Pedalando com Molière, de Philippe Le Guay
Um filme-ensaio. Não no sentido direto de ensaiar sobre alguma coisa, mas pela presença daquilo que antecede a preparação de um ator. Essa poderia ser uma das razões para resumir o filme de Philippe Le Guay. Mas não é suficiente, nem convincente. Há mais a se pensar sobre sua narrativa, necessariamente tomada de jogos intertextuais diretos com a obra de Molière. Também não é suficiente essa interpenetração de discursos – o do cinema invadido pelo de seu gênero precursor, o teatro. Há o próprio fantasma do dramaturgo, ator e encenador, considerado um dos mestres da comédia satírica. Molière usou a sua obra para criticar os costumes da época; é considerado o fundador indireto do gênero na França, depois de ir na direção contrária das produções da seu tempo sempre pautadas ainda na imitação das obras gregas. Essa simples observação biográfica sobre a peça-chave do título, Pedalando com Molière – um tanto distante do título francês, Alceste à bicyclette , talvez porque o públic