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Mostrando postagens de setembro 10, 2013

O “Poema sujo”: a história do poema

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Por Ferreira Gullar Uma das edições de Poema sujo Escrevi o Poema sujo  em 1975, em Buenos Aires, depois de anos de exílio em Moscou, Santiago do Chile e Lima. Se a primeira parte do exílio foi sofrida e atordoante (só me dei conta de que minha presença em Moscou era real, seis meses depois de estar vivendo lá), a última parte - queda de Allende, reencontro traumatizante com a família no Peru - foi devastadora. Transferi-me em 1974 para Buenos Aires, cidade mais acolhedora e próxima do Brasil mas, desgraçadamente, logo a situação política se agravou, desencadeando-se a repressão às esquerdas e aos exilados. À minha volta, os amigos começaram a ser presos ou fugir. Com o passaporte vencido, não poderia sair do país, a não ser para o Paraguai ou Bolívia, dominados por ditaduras ferozes como a nossa. Enquanto isso, a cada manhã, novos cadáveres eram encontrados próximo ao aeroporto de Ezeiza, alguns deles destroçados a dinamite. Sabia-se que agentes da ditadura brasileira tinha

Coral, de Sophia de Mello Breyner Andresen

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Por Pedro Belo Clara Lançado ao público pela primeira vez em 1950, Coral  foi o terceiro livro de poesia de uma das mais talentosas mulheres que Portugal já conheceu. De facto, se nos focarmos no campo das letras lusitanas, o nome de Sophia surgirá com o epíteto de "principal referência". Tanto assim é que José Saramago, não em raras ocasiões, sugeriu o nome desta autora como séria candidata a um Nobel que, contudo, nunca viria a lhe ser outorgado. Seja como for, entre aqueles que a viram nasceram para o mundo e para as letras, a qualidade, inovação e talento que lhe são inerentes jamais se apresentam como factores passíveis de dúvida ou de questionamento. A obra em causa, apesar de constituir um testemunho das primeiras aventuras poéticas de Sophia, surpreende pela notável maturidade que apresenta e por, desde logo, apresentar, num traço bem definido, as traves mestras de todo o trabalho poético da autora. Contudo, sublinhe-se o seguinte facto: a edição de que