A atualidade renovada de Graciliano Ramos
Por Pedro Fernandes Em carta enviada por Graciliano Ramos em novembro de 1937 a seus tradutores argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro, o escritor se pronuncia sujeito desprovido de biografia. E acresce: “Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital, coisas piores e três romances fabricados em situações horríveis – Caetés , publicado em 1933, S. Bernardo , em 1934, e Angústia , em 1936. Evidentemente, isso não dá uma biografia. Que hei de fazer? Eu devia enfeitar-me com algumas mentiras, mas talvez seja melhor deixá-las para romances.” ( Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos . Salv