Cortázar, um cronópio em Berkeley
Julio Cortázar numa de suas aulas em Berkeley. Foto de Carol Dunlop “Têm que saber que estou nestes cursos improvisando-os, bem pouco antes que vocês venham aqui: não sou sistemático, não sou nem um teórico, de modo que, à medida que vão sendo levantados os problemas de trabalho, busco soluções.” É menos inquietante quando um professor começa sua primeira sessão dirigindo-se aos alunos dessa maneira. Mas se está perdoado quando o professor é Julio Cortázar. Além disso, não era exatamente assim. O escritor argentino levava seu aparato de notas e um bom número de livros marcados para dar um curso sobre as chaves de sua obra entre outubro e novembro de 1980 na Universidade de Berkeley. Que faz o iconoclasta e anti-imperalista autor de O jogo da amarelinha dando aulas na universidade estadunidense só se explica porque perdeu seu velho amigo Pepe Durand, especialista em literatura colonial, com uma proposta que implicava “trabalhar pouco e ler muito”, tanto que lhe permitiu es