Boletim Letras 360º #40
Iniciamos este boletim fazendo uma chamada final para a
celebração dos nossos seis anos on-line. Ainda estamos nas fraldas, é verdade,
mas durante esse tempo on-line já passamos por boas e ruins. Mas, com
honestidade e sem subestimações, temos galgado um espaço diferenciado na web, apresentando aos que nos acompanham
e aos que caem por aqui desavisados sempre muita coisa bacana. Este espaço
surgiu, como está escrito no seu histórico como uma aventura de um sujeito
semianalfabeto nos recursos digitais, passou a ser um espaço pessoal, privado,
com escritos e coisas de interesse do mantenedor do espaço, para depois,
agregar a isso, outros interesses. Temos construído um corpo de contribuintes
com receitas textuais quinzenalmente, o que tem dado muito certo, e firmado
parcerias entre grandes e pequenos a título de compor uma rede cujo interesse é
o de apresentar aquilo que melhor nos define enquanto humanos, a arte. Nesses seis
anos, temos publicado pouco mais de 1.670 textos, recebido mais de 180.000
visitas, com média diária, nos dois últimos anos, de 300 a 500 visualizações
por dia. Noutros espaços por onde insinuamos andar temos bons números, com os
quase 7.000 amigos juntando Facebook, Youtube, Google+, Twitter e Tumblr. Para um
espaço conduzido por duas mãos e a contribuição de outras é já de deixar
qualquer um satisfeito. E, para fechar essa pilha de números, temos presenteado
nossos amigos com muitos livros; não é suficiente falar sobre literatura, é necessário
oferecer literatura; do fim de 2012 até o fim de 2013 teremos dado mais de 20
títulos, numa média de 2 livros por mês. Não temos do que reclamar, só
agradecer a todos os que nos acompanham. O dia 27, quando chegaremos enfim aos
6 será um dia bacana com novidades que estamos preparando. Enquanto esse dia
não vem, vamos saber o que foi matéria em nossa página no Facebook esta semana?
Segunda-feira, 18/11
>>> Inglaterra: A escritora Doris Lessing, que
recebeu recentemente o Nobel da Literatura, morreu aos 94 anos
Autora de mais de 50 romances e com uma obra diversificada,
Lessing foi descrita pela Academia Sueca, que lhe atribuiu o prêmio Nobel da
Literatura em 2007, como "uma épica da experiência feminina que, com
ceticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização ao
escrutínio". Lessing começou por dedicar-se, na sua ficção, aos temas do
comunismo, para depois construir uma surpreendente ficção científica, ou
espacial. Doris Lessing nasceu a 22 de Outubro de 1919 em Kermanshah,
atualmente Irã. Filha de pais britânicos, um antigo oficial do exército e uma
enfermeira, foi criada no Zimbabwe, tendo incluído na sua obra muita da sua
experiência autobiográfica em África. O escritor J.M. Coetzee chamou-lhe
"uma das maiores romancistas visionárias do nosso tempo". Nesta
semana fizemos um breve perfil da escritora para blog, aqui.
>>> Portugal: Cartas entre J. M. Coetzee e Paul
Auster reunidas em livro
Sem previsão de chegada ao Brasil, mas já com edição em
português, o título "Here and now" reúne correspondências trocadas
entre os dois escritores entre os anos de 2008 e 2011. Esta amizade
epistolar começou por iniciativa de Coetzee, Nobel da Literatura em 2003, e
prolongou-se por três anos, durante os quais os dois escritores trocam
impressões sobre processos criativos, atletismo, xadrez, economia, cinema ou
sobre o desconforto perante a tecnologia. Segundo o jornal The Guardian, as cartas estão "despidas de qualquer coisa que
se assemelhe à má língua ou indiscrição, coisas que normalmente tornam a
leitura da correspondência privada dos outros um 'prazer culpado'".
