No, de Pablo Larraín
Por Pedro Fernandes O ator Gael García Bernal em cena do filme No, onde vive o publicitário René Saavedra É preciso dizer não. Sempre. Principalmente diante da possibilidade de sair da clausura e por um vulto de liberdade, essa palavra buscada pelo homem desde quando olhou para si e para o outro e reconheceu-se espécie diferente das irracionais. Palavra buscada repentinas vezes desde quando somos colocados sobre as sólidas paredes do poder. O filme de Pablo Larraín, mesmo se referindo a um lugar específico da história chilena – os últimos dias do regime militar de Augusto Pinochet – quer revigorar o sentido se não esquecido por muitos já envolto em brumas de passado que inocentemente acreditamos sem retorno. Sensível ao estranho lugar que hoje respiram as democracias no mundo inteiro, vendidas todas para uma forma de poder ainda mais degradante que o seu poder político, o poder do capital, a palavra que dá título ao filme é também uma convocação a olhar – se não para o escuro