O cerco à literatura
Sou a favor da obscenidade e contra a pornografia. O obsceno é franco, direto; a pornografia é o indireto, perifrástico. Acho que se deve dizer a verdade apresentando-a friamente, de modo chocante se necessário, sem disfarçá-la. Em outras palavras, a obscenidade é um processo purificador, enquanto a pornografia aumenta a sujeira. Arthur Miller Um fato ocorrido semana passada no Rio de Janeiro juntou-se com algumas inquietações minhas a respeito da estranha relação que sempre foi dada por outras instâncias para com a literatura. Segundo matéria veiculada no caderno de Cultura do jornal Estadão, de 17 de janeiro, a livraria Nobel de Macaé, recebeu na segunda-feira a visita de dois policiais e de dois comissários da Segunda Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso do município com a ordem de recolher todos os livros com conteúdo impróprio para menores de 18 anos que não estivessem em embalagens lacradas. A ordem partiu do juiz Raphael Baddini de Queiroz C