Boletim Letras 360º #38
O retrato de uma intriga: imagem de Jane Austen retocada para a nota de 10 libras é motivo de uma polêmica. Mais detalhes durante o Boletim. |
Tudo pronto já para a nossa nova promoção; iremos apresentar
a novidade amanhã no final da tarde. Estejam atentos ao blog. Até lá, vamos
rever o que foi notícia durante esta semana em nossa página no Facebook.
Segunda-feira, 04/11
>>> Austrália: Um drone para entregar livros
Uma startup
australiana chamada Flirtey quer transformar os temidos drones, veículos aéreos não tripulados usados pelo governo
estadunidense, em ferramentas para levar conhecimento aos cidadãos do país. Com
a ajuda de outra empresa, a livraria virtual Zookal, a startup irá usar os
drones para entregar livros
diretamente na casa dos consumidores. Em cerca de três minutos, o drone é capaz de levar a encomenda até
as mãos do cliente. Ao se aproximar do destino e fazer um pouso deixará o
pacote que estará preso a um cabo retrátil. Através de um aplicativo para
smartphones e tablets, o consumidor poderá ter acesso ao GPS do drone, que o informará sobre o status da
entrega e permitirá a realização do pedido. A ideia de usar este tipo de
veículo é tornar mais rápida a entrega de produtos. Segundo ele, é possível
levar uma encomenda para a casa do cliente em até três minutos. O envio por
vias convencionais leva entre dois e três dias úteis. Veja no vídeo, em inglês
e sem legendas, o drone em ação.
>>> Estados Unidos: Mia Couto é o vencedor do
Prêmio Internacional Neustadt
O anúncio foi feito no fim da semana anterior pela Universidade
de Oklahoma e pela revista World
Literature Today, publicada na escola de Norman, Oklahoma. O prêmio, que
foi criado em 1969,é dado a cada dois anos. Entre os contemplados dos anos
anteriores estão Gabriel García Márquez, Elizabeth Bishop e João Cabral de Melo
Neto. O prêmio é oferecido pelo conjunto da obra, que inclui romances, poesia e
textos curtos em prosa.
>>> Inglaterra: Todos os manuscritos que deram origem
ao Frankenstein de Shelley estão
agora on-line
Originalmente publicado em 1 de janeiro de 1818, Frankenstein teve o seu início no verão
de 1816, quando a Shelley e Claire Clairmont juntou Lord Byron e seu médico
John Polidori em Cologny, perto de Genebra. Durante o verão, historicamente,
frio e chuvoso, o grupo divertiu-se durante as noites lendo histórias de
fantasmas em voz alta, o que levou Byron propor a cada um a tentativa de
escrever uma história do gênero. O texto evoluiu e chegou a um romance em dois
volumes em 1816-1817. Todos os cadernos onde foram redigidas as versões do
texto de Shelley podem agora ser vistos em alta qualidade. Aqui.
>>> Brasil: Mais lançamentos de J. R. R. Tolkien
Prestes à estreia do segundo filme da franquia O Hobbit, a Editora WMF Martins Fontes que
tem apostado nas últimas publicações de Tolkien no país prepara para o mês de
novembro lançamentos e muitas boas-novas em torno de obras do autor. Uma
dessas novidades é a publicação de uma versão inédita de O Hobbit, com ilustrações de Jemima Catlin. Esta edição fora
publicada em setembro desse ano e é a primeira edição ilustrada em 18 anos, a
última sendo a de Alan Lee, premiado em 1995.
>>> Alemanha: Descoberto um conjunto de cerca de
1500 obras de artistas como Pablo Picasso, Henri Matisse, Marc Chagall, Paul
Klee e outros
Do espólio, cerca de 300 peças chegaram a ser consideradas
"arte degenerada" e foram confiscadas pelo regime Nazista; no rol de
outras que haviam sido destruídas, acreditava-se que este também teria sido o
fim das obras ora encontradas. Mas não. Estavam num apartamento em Munique,
Alemanha, em poder de um senhor de oitenta anos, filho de um negociante de arte
das décadas de 1930 e 1940. As obras eram guardadas em caixas fechadas e o
homem que a revista Focus descreve
como tendo uma vida solitária, vendia ocasionalmente uma obra, vivendo dos
lucros do espólio. Pelo menos 200 das obras descobertas estavam a ser
procuradas a nível internacional. A ação das autoridades não foi divulgada
publicamente e o espólio tem estado guardado num armazém nos arredores de
Munique.
