Os mistérios de J. D. Salinger por um triz



Os que nos acompanham terão lido que está bem próximo o lançamento de um documentário cujo pretexto anunciado é de que, enfim, sejam apresentadas algumas peças do complexo quebra-cabeça que se tornado a misteriosa vida do autor de O apanhador no campo de centeio, um dos livros mais icônicos e controvertidos da literatura estadunidense do século XX.

Por que J. D. Salinger viveu durante décadas no silêncio mais absoluto e não deu entrevistas e nem declarações de nenhum gênero? Seguiu escrevendo? De que maneira lhe afetou a II Guerra Mundia? E o fato de que seu romance fora uma obsessão para o assassino de John Lennon ou para John Hinckey Jr. que tentou acabar com a vida do presidente Ronald Reagan em 1981? A biografia The private war of J. D. Salinger (A guerra privada de J. D. Salinger, tradução literal e livro inédito no Brasil) dá respostas a todas essas perguntas. O livro é publicado em Nova York pela mesma ocasião da apresentação do filme de Shane Salerno.

Esta é de fato a primeira biografia apresentada com o epíteto de definitiva sobre o escritor e sua elaboração é já um o maior projeto editorial do mundo nos últimos anos. Em parceria com David Shields, Salerno levou oito anos e dois milhões de dólares de seus próprios bolsos para buscar testemunho de 200 pessoas do círculo mais íntimo de Salinger, nos cinco continentes: companheiros de guerra, amigos de infância, amizades do escritor por mais de 40 anos... São mais de 750 páginas que resumem e dissecam os 15 mil fólios de entrevistas. Além disso, há 167 fotos, diários, cartas e outros documentos que jamais foram vistas até hoje.

O conflito pelos direitos e uma extrema cautela tem rodeado a aparição de uma biografia que chegará às livrarias dos Estados Unidos, no próximo dia 3 de setembro, três dias antes da estreia do filme. A obra foi comprada simultaneamente pela The Weinstein Company & Shuster e a rede de TV PBS American Masters em absoluto segredo e por cifras astronômicas, antes que qualquer outra pessoa pudesse ter acesso ao livro.

Além disso, as entrevistas com amigos de Salinger em The private war of J. D.Salinger se encontram as declarações de Philip Roth, John Updike, Gore Vidal, Norman Mailer, Ernest Hemingway, Truman Capote, Danny DeVito, William Faulkner, entre outros.

O editor da Simon & Shuster, Jofie Ferrari-Adler, afirmou que tanto o livro como o filme indagam no preço da arte e no preço da guerra. Ferrari-Adler considera que The private war of J. D. Salinger transcende a biografia literária para investigar a história mais ampla da II Guerra Mundial.

J. D. Salinger começou escrevendo contos quando estava ainda na escola secundária. Depois da publicação em 1951 de O apanhador no campo de centeio alcançou uma enorme popularidade. Seu retrato de Holden Caulfield, um adolescente que se encontra alienado, e do processo que acompanha o fim da inocência, captura a imaginação de gerações e continua estando entre os livros favoritos dos mais jovens. Já vendeu mais de 120 milhões de exemplares em todo mundo. Mas o escritor tentou escapar da atenção que sua figura despertava e foi se autoexilando cada vez mais com mentiras e sua literatura ia sendo reduzida gota a gota. 

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