O lustre, de Clarice Lispector
Por Rafael Kafka Muitos leitores e críticos dizem que a obra de Clarice Lispector é pouco engajada, pouco ligada ao contexto social e político que rodeava sua produção no meio do século XX. Por essa fala, podemos interpretar inclusive que Clarice seria uma representante da torre de marfim simbolista em pleno século XX segundo tais leitores e críticos: uma escrita bela, difícil, rebuscada ao extremo, mas que nada de concreto diz sobre o mundo no qual vivemos. Durante algum tempo, senti-me tentado aderir a tal visão da obra de uma de nossas maiores prosadoras. Porém, amadurecido ainda mais pelas leituras existencialistas e absurdistas feitas por mim, creio que haja sim um engajamento de Clarice, mas não com uma fatia ou outra de nossa realidade social, e sim com o ser humano em si. Contudo, esse humano em si não deve ser visto como uma natureza humana. Se falarmos como Camus e seu termo essencialista, tal essência é a liberdade. Mas se falarmos como Sartre, de quem a i