>>> Brasil: Manifesto contra a censura das
biografias
Redigida no dia 17 de novembro no âmbito do 1º Festival de
Biografias, em Fortaleza, a carta reitera a manifestação de apoio irrestrito à
Ação Direta de Inconstitucionalidade 20 e 21 da Lei 10.406/2002 (Código
Civil). Segundo texto "as duas bem-vindas iniciativas pretendem abolir a
censura prévia imposta a biografias e demais manifestações culturais,
acadêmicas e jornalísticas." Para o grupo que assina a carta - Fernando
Morais, Guilherme Fiuza, Humberto Werneck, João Máximo, Josélia Aguiar, Lira
Neto, Lucas Figueiredo, Luiz Fernando Vianna, Mário Magalhães, Paulo César de Araújo,
Regina Zappa e Ruy Castro - "a necessidade de autorização prévia
converteu-se no Brasil em constrangimento e impedimento à produção não apenas
de biografias, mas de qualquer trabalho de não ficção que trate de política,
artes, esportes e outros aspectos da vida nacional." O texto na íntegra
pode ser lido aqui.
>>> França: O centenário de uma obra que mexeu com
o trabalho em poesia
Precursora do surrealismo e das principais vanguardas do início
do século XX, a obra-prima Álcoois,
de Apollinaire chega ao seu centenário como a coletânea de poesia mais popular
da França. No Brasil, a edição chega pela Editora Hedra e revela as
diversas facetas de um autor que esteve em perfeita sintonia com seu tempo — e
também à frente dele. A nova tradução é de Mario Laranjeira.
Terça-feira, 19/11
>>> Portugal: On-line a 18ª edição da revista Blimunda
No mês dos 91 anos de José Saramago, a Blimunda traz com ela duas entrevistas de Sara Figueiredo Costa a dois dos jovens
autores mais promissores em língua portuguesa: Afonso Cruz e Ondjaki. O primeiro
acaba de lançar o seu novo romance Para
onde vão os guarda-chuvas, o segundo, Ondjaki, que acaba de ser distinguido
com o Prêmio Literário José Saramago, atribuído pela Fundação Círculo de
Leitores, pelo romance Os Transparentes.
Em estreia nas páginas da Blimunda,
Jeronimo Pizarro traz-nos um texto sobre literatura de viagens, com passagens
por Pessoa, Camilo Pessanha ou Dinis Machado. No infantil e juvenil, destaque
para os 130 anos que a Biblioteca de São Lázaro, em Lisboa, está a comemorar,
partindo do texto absolutamente atual de Feio Terenas, o primeiro bibliotecário
da rede de Bibliotecas de Lisboa. Presente também nas páginas desta seção a
recente edição portuguesa de Como Apanhar
uma Estrela, de Oliver Jeffers. Quase a terminar, o centenário de Camus não
é esquecido, através de um texto de Juan José Tamayo, que integra a sua obra Cincuenta intectuales para una conciencia
crítica, publicada em Barcelona. E como dos 91 anos de José Saramago se
trata, a Blimunda entrou nos arquivos
da Biblioteca que leva o nome do autor e descobriu as dedicatórias que outros
escritores deixaram gravadas em livros que ocupam as prateleiras daquele
magnífico espaço. Um trabalho de arqueologia literária que terá continuidade no
próximo número da Blimunda. A
terminar uma nota para a capa desta edição, que apresenta algumas mudanças
gráficas permitindo um contato mais rápido com os temas que preenchem as suas
páginas. Para janeiro, outras mudanças se anunciam. Pode baixar aqui.
>>> Espanha: Elena Poniatowska é a vencedora do
mais importante prêmio da literatura de língua espanhola, o Cervantes
A escritora mexicana de 81 anos, manifestou-se com "uma
grande alegria estar ao lado de (Carlos) Fuentes, Sergio Pitol e José Emilio
Pacheco" - "são três homens, e agora eu, que sou uma mulher". Poniatowska
rememora que na história do prêmio, apenas três mulheres o ganharam e ela sendo
a quarta demonstra grande honra.
