Arte Moderna, que surgirá quatro anos depois, em 1922. A edição ora publicada
conta com reproduções coloridas de várias páginas, que nos permitem vislumbrar
a composição da obra em suas cores originais, rabiscos, rasuras, carimbos,
estrutura, cronologia e dimensão, promovendo uma viagem direta às noites da rua
Líbero Badaró. O contato direto com a grafia de seus frequentadores e as
intervenções e criações artísticas de cada personagem, bem como os registros
pessoais e históricos da época, resgatam as impressões da São Paulo de 1918.
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