O tango perdido de Borges
Em outubro de 1965, Jorge Luis Borges foi durante quatro tardes a um lugar não muito grande e não identificado de Buenos Aires para falar sobre o tango. Já era admirado em todo o mundo; já havia perdido a visão e aprendido a compor textos de memória. Ainda não havia se casado e nem se divorciado de Elsa Astete, coisas que ocorreram no instante de três anos; nem as universidades (Oxford e Sorbonne, entre outras) rivalizavam por fazê-lo doutor honoris causa. As conferências estavam perdidas em algum lugar do passado. Quase nada se sabia sobre elas e por isso o mais provável é que haviam se perdido. Até que em 2002, o escritor Bernardo Atxaga recebeu umas fitas cassetes de um amigo que por sua vez havia recebido de outro amigo com uma mensagem de que aquele arquivo pertencia ao autor de Ficções. E era Borges. Confirmado primeiro pela companheira María Kodama que depois de escutar vários fragmentos, disse ser, sim, a voz do escritor, “a menos que haja algum imitador perfeito de