>>> Brasil: Mais um título de Jack Kerouac chega às
livrarias
Visões de Gerard é
definido no catálogo da L&PM Editores, como "um tocante e delicado
relato sobre a vida, sua brevidade e o tênue fio que a mantém". É
esse o título que hora se apresenta; um texto em prosa que mescla memórias,
ilusões, devaneios e até mesmo poesia. Jack Kerouac recorda os anos de sua
primeira infância na cidadezinha de Lowell, em Massachusetts, onde, aos 4 anos,
convive com a grave enfermidade que em breve será responsável pela morte de seu
irmão mais velho, Gerard, de apenas 9 anos. O texto, um tanto autobiográfico,
revela mais uma faceta do plural Kerouac. A tradução é de Guilherme da Silva
Braga.
Quarta-feira, 20/11
>>> Inglaterra: Para o cérebro a poesia é como
música
É a conclusão a que chega um estudo que revela as diferenças
neurológicas entre poesia e prosa conduzido pelo professor Adam Zenam da
Universidade de Exeter. Usando a tecnologia fMRI, a fim de visualizar a
ativação do cérebro, particularmente em áreas distintas, Zeman encontra
atividade num conjunto de áreas que ele chama de "rede de leitura" do
cérebro, ou seja, regiões neurológicas estimuladas por todos e quaisquer materiais
escritos. Antes do estudo, salienta, "ninguém tinha imaginado
especificamente diferentes respostas do cérebro à poesia e à prosa";
Zeman, no entanto, centrou-se sobre essas diferenças. Além de a rede de
"leitura", outras áreas foram ativadas independentemente quando da
mudança do gênero textual. "Essas regiões", explica o pesquisador,
"são predominantemente o lado direito em zonas responsáveis pelos efeitos
emocionais obtidos na audição da música."
>>> Brasil: Por toda parte, livros
O publicitário mineiro Tallis Gomes, criador do aplicativo
“Easy Taxi”, serviço no qual você pode localizar e chamar um táxi de qualquer
lugar apenas com o uso de smartphone criou outra ideia: a ‘bibliotaxi’. Funciona
assim: o passageiro pode usar o livro durante o trajeto, mas pode levar para
casa e devolvê-lo numa outra oportunidade em que utilizar um táxi credenciado
ao Easy Taxi. A meta do empresário é que em poucos meses a ‘bibliotaxi’ esteja
presente em 90%, “ou 100%, da frota credenciada.
>>> Brasil: O
diário, de Frida Kahlo ganha reedição de luxo
Durante os últimos dez anos de vida, a artista mexicana
manteve um diário em que documentou sua luta política, reflexões da vida
conturbada e dores pessoais, além do amor pelo marido, o muralista Diego
Rivera. As pinceladas coloridas e manuscritos poéticos da artista podem ser
apreciados pelo público na reedição de O
diário de Frida Kahlo: um autorretrato íntimo, uma reprodução de todo o
material produzido entre os anos de 1944 a 1954. Sucesso em todo o mundo, o
livro foi publicado no Brasil pela editora José Olympio em 1994. Depois de anos
fora do catálogo, está de volta às livrarias em edição capa dura, com
apresentação do crítico de arte Frederico de Moraes.
>>> Brasil: As palavras de Clarice
Não é mais novidade que Clarice Lispector é uma das mais
citadas - correta ou incorretamente. Roberto Corrêa dos Santos aproveita dessa
constatação e apresenta um livro com recortes claricianos. As palavras sai em breve pela Editora Rocco e terá leitura dentro
da programação do Hora de Clarice deste ano, evento preparado pelo Instituto
Moreira Salles.
Quinta-feira, 21/11
>>> Alemanha: As obras de arte atribuídas à posse
ilegal em Munique: tudo pode ter sido um engano
O chamado tesouro de Munique contendo em torno de 1.400
obras de arte e que segundo as primeiras investigações da polícia alemã eram
produto ilegal adquirido quando do Nazismo pode ser de fato de Cornelius
Gurlitt. O senhor de 84 assegura que as obras foram herdadas do pai, um
negociante de obras do gênero durante o período da Segunda Guerra. As
investigações já sinalizam em fazer a devolução das obras: pelo menos 400 dos
quadros já foram constatados pertencerem, de fato, a Gurlitt. Se provado,
estaremos diante de um grande fiasco da polícia alemã.
