"Pena mínima", o primeiro livro potiguar dedicado (completamente) ao haikai
Haikais e poemas curtos constituem essa Pena Mínima do poeta
Lívio Oliveira, que parece-nos não querer findar-se, uma vez que, deixa a
sensação de que o autor ainda tenha algo mais a declarar. Se finda rápido como
um cometa, antecedido em página em branco, como a esperar que a pena lhe venha
preencher; cruza sertão e beco e deságua no alto mar, e inicia-se como
consequência de uma busca, de um duelo, do desejo humano mais íntimo e ao mesmo
tempo paradoxal, posto que, ao mesmo tempo é simples e complexo como a relação
do corpo e do espírito, da razão e da desrazão, numa paisagem na qual se descortina
a teleologia, que de repente apresenta-se como renovação, recomeço, apontando
em direção a um epílogo, que não aparece como fim pelo fim em si, mas chega com
segurança e sem temor, como se continuasse a nos transportar a cumprir a pena
mínima cotidiana com a liberdade de voar pela literatura norte-rio-grandense.
Pena Mínima é o primeiro livro da poesia potiguar totalmente dedicado ao
haikai. Antes, foram feitas apenas algumas experimentações com essa forma
poética, por exemplo: Maria Sylvia com o livro Tempo de Romance e Outros Tempos
de 1983, Luís Carlos Guimarães com Pauta de Passarinho de 1992, e Diógenes da
Cunha Lima com Os Pássaros da Memoria de 1994. O livro de poemas Pena Mínima
nasceu grande, com uma apresentação de Nei Leandro de Castro o abrilhantando
ainda mais. Com essa obra Lívio Oliveira nos transporta pelas veredas que levam
a contemplar a riqueza de nossa terra, na alma das letras, que vivas nascem e
povoam nossa literatura.
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Lívio Oliveira é advogado, procurador federal, pesquisador, articulista e
poeta; nasceu em Natal. Começou a escrever ainda
adolescência, inspirado pelas leituras de autores como Fernando Sabino, Manuel
Bandeira, Augusto dos Anjos e Fernando Pessoa. Dos escritores potiguares que o
influenciaram, o poeta menciona Vicente Serejo, Marize Castro, Américo de
Oliveira Costa, Dorian Jorge Freire, dentre outros.
Lançou seu primeiro livro em
2002, O Colecionador de Horas (poesia), pela A.S. Editores, em 2004,
publicou uma pesquisa sobre livros e bibliófilos potiguares, com o título Bibliotecas
Vivas do Rio Grande do Norte. Ainda em 2004, lançou Telha Crua,
livro de poesias vencedor do prêmio Othoniel Menezes, através da Fundação
Capitania das Artes.
Em 2004 Lívio Oliveira teve seus poemas
vencedores do prêmio Luís Carlos Guimarães, promovido pela Fundação José
Augusto. Também recebeu duas menções honrosas no prêmio Zila Mamede, e
conquistou o 3º lugar em um prêmio de poesia organizado pela da Justiça Federal
do Rio Grande do Norte.
Em 2009 publicou Dança em Seda Nua, uma seleção de poemas eróticos ilustrados pelo traço
modernista de Dorian Gray e com textos de prefácio por Lisbeth Lima e
Moacy Cirne. No mesmo ano, em parceria com o músico Babal, lançou o CD Cineclube, álbum
que homenageia a sétima arte. Lívio Oliveira além de ser um dos maiores
nomes da poesia potiguar contemporânea, escreve em sites, blogs e órgãos
da imprensa sobre cultura e literatura.
Pena Mínima é de 2007, e o escritor Nei Leandro de Castro, responsável pelo texto de apresentação afirma que, mesmo os poemas curtos, de estrutura fora do haikai, têm o mesmo nível de qualidade, livres da estrutura dos 17 versos, com maior autonomia para voar, seduzir, aninhar-se na intimidade da poesia.
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