Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago
Por Pedro Fernandes Já muito antes de publicar Ensaio sobre a lucidez em 2004, a mídia recolhia depoimentos do escritor – desde quando da recepção do Prêmio Nobel de Literatura em 1998 – sobre a atual situação mundial. Uma dessas situações abordadas em suas falas é a sobre o estágio porque passam as democracias ao redor do mundo. Em grande parte instituída depois de estados de exceção e como um modelo mais adequado porque, dentre os vários elementos, numa democracia, o Estado não está submisso a nenhuma outra instância e, tampouco, os seus indivíduos não devem ter seus direitos de voz e ação cerceados, além da liberdade de escolha de seus representantes, o mal estar da democracia, dizia Saramago, é que ela está aí, sabe-se que ela existe, mas, como figura como instituição sagrada, tornou-se uma coisa sobre a qual ninguém discute sobre; na maioria dos casos, resume-se a um ritual operacional que tempos em tempos serve para um rodízio de trocas e permanências de parlamentares e p