Terça-feira, 05/11
>>> Portugal: 136 Pessoas coletânea de textos põe
leitores em contato com as múltiplas personas de Fernando Pessoa
Em Eu sou uma antologia,
Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari redescobrem as múltiplas individualidades
de Fernando Pessoa. Cada um dos 136 autores fictícios é apresentado por
uma breve introdução, seguida das suas assinaturas fac-similadas e de um ou
mais dos seus textos – de entre os quais se destacam 77 inéditos. “A
investigação que tornou possível este livro foi simultaneamente complexa e fascinante.
Complexa, porque percorremos as 30 mil folhas do espólio pessoano, à procura do
que poderíamos denominar vestígios ficcionais, isto é, nomes inventados ou
nomes reais ficcionados. Fascinante, porque no caso de muitas figuras não
tínhamos uma visão de conjunto – são bem conhecidas as obras de António Mora e
de Jean Seul de Méluret, por exemplo, mas não as do Dr. Pancracio ou as de
Charles Robert Anon. Isto levou-nos a reler textos editados e a ler textos
inéditos, a atingir uma percepção mais nítida de figuras acerca das quais
tínhamos ideias muito vagas, e a compreender melhor o desenvolvimento e a dinâmica
do heteronimismo pessoano.” Mais um achado para os estudos pessoanos. O livro é
publicado pela Tinta-da-china.
>>> Inglaterra: Jane Austen retocada
O que era para ser uma homenagem tem sido uma vergonha aos
olhos de parte dos estudiosos de Austen. Em julho deste ano, o Banco da
Inglaterra anunciou que, a partir de 2017, as notas de 10 libras serão
estampadas com o rosto da escritora (cf. temos acompanhado por aqui). Mas
a biógrafa Paula Byrne, autora de The
Real Jane Austen, tem se pronunciado um tanto revoltada com o resultado da
proposta. O retrato escolhido para a nota foi retocado e a escritora
transformada numa "boneca bonita com olhos grandes e fofos". Em nota
publicada no site da BBC, diz Byrne que Austen aparece "enfeitada como se
fosse da era vitoriana", quando na verdade ela "era muito mais uma
mulher de caráter georgiano. O traje está errado e a imagem cria um mito Austen
para alguém que era uma recatada solteirona e não um autor de pensamento
profundo." O Banco Central, por sua vez, reitera que a imagem é baseada no
famoso retrato pintado pela irmã de Cassandra Austen (foto) e a Jane Austen
Society, entidade que preserva a memória da escritora diz que o Banco "fez
um bom trabalho". Outra polêmica, mas sobre outra fotografia de Austen,num post feito para o blog esta semana.
>>> Brasil: Chega às livrarias romance inacabado de
F. Scott Fitzgerald
O último magnata demonstra
que poderia ter sido, apesar de sua brevidade e ausência de conclusão, a real obra-prima do autor de outro romance
central da literatura norte-americana, O
grande Gatsby. Acompanham as cerca de 60 mil palavras do rascunho as notas
em que Fitzgerald formulava sua narrativa, minuciosamente coletadas pelo crítico e ensaísta Edmund Wilson, também autor do primoroso prefácio. Conforme Wilson observa em seu excelente — embora breve —
prefácio, o mandachuva Monroe Stahr, centro da trama de O último magnata, é o personagem mais bem concebido de Scott
Fitzgerald. “Suas anotações sobre o personagem mostram como Fitzgerald conviveu
com Stahr por três anos ou mais, amadurecendo as idiossincrasias da figura e
reconstituindo sua rede de relacionamentos nos vários departamentos da
indústria do cinema.” O livro é publicado pela Penguin-Companhia das Letras.
Dele, a Companhia das Letras também publicou recentemente 24 contos de Scott Fitzgerald, Querido
Scott, Querida Zelda e Pileques.
