A cortina, de Milan Kundera
Por Pedro Fernandes Quando li pela primeira vez A arte do romance , de Milan Kundera, a única coisa que sabia quanto à produção literária do escritor era A insustentável leveza do ser , isso porque não muito distante do tempo eu assistira a adaptação fidelíssima de Philip Kaufman – o “fidelíssima” é por conta do que me contaram quem já fez tanto a leitura como a visão do filme. Desde então, tornou-se um livro que tenho comigo sempre. Em dois parágrafos que redigi para este blog em 2010 , eu falei um dos motivos pelos quais esse livro ganhou esse status: é uma obra escrita por quem melhor pode falar do romance, um romancista. Apesar de que minha vocação cada vez mais se defina pelo caminho da opinião crítica em torno de determinados artefatos artísticos, não tenho a ilusão rasteira de que só quem pode falar com precisão sobre arte seja o crítico. O lugar do romancista parece-me conveniente, por exemplo, porque todo escritor – no sentido considerável do termo – é tomado da mes