>>> Brasil: Mário de Andrade e a música
Uma conjunto de crônicas de Mário de Andrade publicado na Revista do Brasil entre 1938 a 1940,
quando o paulistano morava no Rio de Janeiro, será reunido num título a sair em
março pela Ateliê Editorial. Sejamos
todos musicais aborda nomes como Radamés Gnatalli e Camargo Guarnieri e
compara a produção carioca com a paulistana.
>>> Brasil: Inéditos de John Updike devem chegar às
livrarias em 2014
O escritor e crítico literário estadunidense é o mais novo
autor da Biblioteca Azul, selo da Globo Livros. Na primeira fase de
publicação de sua obra, serão editados nove livros, a começar, em 2014, pela
tetralogia Rabbit, que faz um retrato da vida estadunidense nas últimas décadas
e deu fama, e prêmios, ao seu autor. O primeiro volume, Coelho corre, foi lançado em 1960; depois, vieram Coelho em crise, em 1971; Coelho cresce, em 1981; e Coelho cai, em 1990. Já os nunca
editados no Brasil é um volume com todos os contos do autor, Couples, Marry Me e Seek My Face.
Sexta-feira, 22/11
>>> Inglaterra: Um café da manhã a James Bond
Muita gente já quis ser James Bond por um dia. Bom, isso
ainda é impossível, mas em Londres é já possível ao menos tomar café da manhã
como o agente especial da rainha. Até o fim de novembro o hotel Dorchester está
com a promoção “Breakfast with Bond”, em que um café da manhã temático é
servido a quem mencionar o livro “Solo” no momento da reserva.
>>> Estados Unidos: Vai a leilão o que pode ser o
livro mais valioso do mundo
Conhecido como Bay
Psalm Book, o livro foi editado em 1640, com o título original de The Whole Booke of Psalmes Faithfully
Translated into English Metre, pelos primeiros residentes da colônia
americana da Baía de Massachusetts. Foram impressos 1.700 exemplares e só
restaram 11. Os especialistas falam que além de ser o primeiro livro impresso
na colônia foi também o primeiro título em inglês no Novo Mundo. O livro
trata-se de antologia de salmos traduzidos por puritanistas ingleses. O
leilão que acontece no próximo dia 26, pela casa Sotheby's espera arrecadar
entre 15 e 30 milhões de dólares pela raridade. O leiloador é a Igreja de
Boston que possui apenas esse exemplar do livro e se ver obrigada a vendê-lo a
título de arrecadar 7 milhões de dólares para manter alguns de seus projetos.
Os outros dez volumes pertencem a museus e bibliotecas públicas dos Estados
Unidos.
>>> Brasil: Aulas de Nabokov em livro
Uma das faces menos conhecida do autor de Lolita é a de professor, embora seja já
conhecida a leitura inovadora que Nabokov faz de A metamorfose, de Kafka. Esse é um problema que está com os dias
contados: dois títulos devem sair pelo jovem selo editoral Três Estrelas até
2014. Lectures on Russian Literature
e Lectures on Literature reúnem aulas
ministradas nos anos 1940 nos Estados Unidos, tratando de nomes, além de Kafka,
Gógol, Tolstói, Jane Austen e Proust.
>>> Brasil: Uma nova edição para Invenção de Orfeu
Comentamos em meado desse ano que a Cosac Naify estava preparando
uma nova edição para Invenção de Orfeu,
de Jorge de Lima e um dos grandes poemas da língua portuguesa. O livro já está
na pré-venda e recobra os sessenta anos da morte do poeta alagoano. A edição
ora preparada é uma parceria da editora paulista com a editora Jatobá. O texto
traz posfácio de Fábio de Souza Andrade, ensaios de Murilo Mendes, João Gaspar
Simões e Mário Faustino, além de documentos inéditos: datiloscritos anotados
pelo autor, carta de Ezra Pound e reproduções de época. Trata-se de uma
reedição definitiva para recolocar Jorge de Lima em seu lugar de direito, entre
os grandes poetas que formaram a linha de frente do modernismo brasileiro,
junto a Bandeira, Oswald, Drummond e Murilo Mendes.
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