>>> Portugal: Ondjaki é o vencedor do Prêmio José
Saramago 2013
Esta é a 8.ª edição do Prêmio atribuído de dois em dois
anos, desde 1999, pela Fundação Círculo de Leitores. Nas edições anteriores
foram distinguidos os escritores Paulo José Miranda, José Luís Peixoto,
Adriana Lisboa, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo e Andrea del
Fuego. O júri é constituído por Guilhermina Gomes (presidente), Nélida Piñon,
Ana Paula Tavares, Pilar del Río, Vasco Graça Moura, Manuel Frias Martins,
Maria de Santa Cruz e Nazaré Gomes dos Santos deu o galardão a Ondjaki, pelo
seu último romance Os transparentes –
publicado muito recentemente no Brasil pela Companhia das Letras.
Quarta-feira, 06/11
>>> Espanha: Ouvir Jorge Luis Borges a falar e a
cantar (sobre) tangos
Em setembro deste ano editamos uma matéria dando contas
sobre a descoberta de uma série de conferências de Borges sobre o tango.
Inclusive, o post foi atualizado, aqui. Com a preparação de um audiolivro pela
Casa do Leitor, o jornal El País disponibiliza on-line parte desse material já
editado.
>>> Brasil: 1Q84
completo no Brasil
A editora Alfaguara que publica a obra do escritor japonês
no país anunciou que o terceiro volume da trilogia 1Q84 já está pronto e será lançado na primeira semana de dezembro.
A trilogia completa de Haruki Murakami será reunida num box especial contendo
os três volumes.
>>> Rússia: A cozinha de Tolstói on-line
Depois da digitalização dos 90 volumes da obra do grande
escritor russo Liev Tolstói (sobre a qual comentamos em primeira mão por aqui),
surge uma versão para iOS do livro de receitas de sua mulher. A obra de Sófia
Andrêevna Tolstáia vai para além da simples seleção das receitas familiares,
pois o estudo de hábitos culinários da casa dos Tolstói permite entender melhor
tanto o caráter do escritor, com suas buscas e contradições, como os costumes
da sua época. As receitas de maior interesse talvez sejam as relacionadas com
amigos e familiares do Tolstói. O livro traz muitas: bolo do doutor Anke, creme
pascal de requeijão dos Bestujev, kvass de limão de Marússia Maklakova,
passtilá de maçã de Maria Fet... Quer mais novidades? Aqui.
Quinta-feira, 07/11
>>> Brasil: O primeiro romance de Celeste Antunes
Enquanto o pai Arnaldo Antunes trilha uma sólida carreira
pela poesia, Celeste estreia no romance. "Para quando formos
melhores" é editado pela Editora 34 e recebe os epítetos de
"vertiginoso, engraçado e irreverente". Nascida em São Paulo em 1991,
Celeste busca com uma linguagem veloz e criativa, agudo senso de observação e
um timing perfeito para diálogos (que revelam sua experiência como roteirista
de cinema), flagrar com extrema propriedade o universo de cinco adolescentes –
Sara, Fran, Lucas, Teo e Miguel - nos dias de hoje, em uma grande cidade, às voltas
com suas primeiras experiências afetivas, sexuais e também com drogas, num
cotidiano aberto que mistura continuamente humor e angústia existencial. Como
observa Fabrício Corsaletti, neste livro "os personagens são todos
convincentes; misturam Marx com cerveja, Kafka com palhaço Pepino, beijo a três
com medo de barata". Uma estreia incomum que, em sua aparente
despretensão, tem algo de Salinger: reúne amor, amizade, inquietações
filosóficas e zombaria, num tom absolutamente contemporâneo. Celeste acertou na
mosca.
>>> Brasil: Ana Cristina Cesar dentro e fora de seu
país de origem
Enquanto as livrarias se preparam para a reedição de parte
significativa de sua obra no Brasil - Poética
editado pela Companhia das Letras deve sair em meados de novembro e quer
repetir o sucesso de Toda poesia, de
Paulo Leminski – Ana Cristina Cesar é também motivo de uma tradução inédita da
sua obra na Argentina. Em crítica publicada recentemente nas páginas da
revista Ñ, a poeta é definida como
uma vozes mais autênticas da literatura brasileira contemporânea. Por lá, saiu
pela Manantial El Método documental. Por
aqui, a editora responsável por "Poética" há de lançar em breve o
poema "Samba-Canção" como booktrailer para a obra. O vídeo será
ilustrado com lambe-lambes, cartas e folhas mimeografadas, sob produção da
Mínimas – a mesma que também fez o vídeo do Toda
Poesia, de Paulo Leminski.
>>> Angola: Agualusa e o novo romance
De passagem por Natal para o Festival Literário o escritor
angolano em residência na cidade escreveu dois capítulos do que será seu novo
romance. Depois de ler em primeira mão um fragmento que poderá estar na versão
final do texto, o romancista declarou ser este um dos textos mais difíceis que
tem elaborado até o presente. Trata-se de uma narrativa situada entre o Brasil
e Angola cuja peça central é contar a história da rainha Ginga, ícone da
resistência escrava naquele país entre os séculos XVI e XVII.
Sexta-feira, 08/11
Brasil: Um "livro Beat"
A trilogia Beat traz pela primeira vez no Brasil a poesia e
as ideias de três dos mais marcantes nomes da Geração Beat, o mais importante
movimento literário norte-americano do século XX, que influenciou seminalmente
a contracultura: Gary Snyder, Michael McClure e Jerome Rothenberg. Etnopoesia no milênio é uma edição
caprichadíssima da Azougue Editorial.
>>> Brasil: Machado de Assis em alta
Tarefa árdua é a de quem se aventurar estudar a obra de
Machado de Assis. O motivo? Segundo mapeamento recente feito pelo Conexões Itaú
Cultural, Machado é o autor brasileiro mais estudado nas universidades brasileiras
e estrangeiras. Já pensou em encontrar um lugar pelo qual possa valer um dito
sobre sua obra? Outra curiosidade: Toda a obra dele já foi traduzida para
o inglês – fato inédito para um escritor brasileiro. Bom, mas mesmo assim
há aventureiros: a Civilização Brasileira acaba de colocar nas livrarias Machado de Assis: por uma poética da
emulação, do professor da UERJ João Cezar de Castro Rocha. O livro acaba de
ter os direitos adquiridos pela editora estadunidense Michigan State University
Press e deve sair por lá, em papel e digital, em 2014.
>>> Argentina: Julio Cortázar persona non grata
O Ministério da Defesa da Argentina divulgou as chamadas
“listas negras” que trazem os nomes de personalidades consideradas perigosas
pela ditadura. Entre eles está o do escritor Julio Cortázar. Os papéis são
parte de 1.500 documentos encontrados no subsolo do Edifício Condor, sede da
Força Aérea do país. Na lista, além de escritores, estão jornalistas,
intelectuais, artistas, professores, advogados e locutores. Outros que aparecem
entre os possíveis inimigos do governo militar da época são o da cantora
Mercedes Sosa e da atriz Norma Aleandro. Os documentos encontrados
incluem ainda 280 atas secretas da junta militar, informações sobre a relação
entre o Chile e o Reino Unido e documentos comprovando que os militares
ajudaram o jornal “Clarín” a comprar parte da Papel Prensa, maior empresa de
papel-jornal do país. A ditadura argentina foi de 1976 a 1983.
>>> Brasil: Balada Literária já tem programa
fechado
O já tradicional evento paulistano Balada
Literária divulgou sua programação da edição de 2013. Apesar da abertura
oficial ser apenas no dia 20/11, as ‘baladas’ já começam nos dias 14 e 15/11. Este ano
o homenageado é o cartunista Laerte Coutinho, que participará da conversa “DEUS
– Um encontro em homenagem ao cartunista LAERTE”, no dia 21/11, na Livraria da
Vila, com o escritor Joca Reiners Terron, Angeli, João Silvério Trevisan e
Sérgio Gomes. O evento também receberá os escritores estrangeiros Pedro Lemebel
(Chile) e Washington Cucurto (Argentina). Outro destaque é a participação do
editor Luiz Schwarcz, que participa de uma conversa com Claudiney Ferreira, no
dia 22/11, também na Livraria da Vila. Após a Balada, haverá também, como já é
de praxe, a Ressaca Literária, no dia 27/11. Saiba tudo indo aqui.
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